segunda-feira, 30 de abril de 2012

1º DE MAIO É DIA DE LUTA E RESISTÊNCIA DOS TRABALHADORES



imagemCrédito: Intersindical
(Nota Política do Comitê Central do PCB)
São vários os desafios para a classe trabalhadora neste 2012. A agudização da atual crise do capitalismo desperta a sanha imperialista por novas guerras, como no caso da Síria e do Irã; desmascara o poder dos grandes bancos e das corporações industriais multinacionais sobre a autodeterminação dos povos, como na Grécia e na Itália; e traz mais arrocho econômico e retirada de direitos para trabalhadores de todo o mundo – inclusive de nós, brasileiros.
A crise encontra no Brasil um governo que se alia cada vez mais ao capital e contra os trabalhadores, como comprovam os cortes no Orçamento, de cerca de R$ 50 bilhões em 2011 e outros R$ 50 bilhões agora em 2012, e a retirada de direitos trabalhistas através de legislação que altera a relação entre patrões e empregados nas médias e pequenas empresas.
Nem mesmo a “medida de contenção” dos anos anteriores o governo está disposto a oferecer: a liberação de crédito (uma política de endividamento crescente da população que dá às camadas populares a ilusória sensação de melhoria de vida) é cada vez mais dificultada pelo sistema financeiro.
O Governo Dilma atende prioritariamente aos interesses e necessidades dos grandes banqueiros, dos especuladores e das grandes empresas que exploram o trabalhador brasileiro: ao mesmo tempo em que retira recursos do Orçamento para as pastas de Saúde e Educação, entre outras, concede benefícios fiscais direcionados a estes setores da Economia, como no último “pacotaço” do Executivo, apoiado pelo sindicalismo patronal e por representações da classe trabalhadora, como a CUT, a CTB, a Força Sindical, que agem em favor do capital e aderiram ao governo e sua política, fazendo o jogo da conciliação de classes.
Dilma mantém intacta a sangria do pagamento dos juros e amortizações da dívida pública brasileira: mesmo antes do corte de R$ 50 bilhões, 47,19% dos recursos do orçamento da união previstos iriam para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, enquanto a Saúde ficava com 3,98% e a Educação com 3,18%.
Esses fatores explicam o fato de sermos a sexta maior economia do mundo e ocuparmos a 84º posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com o sucateamento da saúde pública, as escolas mal equipadas e baixos salários para os profissionais da saúde e educação, transporte público precário nos grandes centros urbanos, falta de moradia digna e péssimas condições sanitárias para um número ainda enorme de lares brasileiros.
Continuam os leilões dos campos de petróleo e de áreas de exploração no pré-sal, com a participação de empresas que não têm as condições técnicas de operar nesses campos sem colocar em risco o ecossistema, como no recente caso da Chevron. São priorizados os lucros das grandes empreiteiras, as maiores beneficiárias, juntamente com os bancos, dos governos FHC e Lula, com obras como a de Belo Monte e Jirau e as instalações esportivas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Por outro lado, cresce a insatisfação de diversos grupos sociais contra este estado de coisas, como atestam as manifestações quase diárias contra a calamidade dos transportes públicos. Os trabalhadores das obras do PAC também reagiram às condições de superexploração e semiescravidão impostas pelas empreiteiras como a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e outras – muitas delas financiadoras das campanhas eleitorais do PT e de seus aliados.
Como demonstrou a manifestação em favor do “Pacotaço” ocorrida em São Paulo , as centrais sindicais ligadas ao governo repetirão este ano as grandes festas no 1º de Maio, com artistas famosos, distribuição de brindes, bebidas e sorteios, além de muito discurso a favor do Governo e do “pacto entre trabalhadores e patrões”. A velha máxima do “pão e circo” será a tônica em muitos centros urbanos do país, buscando desarmar ideologicamente a classe trabalhadora brasileira no enfrentamento ao patronato e ao sistema capitalista.
Para o PCB, a hora é de reforçar a unidade dos movimentos populares, das forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, no caminho da formação de um bloco proletário capaz de contrapor à hegemonia burguesa uma real alternativa de poder popular, com a organização da Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, que possa ordenar ações unitárias contra o poder do capital e do imperialismo, rumo à construção da sociedade socialista. Propomos a luta por:
Redução da jornada de trabalho sem redução de salários
Salário mínimo do Dieese; Fim do imposto de renda sobre os salários
Contra a transformação da Previdência em Fundo de Pensão, contra o Funpresp
Solidariedade internacionalista à luta dos trabalhadores
Unidade da classe trabalhadora numa Frente Anticapitalista e Anti-imperialista
Pela Reforma Agrária
Contra a criminalização dos movimentos sindicais e sociais em Luta
Contra o modelo de desenvolvimento econômico a favor do capital
Por uma sociedade Socialista
PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB
COMITÊ CENTRAL
Maio 2012

