sábado, 19 de dezembro de 2009

PCB funda, em Caracas, o movimento Continental Bolivariano

Realizou-se em Caracas, na semana passada, o Congresso fundador do MOVIMENTO CONTINENTAL BOLIVARIANO (MCB). Participaram do evento centenas de delegados de organizações políticas revolucionárias e movimentos populares classistas de mais de trinta países. O PCB esteve representado pelo seu Secretário Geral, Ivan Pinheiro, e seu Secretário de Relações Internacionais, Edmilson Costa. Do Brasil, participaram também da fundação a Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes, representada pelo camarada Geraldo Barbosa, e o PCML.

O MCB representa um salto de qualidade com relação à agora extinta Coordenadora Continental Bolivariana (CCB), embrião do Movimento. Da Venezuela, são fundadores o PCV (Partido Comunista de Venezuela), alguns setores do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela) e diversas outras organizações.

O Congresso debateu e aprovou três documentos básicos: as normas de organização, a plataforma política e o manifesto de fundação.

Discutindo seu caráter, o MCB se definiu como "uma corrente revolucionária, antiimperialista, anticapitalista e pró-socialista". O Movimento respeitará a autonomia das organizações integrantes e não será excludente com outras iniciativas e articulações antiimperialistas na América Latina e no mundo. Pelo contrário, considera-se parte deste contexto de luta, plural e diversificado.

A campanha "Nenhum soldado ianque em Nossa América" é uma das principais iniciativas aprovadas pelo Congresso.

O Movimento Continental Bolivariano, ao qual o PCB, convidado pela Comissão Organizadora do Congresso, aderiu na qualidade de membro fundador, dará solidariedade a todas as formas de luta adotadas pelos povos. Como exemplo desta amplitude, o Congresso constitutivo hipotecou sua solidariedade tanto a governos eleitos pelo voto popular que impulsionam mudanças na perspectiva do socialismo como a organizações insurgentes como as FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo), cujo pronunciamento na abertura do evento foi divulgado em vídeo, por Alfonso Cano, seu Comandante em Chefe.

Em função da instalação de sete novas bases militares ianques na Colômbia, do caráter terrorista do seu Estado e de seu atual governo; das provocações com que o imperialismo instiga e ameaça uma guerra com a Venezuela, além da necessidade de lutarmos por uma verdadeira paz com justiça social na Colômbia - que tem como pré-requisitos um novo governo democrático no país e o reconhecimento das FARC como força política beligerante - a solidariedade aos povos venezuelano e colombiano teve um destaque natural e necessário.

É na região em que vivem estes povos irmãos, que inclusive já compuseram um mesmo país (a Grande Colômbia), que se joga hoje a principal batalha contra o imperialismo. Fortalecer a Revolução Bolivariana na Venezuela na perspectiva do socialismo, derrotar o Estado e o governo terrorista colombiano e impulsionar uma grande e massiva campanha "Nenhum soldado ianque em Nossa América" são tarefas que se apresentam como prioritárias na América Latina.

O PCB propõe às forças internacionalistas unitárias em nosso país a criação de um espaço específico de solidariedade à luta do povo colombiano, em todas as suas expressões políticas, militares, sindicais e sociais.

Ao mesmo tempo, num âmbito muito mais amplo, o PCB propõe a todas as forças e personalidades antiimperialistas, progressistas, pacifistas e democráticas a criação de um movimento Brasileiros pela Paz na Colômbia, que se integre ao importante e expressivo movimento Colombianos pela Paz, liderado pela Senadora Piedad Córdoba, no sentido de ajudar a respaldar e internacionalizar a luta pela paz com justiça social na Colômbia.

Apesar da grande importância da luta contra o Estado terrorista colombiano - que reproduz na América Latina o papel que o Estado terrorista e sionista de Israel exerce no Oriente Médio - não se pode dissociá-la da luta anticapitalista em cada um dos países do continente, e da solidariedade a todos os povos em luta, pois o imperialismo, a partir da Quarta Frota e das bases militares na Colômbia e em outros países, está disposto a atacar qualquer dos países da região cujos povos resolvam implantar mudanças sociais, para tentar frear o fortalecimento da ALBA e o ascenso do movimento de massas.