Filha de Manoel Fiel cobra punição de torturadores




imagemCrédito: 1.bp.blogspot

A morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho em janeiro de 1976 forçou a abertura política do regime militar e abriu as portas para os movimentos pró-democracia. Essa trajetória é mostrada no filme Desculpe, Mr. Fiel, o operário que derrubou a ditadura no Brasil, de Jorge Oliveira, apresentado e discutido na Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, subcomissão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
A filha de Fiel Filho, Maria Aparecida, cobrou a punição daqueles que mataram seu pai, militante do Partido Comunista Brasileiro. Ela afirmou que são conhecidas informações sobre os agentes da tortura, mas ninguém nunca foi punido.
Para o diretor do filme, Jorge Oliveira, a tortura não é crime político, mas comum, e deve ser punido, inclusive porque continua a ser praticada nos presídios. Ele cobrou pressão do Congresso para que a presidente da República defina os nomes das pessoas que vão compor a Comissão da Verdade (criada pela Lei 12.528/11), que vai apurar os crimes cometidos durante os anos da Ditadura Militar.
O caso Fiel Filho
Fiel Filho foi preso em 16 de janeiro de 1976 na fábrica onde trabalhava, ao meio-dia, por dois agentes do DOI-Codi/SP que se diziam funcionários da Prefeitura, sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro. No dia seguinte, os órgãos de segurança emitiram nota oficial afirmando que Manuel havia se enforcado em sua cela com as próprias meias, naquele mesmo dia 17, por volta das 13 horas. O corpo apresentava sinais evidentes de torturas, em especial hematomas generalizados, principalmente na região da testa, pulsos e pescoço.
Punição dos responsáveis
A presidente da subcomissão, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), acredita que, assim como ocorreu em mais de 40 países que tiveram comissões da verdade, o conhecimento dos crimes praticados em regimes autoritários vai criar uma pressão social pela punição dos responsáveis por esses abusos.
Luiza Erundina disse que o Congresso não pode esperar pela comissão oficial e tem a obrigação de levantar os fatos e encaminhar para a Justiça para que os responsáveis sejam punidos e a sociedade conheça sua história oculta.
A deputada é a autora de projeto de lei que exclui do rol de crimes anistiados após a ditadura militar aqueles cometidos por agentes públicos, militares ou civis, contra pessoas que, efetiva ou supostamente, praticaram crimes políticos. A proposta, já rejeitada pela Comissão de Relações Exteriores, aguarda votação pela Comissão de Constituição e Justiça.
O projeto traduz entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, segundo a qual morte, tortura ou desaparecimentos forçados ainda não esclarecidos têm caráter de crimes continuados, que não podem ser perdoados.

Alguns escritos

Se situa


O centro da cidade
No domingo
Só é sempre ocupada
Pelos mendigo
O cheiro da cidade
É distinto
Só é sempre exalada
Pelo teor ontológico deste domingo


Farra na lotação


Três crianças maltrapilhas - dois meninos e uma menina - estão no ponto de ônibus. Pedem carona ao motorista da lotação que chega chamando os passageiros para que comprem o acesso ao destino que lhes interessa. O motorista concede o favor e não cobra a mercadoria das crianças.
Lá dentro, eles (cronologicamente) se sentam; descrevem as pessoas no ponto (um homem de camisa branca se coçando, uma mulher gorda que fala ao celular, etc) ; cantam uma canção improvisada: "Nasci em São Vicente, já troquei os dente, e hoje moro no banco da praça Tiradentes." ; Questionam o destino dos passageiros (que, incomodados com a presença de negrinhos favelados com tanta presença de espírito, parecendo que não cumpriam com sua função normal - a de estar calado - não respondem aos questionamentos); imitam o cobrador da lotação: "Nova cidade, Piratininga, Via Dutra!", é o que gritavam a plenos pulmões; cantam outra canção que diz: "Ela tá chupando tudo, dá um beijo na cabeça, ela tá chupando tudo". Nesta hora o motorista ameaça deixá-los na rua, e pergunta onde eles moravam. Eles respondem "no quinze", o cobrador pergunta para ter certeza "Na quinze?" - errando o nome da quebrada dos moleques. Eles riem e debocham do erro do cobrador "merece chuveirinho, merece chuveirinho!". O motorista diz para si "Tudo favelado".
Eles percebem uma viatura da polícia militar na rua e logo gritam "Ó a rua, mano. Logo a Tática seguindo nós. Acelera aí, motô que eu nem quero tromba esses verme" Um deles confirma completando: "Tudo verme mesmo esses porco".

sábado, 21 de abril de 2012

Poesias de Brecht




EPITÁFIO DE ROSA LUXEMBURGO
Aqui jaz
Rosa Luxemburgo,
judia da Polônia,
vanguarda dos operários alemães,
morta por ordem dos opressores.
Oprimidos,
enterrai vossas desavenças!

Bertold Brecht


Aos que virão depois de nós – Bertold Brecht



aos que virão depois...
realmente vivo em tempos sombrios.
uma linguagem sem malicia é tola...
uma testa sem rugas implica indiferença.
aquele que ri apenas ainda não recebeu...
a terrível notícia.

Eu queria ser um sábio. Livros antigos dizem o que é sabedoria.
manter-se longe dos problemas do mundo...
e este tempo tão curto deixar passar sem
medo.
seguir seu caminho sem violência...
pagar o mal com o bem...
não satisfazer os próprios desejos, mas
esquecê-los. Isso é sabedoria.
mas não consigo agir assim. realmente...
vivo em tempos sombrios.


B. Brecht

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Apoio militante a luta dos trabalhadores de São Miguel


Nova desocupação contra os trabalhadores de São Miguel

Mais uma vez o PSDB vem promovendo sua obra de desocupações, com uma política de higienização da cidade, onde quem mais sofre são os trabalhadores. Desta vez os alvos foram os trabalhadores de bancas comerciais do calçadão em frente a estação de metro de São Miguel.


Trabalhadores informaram que mês passado houve uma cobrança para as licitações de todas as TPU (Termos de permissão de uso) legitimando sua regularidade, porém no dia 10 de abril foi publicada no diário oficial na portaria 15 da subprefeitura de São Miguel, a cassação das licitações das bancas do calçadão, como informam os trabalhadores que agora se encontram desempregados, sem direção ou auxilio. A cassação se deu com a desculpa de irregularidade e que não há como passar carros de policia ou carros de bombeiros.
Foi dado um prazo de cinco dias para retirada das mercadorias e trinta dias para retirada dos aparelhos. Todas as bancas serão levadas para um galpão da subprefeitura onde os trabalhadores deverão pagar uma taxa de retirada e estadia. Ate agora a subprefeitura não tem uma proposta para realocar as bancas, ou seja, centenas estão sem trabalho e não tem outro meio de sustentar sua família.
Essa forma de opressão só tende a aumentar e é só o que se pode esperar de governos atrelados com a burguesia, seja do PT, seja do PSDB. Essas desocupações são apenas um reflexo do que será a política de organização das cidades para copa de 2014, onde o trabalhador honesto e os mais pobres são exclusos nitidamente do evento. Enquanto a mídia e os partidos oportunistas incentivam o futebol como mudança para o Brasil, milhões estão sendo desocupados seja para embelezar a cidade ou construir estádios. Dessa forma, só a burguesia se beneficia com obras e eventos de tal porte.
Os trabalhadores devem se organizar para lutar pelos seus direitos. A burguesia e os seus representantes no governo não vão ceder sem muita pressão dos trabalhadores.