A luta de classe se acentua em nosso continente. O exemplo do golpe em Honduras é emblemático da ofensiva imperialista. O exemplo da extraordinária vitória eleitoral de Evo Morales na Bolívia é emblemático da ofensiva popular.

O PCB atuará, nos marcos do MCB e de outros espaços de luta, de forma ampla e unitária, sob diversos ângulos e aspectos da solidariedade, desde a unidade de ação dos comunistas - nos princípios do internacionalismo proletário - até articulações as mais amplas possíveis, que viabilizem a criação de uma poderoso movimento antiimperialista na América Latina, que tenha como objetivo principal a luta contra a presença militar estadunidense na região.

VIVA O MOVIMENTO CONTINENTAL BOLIVARIANO!
NENHUM SOLDADO IANQUE EM NOSSA AMÉRICA!

PCB - PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
Comissão Política Nacional - dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cadê o fim da dupla-função ?

Depois de muita demagogia e politicagem por parte da prefeitura e câmara municipal de Guarulhos, se aproveitando da vitória dos trabalhadores, que foi o fim da dupla função motorista/cobrador, conquistada com muita luta, greve, manifestações, inclusive reprimidas pela polícia, não vemos o fim efetivo desta exploração.
Durante todo o ano de 2009 a juventude, os trabalhadores e os estudantes, organizados e unificados no comitê de luta pelo transporte público "2.50 não dá!"
lutaram, sofreram repressões e mesmo assim os politiqueiros só se aproveitaram para enganar a população.
Não esperaremos por medidas burocráticas, tampouco pela boa vontade da sociedade política, continuaremos, como continuamos lutando e organizando a população por estas demandas e outras, afinal, a ordem buguesa e capitalista está representada nestas instâncias, o parlamento e a prefeitura, o que não nos interessa.

Passe livre !
Fim da dupla função !
Municipalização do transporte !

Chávez convova o movimento comunista internacional a criar a V Internacional Socialista.

Chávez fez um discurso radical de esquerda, convocando para o estabelecimento de uma nova internacional, explicando que era necessário destruir o Estado burguês e substituí-lo por um estado revolucionário

Na sessão de abertura do Congresso do PSUV, Chávez fez um discurso muito radical de esquerda, convocando para o estabelecimento de uma nova internacional, explicando que era necessário destruir o Estado burguês e substituí-lo por um estado revolucionário, mas também se referiu à burocracia dentro do próprio movimento bolivariano. Tratava-se claramente de um discurso que reflete a enorme pressão das massas que estão cansadas de ouvir falar de socialismo, enquanto que o avanço real rumo a uma mudança genuína parece ser desesperadamente lento.

Sábado, dia 21 de novembro, o Primeiro Congresso Extraordinário do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) começou suas sessões com a presença de 772 delegados com camisetas vermelhas. A maioria era de trabalhadores, camponeses e estudantes, eleitos por aproximadamente 2,5 milhões de votantes (a militância total no papel é de sete milhões!). O ambiente era de entusiasmo e expectativa.

Depois de uma sessão de pré-aquecimento com canções revolucionárias e alguns discursos de abertura dos dignitários da Nicarágua e El Salvador, Hugo Chávez abriu o ato com um discurso de cinco horas que terminou pouco depois da meia-noite.

A ênfase principal da primeira parte do seu discurso foi a necessidade de estabelecer uma nova internacional revolucionária, à qual se referiu como a Quinta Internacional. Chávez sublinhou que Marx havia criado a Primeira Internacional, Engels participou da fundação da Segunda Internacional, Lenin fundou a Terceira Internacional e León Trostky a quarta, mas que por diferentes motivos, nenhuma dessas Internacionais existia na atualidade.

Chávez assinalou que todas essas internacionais se basearam inicialmente na Europa, refletindo as lutas de classe na Europa naquele momento, mas que hoje em dia o epicentro da revolução mundial estava na América Latina, especialmente na Venezuela. Assinalou a presença no Congresso dos 55 partidos de esquerda de 39 países, que haviam assinado um documento denominado "O Compromisso de Caracas", baseado na idéia de uma luta mundial contra o imperialismo e o capitalismo, pelo socialismo.