Todo apoio aos companheiros trabalhadores de São Miguel!
Pelo direito ao trabalho, pelo direito a vida!
Ousar lutar, ousar vencer!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tortura durante a ditadura, relato de ELEONORA MENICUCCI DE OLIVEIRA



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Um dia, eles me levaram para um lugar que hoje eu localizo como sendo a sede do Exército, no Ibirapuera. Lá estava a minha fi lha de um ano e dez meses, só de fralda, no frio. Eles a colocaram na minha frente, gritando, chorando, e ameaçavam dar choque nela. O torturador era o Mangabeira [codinome do escrivão de polícia de nome Gaeta] e, junto dele, tinha uma criança de três anos que ele dizia ser sua fi lha. Só depois, quando fui levada para o presídio Tiradentes, eu vim a saber que eles entregaram minha fi lha para a minha cunhada, que a levou para a minha mãe, em Belo Horizonte. Até depois de sair da cadeia, quase três anos depois, eu convivi com o medo de que a minha fi lha fosse pega. Até que eu cumprisse a minha pena, eu não tinha segurança de que a Maria estava salva. Hoje, na minha compreensão feminista, eu entendo que eles torturavam as crianças na frente das mulheres achando que nos desmontaríamos por causa da maternidade. Fui presa e levada para a Oban. Sofri torturas no pau de arara, na cadeira do dragão, levei muito soco inglês, fui pisoteada por botas, tive três dentes quebrados. Éramos torturadas completamente nuas. Com o choque, você evacua, urina, menstrua. Todos os seus excrementos saem. A tortura era feita sob xingamentos como ‘vaca’, ‘puta’, ‘galinha’, ‘mãe puta’, ‘você dá para todo mundo’... Algumas mulheres sofreram violência sexual, foram estupradas. Mas apertar o peito, passar a mão também é tortura sexual. E isso eles fizeram comigo. Eles também colocaram na minha vagina um cabo de vassoura com um fio aberto enrolado. E deram choque. O objetivo deles era destruir a sexualidade, o desejo, a autoestima, o corpo.
ELEONORA MENICUCCI DE OLIVEIRA, ex-militante do Partido Operário Comunista (POC), era estudante de Sociologia e professora do ensino fundamental quando foi presa, em 11 de julho de 1971, em São Paulo (SP). Hoje, vive na mesma cidade, onde é pró-reitora de extensão e cultura e professora titular de saúde coletiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Sobre os piquetes de greve na Unifesp


Matéria do PCO
Luta estudantil 
Estudantes em greve na Unifesp de Guarulhos e a correta realização dos piquetes
A paralisação da unidade de Guarulhos da Unifesp é total. Os “fura-greve” têm utilizado o CEU (Centro de Educação Unificado) da prefeitura para boicotar a greve estudantil 

17 de abril de 2012
O êxito da greve estudantil, ou de qualquer greve, está associado à completa paralisação das atividades para pressionar a reitoria, governo ou patrão a ceder diante das reivindicações. A organização dos piquetes é a forma encontrada pelos movimentos, tanto estudantil quanto sindical, de evitar o boicote de suas lutas até mesmo com a compra de alguns elementos.
Como muitos dizem, os motivos da greve na Unifesp de Guarulhos estão diante dos olhos de todos que colocam os pés na unidade. Ninguém nega a necessidade de construção do prédio, da biblioteca e a dificuldade de acesso e permanência. No entanto, quando os estudantes em assembleia, vale ressaltar com cerca de mil estudantes e com a aprovação de 90% dos presentes, decidem como meio de serem ouvidos, a greve estudantil, aparecem as propostas de “outros métodos” ou as críticas aos métodos da greve, embora ninguém diga quais são e eles não apareçam nos momentos de normalidade.


As reivindicações do movimento estudantil têm por objetivo alterar a política do governo para a educação e não são de forma nenhuma de tipo econômico. Nesse sentido, são necessárias diversas ações públicas para expor a crise da universidade.
Alguns poucos professores tentaram dar aulas atacando o direito dos estudantes de se manifestarem politicamente.
Um professor chegou a ameaçar os estudantes em greve quando divulgavam o movimento em uma sala de aula afirmando “vocês tem o direito de fazer greve, mas irão arcar com as conseqüências”, numa evidente tentativa de intimidar o movimento.
É necessário esclarecer a esse professor: direito não pode ter restrições, pois isso retira seu caráter de ser direito. Como um Juiz que decide que os metroviários podem fazer greve, desde que 90% da categoria trabalhe. Ou até mesmo na ditadura em que pessoas poderiam reivindicar seus direitos e arcavam com a conseqüência de os militares os retirarem de seu setor de trabalho ou estudo para serem torturados e em muitos casos assassinados.
Isso é o que esse professor entende por “direitos”? Esse professor irá desrespeitar também a decisão de sua própria categoria de fazer uma paralisação como protesto às condições em que está a universidade?


Outros poucos estudantes acusam o movimento de greve de ser violento. É importante deixar claro que violência é passar por cima da decisão coletiva e democrática e entrar nas salas para assistir aula, prejudicando quem está estudando e lutando por melhores condições de ensino para todos. Se esses jovens consideram que a greve é um erro, pois está contente com o tratamento que recebe da reitoria, devem ir aos fóruns do movimento e convencer a todos, com o tão falado “diálogo”.
O movimento estudantil não deve se intimidar com a agressividade dos poucos alunos fura-greve, nem dos professores. Os piquetes são os meios encontrados historicamente pelos movimentos de fazer cumprir uma decisão coletiva. 
Leia a carta aprovada pelos estudantes na assembleia do curso de história na Unifesp – Guarulhos a favor dos piquetes e da greve: 
Carta dos estudantes de História sobre aulas que ocorrem durante a greve

Para além do que é material, há outras possíveis conquistas em uma greve como o fortalecimento da organização política que tal processo nos proporciona. O amadurecimento decorrente da greve traz consigo também a necessidade de posturas mais firmes daqueles que nela se envolvem. Para não deixar passar tal questão, digamos, pois, quem são aqueles que estão envolvidos em um processo de greve e a partir disso, aproveitemos o momento para uma breve discussão sobre o que é soberano e o que é violento.
Muitos dirão que há o direito individual de não fazer greve e de não acatar, portanto, o que por Assembleia for deliberado, uma vez que este espaço responde aos anseios de uma parcela dos estudantes, não do todo. Ainda complementarão dizendo que ocorre uma violência para com aqueles que entram em sala de aula seguindo um princípio do direito individual.
Ora, deveríamos então ceder aos anseios individuais em todos os momentos nos quais nossas posições não são contempladas pelo coletivo? Sabemos, a partir da vivência em sociedade, que esse não é o caminho.
A Assembleia estudantil é o espaço máximo de debates e deliberações que possuímos, é um meio no qual se consegue estabelecer votações sem esvaziamento político. Um espaço de concentração dos anseios da coletividade e por tudo isso, os membros que a compõem a chamam: soberana. É também graças a esse espaço de ampla discussão que os métodos de luta podem ser questionados e outros pensamentos agregados a fim de que se dê uma ampliação da organização estudantil e, por conseguinte, as conquistas por nós almejadas.
Se a Assembleia é um espaço de tamanha soberania porque então o piquete e outras intervenções às salas de aula se fazem necessárias? Porque infelizmente muitos fingem não reconhecer a vontade de uma maioria e para as deliberações serem respeitadas é preciso que se intervenha dentro dos espaços físicos. Nesse sentido, é costume dizer que o direito individual esta sendo corrompido e dai provém a tal violência.
É violento, pois, obstruir salas de aula, mas entrar em aula desrespeitando as deliberações coletivas que acontecem em Assembleia (soberana e aberta) é um ato de liberdade e democracia? Não, sabemos que esse caminho também não é o melhor. A violência e a falta de democracia se dão no dia a dia de uma greve, quando determinados indivíduos (acostumados a agir dentro da coletividade em todas as esferas da sociedade) ignoram os anseios da maioria estudantil e se submetem a “pressões externas”.
Por reconhecermos esta verdadeira violência e ainda corroborarmos a ideia de soberania das Assembleias e a importância de um todo mobilizado é que repudiamos ações que contrariem tais princípios.
Os estudantes não podem se sujeitar a quaisquer “pressões externas” que lhe são colocadas. Uma greve com conquistas e negociações possíveis acontece por meio da organização verdadeiramente coletiva que não prejudique outros colegas utilizando-se do falso argumento do direito individual.
Repudiamos aulas que ocorram durante a greve porque estas sim são um instrumento violento e antidemocrático, uma ação opressiva e que desconsidera tudo que tentamos conquistar. Essas aulas demonstram um desrespeito a coletividade e a negligência para com aquelas que diariamente chamamos “colegas”. A maior manifestação individual possível dentro de um processo como o que vivenciamos atualmente é a utilização de nossas consciências no exame do que é certo ou errado para com aqueles que enfrentam conosco as mesmas dificuldades de transporte, moradia, alimentação e infraestrutura todos os dias dentro dessa universidade.
Por reconhecermos a legitimidade de uma assembleia soberana, com quórum mínimo e amplo espaço para discussão e por respeitarmos as decisões coletivas é que nós, estudantes de História reunidos em Assembleia de Curso no dia 11 de Abril de 2012, repudiamos o ato de “furar greve” por meio de aulas que ocorrem no CEU ou em quaisquer outros espaços e consideramos tal posição violenta e absolutamente antidemocrática.
Assinam os estudantes de História reunidos em Assembleia de Curso no dia 11 de abril de 2012.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A Luta continua na Unifesp