Insistiu nessa idéia em várias ocasiões durante seu discurso, que também conteve muitas idéias radicais, ataques contra o capitalismo, sobre o qual disse que era uma grande ameaça para o futuro da raça humana. Referindo-se à crise do capitalismo mundial, condenou as tentativas dos governos ocidentais de salvar o sistema com os suntuosos resgates estatais. "Nossa tarefa não é salvar o capitalismo, mas destruí-lo", disse.

Referindo-se à situação na Venezuela, declarou que ainda não haviam conseguido eliminar o capitalismo, mas que estavam se movendo nessa direção. Seu anúncio de que iam tomar sete bancos foi recebido com aplausos entusiasmados. Denunciou a oligarquia venezuelana como uma quinta coluna, que havia se vendido ao imperialismo.

Chávez destacou que o Estado na Venezuela continuava sendo um Estado capitalista e isso era um problema central para a revolução. Agitando uma cópia de Lênin de "O Estado e a Revolução" (que recomendo que todos os delegados leiam), disse que aceitava a opinião de Lênin de que era necessário destruir o Estado burguês e substituí-lo por um Estado revolucionário, e que essa tarefa continuava pendente.

Quanto ao problema da burocracia, disse que ele era consciente de que alguns dos delegados presentes haviam sido eleitos de forma irregular e que algumas pessoas só estavam interessadas em se eleger ao Parlamento ou como prefeitos e governadores, o que qualificou como inaceitável.

No recente conflito com a Colômbia, reiterou seu pedido para a criação de uma milícia popular em que todos os trabalhadores, camponeses, estudantes, homens e mulheres, deveriam receber treinamento militar, e que isso não pode ficar no papel, mas que deve ser levado a cabo.

"Concedo grande importância a este Congresso", disse Chávez, "e tenho a intenção de ser parte ativa no acontecimento". Insistiu em que o Congresso não deve terminar amanhã (domingo), mas que deve continuar se reunindo periodicamente durante os próximos meses, a fim de debater todas essas questões a fundo. Insistiu em que os debates devem ser democráticos, levando em conta as diferentes opiniões e que os delegados devem informar às bases e discutir com elas as diferentes propostas e documentos.

O Presidente destacou que o próximo ano seria difícil. A oposição fará todo o possível para ganhar as eleições para a assembléia Nacional em setembro de 2010. "Depois disso, vão à minha procura", disse. Neste momento, um dos delegados gritou: "Vão à procura de todos nós!"

Tudo isto põe em evidência o problema central. Depois de 11 anos, há indícios de que as massas estão ficando impacientes e frustradas pela lentidão da revolução. A crise do capitalismo está tendo um efeito, e muitos estão indignados com a burocracia e com a corrupção que vem de todas as partes, inclusive dentro do próprio Movimento Bolivariano.

Essa frustração às vezes se expressa em greves. O Presidente expressou sua frustração por algumas greves, mas ainda assim fez uma convocação para um diálogo com os trabalhadores. Porém, por trás disso há um sentimento geral de que aqueles que estão na direção da revolução não estão conscientes da realidade e não escutam as massas ou não entendem seus problemas.

Durante o discurso, Chávez também enfatizou a necessidade de recuperar as tradições do sindicalismo revolucionário, já que a classe operária tem que desempenhar um papel de direção na revolução. "A consciência da classe operária é a chave na construção do socialismo", disse, acrescentando que deve haver uma aliança estreita entre o partido e os trabalhadores.

É evidente que Chávez está tentando utilizar o congresso para dar nova vida à revolução. Esperamos que este seja um ponto de partida para um novo avanço da revolução bolivariana, que só terá êxito passando à ofensiva, rompendo radicalmente com o capitalismo, batendo na oligarquia reacionária e estabelecendo um Estado operário genuíno, como a condição necessária para avançar rumo ao socialismo e lançar uma onda revolucionária em todas as Américas e em escala mundial.

Caracas, 21 e novembro.