Declaração do Exército de Libertação da Líbia – 5 de abril/2012




Filhos da Líbia. Nós anunciamos uma grande vitória.
A Resistência Verde libertou e conquistou aldeias e áreas de El Jamile e Ragdaline.
Nós respondemos ao chamado para cumprir o nosso dever e combater as forças do ódio que querem destruir as nossas forças que resistem contra mais de 40 estados estrangeiros macomunados com a criminosa Otan.
Nós nunca vamos nos render e nós nunca vamos descansar até se livrar dos ratos e traidores e limpar a Líbia inteira.
Convocamos todos os filhos livres da Líbia para apoiar a resistência.
Anunciamos que temos causado muitas baixas entre as fileiras dos inimigos da Líbia, que pedem ajuda para o resgate da Otan.
Ainda estamos resistindo contra a sua artilharia pesada, mas nossas armas de resistência para a justiça e a liberdade da Líbia são mais fortes que eles.
Vocês tem todas as razões para resistir e lutar. Nossos princípios são combater e trabalhar para libertar a Líbia.
Nós libertamos o sul e, como já dissemos, esta guerra é contra todos aqueles – árabes ou ocidentais – que desejam destruir o nosso símbolo de força e construir sobre suas ruínas a ocupação e dominação do nosso país.
Mas nós respondemos que não são capazes de fazê-lo, mesmo com o apoio de 40 estados estrangeiros, porque nós aceitamos o convite para lutar e agora temos todos os chefes das tribos que confirmaram a união de todos os irmãos lutando ao nosso lado e dirigindo a luta ao campo de batalha.
Agora dirijo-me ao líder dos ratos e traidores: "Você não é militar, mas apenas um comandante mercenário de um bando de ratos que querem tomar o poder e roubar o dinheiro dos líbios e massacrá-los. Mas prepare-se porque seu fim está próximo, e você não é nada, aepans um verme em torno da ferida líbia que você mesmo causou. E se Deus quiser vamos curar esta ferida com o nosso sangue e os corpos de nossos mártires que se tornam âncoras para a construção da Nova Grande Jamahiriya livre e democrática.
Estamos seguindo o caminho dos nossos mártires e esperamos que Deus nos dará esse martírio, para que nossas futuras gerações possam viver em liberdade no solo puro e sagrado da Líbia.
Caro líbios, com essas operações e ações da resistência vocês estão construindo a história da Líbia, com honra, porque estão lutando em nome de todas as tribos gloriosas e honradas, notadamente aquelas tribos que aceitaram prontamente o convite da Resistência.
Nós vemos a vitória diante de nós e estamos muito confiantes para alcançá-la em breve.
Do meu lugar de combate vou enviar a todos vós a minha afetuosa saudação com todo o orgulho de combatente da Resistência.
Tivemos muitos mártires, mas o fogo da batalha está temperando muitos outros que lutam pela nossa liberdade. Estamos todos bem de saúde, graças à Deus!
Também quero dizer para quem vendeu e traiu seu país: Que vergonha!
Enquanto dizemos obrigado a todos os patriotas da Líbia, que não concordaram em ser usados ou manipulados pelos ratos e traidores, venho saudá-los com respeito como homens de honra.
Trago para vocês saudações de todos os combatentes resistentes que estão comigo, de todas as tribos da Líbia e, em especial agora nas áreas de El Jamile e Ragdaline.
Com a graça de Deus, a vitória é nossa, e sem dúvida podemos vencer os ratos do CNT e seus cúmplices.
Allahu Akbar!
Allah Muammar Libya Wa Bas!
 

terça-feira, 10 de abril de 2012

Greve da Unifesp: A luta continua

Estudantes realizam ato no C.E.U.

Durante a entrega de uniformes escolares no CEU PIMENTAS de Guarulhos que aconteceu no dia 09 de abril de 2012, os alunos da Unifesp realizaram um ato a fim de chamar a atenção do prefeito da cidade que estava presente no evento.
Depois de divulgar que o campus estava de greve com faixas e a presença de alguns alunos, foi concedido a fala a um representante que falou sobre o movimento. Logo depois do ato o Prefeito da cidade, Sebastião Almeida, recebeu os alunos em uma sala para conversar sobre  as reivindicações do movimento.
Mais fotos podem ser encontradas no flickr oficial do movimento e em breve divulgaremos os vídeos com maiores informações.


Univercidade

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Greve da Unifesp. A luta de estudantes e professores contra a educação-mercadoria.


Na assembleia estudantil da Unifesp Guarulhos do dia 22 de março, esmagadora maioria dos presentes decidiram deflagrar greve por tempo indeterminado até o atendimento das reivindicações estudantis.
A situação limite em que chegou o campus provocou essa explosão e a paralisação das aulas na segunda semana em que a unidade estava em funcionamento. Em todas as salas há barricadas para mostrar a mobilização dos estudantes e impedir que os professores furem a greve dos estudantes. Foram colocadas as carteiras para fora e nenhuma aula foi ministrada. Os estudantes estão organizando a mobilização com debates.
A Universidade está ocupada com debates políticos, salas de aula sendo usadas para exibição de filmes, oficinas de charge, artesanato, dança, manifestações políticas, teatrais, e até mesmo atividades esportivas.
Com a bandeira de unidade operário-estudantil, os estudantes estão chamando toda a comunidade do bairro operário em que o Campus está inserido, o Pimentas, para participarem dessas atividades, e do ato plenária que discutirá problemas do bairro, da cidade, da universidade.
 Em Assembleia, os professores aprovaram uma paralisação das aulas do dia 12 a 18 de abril. No dia 18 haverá um ato unitário de professores e estudantes, esse é o primeiro o ano que os professores decidem paralisar em apoio a pauta de infra-estrutura.
Logo após a crise ser instaurada na instituição, o diretor da Escola enviou para as listas de alunos, professores e funcionários um email afirmando que Ministério da Educação deve liberar verba para compra de terreno em frente ao atual prédio da universidade.
No entanto, o movimento tem a maturidade para compreender que trata-se de uma provocação que pretende desmobilizar as categorias paralisadas. Neste sentido, mais do que um papel afirmando qualquer coisa, é necessária uma resposta negociada com o movimento diante da situação do campus. O prédio definitivo no atual terreno não tem sequer autorização para ser construído ainda. A faculdade está a cinco anos no local.
A ampla mobilização dos estudantes do campus de Guarulhos da Unifesp ocorre em conseqüência ao completo descaso da reitoria e do governo diante da situação da universidade. A crise é generalizada e toda comunidade acadêmica está insatisfeita, inclusive com os conselhos gerais e as pró-reitorias, insuficientes e ineficientes.
Um das pautas aborda o caso dos 48 estudantes envolvidos na ocupação da reitoria em 2008, que responderam à sindicância administrativa que, a princípio, apuraria os fatos dentro da instância da instituição universitária. Decorridos alguns meses, sem nenhuma conclusão deste processo, um inquérito na Polícia Federal foi aberto, baseado nos artigos 163 (incisos I e III) e 288 do código penal, referentes respectivamente a danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. A acusação é rejeitada pela juíza, mas o Ministério Público dá continuidade a este processo, alegando seguidos “equívocos” da juíza. Assim o movimento, exige a    Retirada dos processos criminais contra os 48 estudantes da Polícia Federal, e de qualquer instância jurídica, e fim dos processos administrativos contra o movimento estudantil.
A mobilização continua e só pra quando todas as reivindicações forem negociadas e viabilizadas. Até a vitória.
Derruba os muros! A Unifesp é de todo mundo

domingo, 8 de abril de 2012

Carta dos estudantes de filosofia e Resposta a moção reacionária aprovada na assembleia de profesores da Unifesp


Carta dos estudantes da filosofia aprovada na Assembleia de curso dia 27.02.12

Comunicado dos estudantes de filosofia
Os estudantes de filosofia, como parte integrante, ativa e construtora do processo de greve da Unifesp em 2010 e 2012, sentem-se na obrigação de fazer considerações avaliativas que exponham sua forma de pensar, agir e de analisar os – e nos – processos de luta.
Em primeiro lugar, é necessário que deixar bem clara a nossa posição convicta de que não se conquista nada pela via institucional e não se luta através da burocracia. Em contrapartida, acreditamos na práxis coletiva e organizada como forma de superar as contradições, portanto, defendemos a mobilização estudantil.
Qualquer tentativa de tornar a greve uma forma ilegítima de luta, propondo em seu lugar a atuação institucional no Consu se mostra, ou muita inocência, ou má intenção. Se a representatividade do Consu segue a divisão injusta de 70% para professores e 30% divididos entre estudantes e trabalhadores, é claro que não há condições de atingir conquistas materiais para a comunidade acadêmica, afinal, as condições de enfrentamento são desiguais e insuportáveis. A partir daí, vemos como essa proposta está sustentada numa falácia e só serve aos interesses da reitoria.
É nesse sentido, que defendemos a forma de luta adotada em Guarulhos e Santos, em 2010 e apoiamos o processo de luta que estamos construindo na Universidade em 2012, Em 2010, a greve conseguiu avanços políticos jamais conquistados antes, pressionou a reitoria com a legitimidade e em condições de igualdade, deu um salto qualitativo no que se refere a problemas organizacionais do movimento e trouxe maior amplitude às visões políticas dos estudantes em luta. Além de ter algumas tímidas conquistas materiais, importantes, mas que não puderam sanar as contradições, e por isso, novamente nos empurraram para um processo de lutas.
A universidade tem problemas estruturais gravíssimos, não consegue comportar os estudantes, os funcionários, os professores, os livros, a xerox, etc. Não há como continuar expandindo em situação tão alarmante. É importante que fique claro que não somos contrários a expansão, mas não pode ser feita nessas precárias condições.
Há problemas de organização nos cursos de licenciatura; não há creches para as estudantes que tem filhos; o transporte não suporta a demanda; o restaurante universitário passou por uma falsa reforma – fruto da mobilização da greve de 2010- mas não conseguiu adequar o espaço; o puxadinho foi uma obra às pressas que tentou desinchar a demanda do CEU que não é da universidade, logo, deveria estar reservado para usufruto da comunidade do Pimentas- mas não conseguiu; não há política concreta de moradia, e o tão sonhado prédio continua sendo produto de nossas aspirações, e fica claro que será fruto de nossas lutas.
No entanto, não podemos nos enganar acreditando que essa situação é causada por maldade, descaso, incompetência ou qualquer motivo metafísico. A desestruturação, desmobilização e a perda de qualidade da universidade pública e parte do projeto mercadológico do REUNI. Os empresários é que estão sendo beneficiados com essas políticas desde a esfera da educação, até a especulação imobiliária. Tudo ditado pelo Banco Mundial.
Portanto, é importante que os estudante conheçam os elementos que fundam as contradições e entendam que apenas com a mobilização e a luta consciente contra a educação-mercadoria e em defesa de um projeto popular, não só da educação, mas de poder mesmo, é que haverá a possibilidade concreta de discutir se há ou não educação pública, gratuita e de qualidade essencialmente popular no Brasil.
Terminamos esse comunicado chamando os companheiros estudantes de toda a universidade a se juntarem a nós, da filosofia, na exigência da retirada pela reitoria dos injustos processos abertos na polícia federal contra os 48 estudantes, que estão sendo acusados de formação de quadrilha. Temos total convicção de que o único crime desses companheiros foi lutar contra opressão, a mercantilização do ensino e contra a roubalheira da verdadeira quadrilha da Unifesp, os que foram acusados pelo TCU por desvio de verba, os ladrões da reitoria.