sábado, 31 de março de 2012

Assembleia: 90% decide manter a greve estudantil na Unifesp de Guarulhos




 Matéria do site do PCO
Nesta quarta-feira, 28 de março, mais de mil estudantes se reuniram no Teatro da Unifesp, campus de Guarulhos, para discutir a paralisação estudantil
________________________________________________________________________________

Os estudantes em greve marcaram um protesto no terminal do bairro dos Pimentas, onde está localizada a universidade, e distribuíram panfletos explicando os motivos da manifestação.
Logo depois, por volta de 19h, os estudantes foram até o teatro da universidade para realizar a assembleia. Foi composta a mesa e os estudantes passaram os informes das comissões e discussões realizadas durante quase uma semana de paralisação.
Uma questão importante é a incorporação na pauta da greve da defesa dos 48 estudantes processados por ocupação da reitoria em 2008.





Os problemas são muitos e por isso as necessidades debatidas pelos estudantes também. A situação no campus é limite. Há cinco anos os estudantes, professores e funcionários da unidade aguardam a construção do prédio definitivo. O prédio utilizado foi doado pela prefeitura de Guarulhos para a Unifesp, porém não possui as instalações adequadas. Além disso, a cada ano aumentam os números de estudantes e em conseqüência da precariedade do local poucos se formam.





Neste ano ingressaram 700 estudantes e há filas para todas as operações, como tirar cópia de textos, se alimentar no Restaurante Universitário ou até mesmo na cantina. Os banheiros também são pequenos e não comportam o número de estudantes.


Dos 130 funcionários necessários para todas as operações administrativas da unidade, há apenas 50. As filas na sessão de alunos são freqüentes.


Um estudante afirmou em matéria sobre a paralisação em um jornal de Guarulhos “O Reitor quer alugar um prédio que se guarda LIXO para os estudantes morarem. Simbolicamente, é dessa forma que somos tratados por nosso reitor. Em nosso campus não temos nem o NOME da universidade na fachada, prédio deteriorado, sem nenhuma preocupação de ser atraente aos moradores dos Pimentas.”
Estudantes dos campi Diadema e Santos estiveram presentes na assembleia e relataram problemas também nas unidades com a infra-estrutura.






Nesta semana, cerca de 100 professores se reuniram para discutir os problemas da unidade e aprovaram um indicativo de greve para ser aprovado na próxima assembleia.


Apenas com uma ampla mobilização é possível impor uma derrota a essa política de desmanche da educação pública superior. A reitoria da Unifesp desviou 34 milhões de reais das novas unidades para a compra do prédio da reitoria e outras contas. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

A greve continua! Estudantes, em Assembleia, continuam a mobilização





TODOS ÀS MANIFESTAÇÕES PELA INSTALAÇÃO DA COMISSÃO DA VERDADE E APURAÇÃO DOS CRIMES DA DITADURA


(Nota Política do PCB)
Em várias cidades brasileiras estão sendo realizadas manifestações em repúdio aos setores de direita, civis e militares, que pressionam pela não instalação da Comissão da Verdade, tentando botar de joelhos o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Se conseguirem seu intento, avançarão sobre outras liberdades democráticas, mesmo que limitadas, conquistadas com a Constituinte de 1988.
A pusilanimidade e a conciliação de todos os governos posteriores a essa Constituinte, inclusive os de Lula e Dilma, permitiram que os viúvos da ditadura chegassem à ousadia de desafiar as instituições do estado brasileiro.



imagem


Consideramos que é hora de construir uma ampla unidade das forças de esquerda, progressistas e democráticas para garantir, com grandes mobilizações, a instalação e o funcionamento adequado da Comissão da Verdade.
Saudamos as iniciativas do Ministério Público, de parlamentos estaduais e de outras instituições no sentido de também criarem Comissões da Verdade, o que capilariza e fortalece esta luta de caráter democrático, que já foi exitosa em todos os países da América do Sul onde vigoraram ditaduras como a que se abateu sobre nós em 1964.
Saudamos também as iniciativas de organizações juvenis, entre outras a União da Juventude Comunista e o Levante da Juventude que vêm realizando ações combativas contra os criminosos e torturadores da ditadura e que deveriam se articular para potencializá-las.
Mobilizamos nossos militantes e conclamamos amigos e simpatizantes a participarem ativamente dessas justas manifestações e as organizarem nos locais onde iniciativas ainda não foram adotadas.
Mas não podemos deixar de alertar para que estejamos vigilantes em relação à ação de provocadores que certamente procurarão infiltrar-se entre os manifestantes, para tentar justificar a repressão e criar vítimas.
As forças que lutam contra a ofensiva da direita devem levar em conta a necessidade de se unirem e se organizarem para que essas manifestações sejam massivas e vitoriosas.
TODOS ÀS MANIFESTAÇÕES CONTRA A DIREITA FASCISTA!

Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional – 28 de março de 2012

LATIFÚNDIÁRIOS ASSASSINAM MAIS TRABALHADORES SEM TERRA

imagem

                                                                      (Nota Política do PCB)

No dia 26 de  março, três trabalhadores rurais sem-terra ligados ao MLST foram covardemente emboscados e assassinados a mando do  latifúndio na região do Triângulo Mineiro.

Lamentavelmente, continua valendo muito pouco a vida dos trabalhadores e trabalhadoras que se levantam contra a propriedade privada, seja no campo ou nas grandes cidades, lutando contra os grandes empresários e proprietários  mantenedores da ordem do capital.
Ao contrário do que os bajuladores do governo Dilma dizem, no Brasil a questão da terra continua sendo uma questão de conflitos e desigualdades gritantes que perpetuam a fome, a miséria e a violência no campo.
A opção de classe do governo em investir no agronegócio e retardar a reforma agrária é mais um elemento decisivo nessa criminosa realidade da luta de classes no interior do Brasil.
Até hoje,  passados mais de cinco anos do assassinato dos fiscais da Delegacia Regional do Trabalho em UNAÍ, que investigavam denúncias de trabalho escravo contra os latifúndios da região, ninguém foi punido, sobressaindo mais uma vez a impunidade e a  conivência do poder público com a ordem criminosa a serviço do capital.

O PCB se solidariza com o MLST e com todos os trabalhadores e trabalhadoras  sem-terra da região, exigindo severa investigação sobre esse bárbaro crime e a desapropriação imediata da fazenda São José dos Cravos no município do Prata, a favor das famílias acampadas.

PCB – Partido Comunista Brasileiro, 27 de março de 2012
Comissão Política Nacional

terça-feira, 27 de março de 2012

Em Pernambuco, pelo menos, eles são sinceros: PCdoB e PSDB juntos na eleição



imagemCrédito: FolhaPE
NOTA DOS EDITORES
À esquerda, de vermelho, o presidente nacional do PSDB Sergio Guerra recebe, na sede de seu partido, a visita do prefeito de Olinda (PE), Renildo Calheiros (no centro, de amarelo); e da vice-presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, à direita.

Aproximação não significa, a princípio, acomodação com cargos no governo (Foto: Jedson Nobre/Folha de Pernambuco)
Por Geraldo Lélis
Da FolhaPE
Vestido de amarelo, o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), recebeu o apoio formal dos tucanos, nesta sexta-feira (23), para disputar a eleição em outubro próximo. Em meio ao evento, o presidente nacional do PSDB, o deputado Sérgio Guerra, negou contradição ao apoiar uma legenda tradicionalmente posta em campo adversário. A aproximação, segundo justificou o dirigente nacional, a princípio, é eleitoral, mas não impedirá da legenda ser incorporada no primeiro escalão do governo, caso o gestor consiga a reeleição.
“Não há nenhuma contradição em estar do lado deste candidato e fazer com todo mundo a campanha que tem que fazer com ele. Pelo contrário. Há tranquilidade, há confiança e há lógica”, argumentou Sérgio Guerra, fazendo elogios ao gestor comunista. “Por muitas razões, acho que fizemos uma boa escolha apoiando a candidatura de Renildo. Primeiro, porque ele é uma pessoa que merece a confiança de todos nós. Eu o conheço há muitos anos e nunca o vi vacilar. É firme nas suas convicções, explicito nas suas palavras”, disse.
Sobre o recuo na candidatura da ex-deputada estadual Terezinha Nunes – secretária-geral do partido -, Sérgio Guerra declarou que ela terá a liberdade para tomar a posição que achar melhor. A tucana já adiantou que não pedirá voto para o prefeito Renildo Calheiros. Guerra justificou que Terezinha não conseguiu reunir apoio suficiente para viabilizar sua candidatura.
“Nós pedimos que Terezinha fosse para Olinda para articular e reunir políticos em torno de seu nome. Ela não teve a capacidade de formar uma candidatura estruturada. Ela não conseguiu juntar os partidos, e nós não temos estrutura para bancar uma candidatura sem apoio em Olinda”, explicou.

Greve da Unifesp


Matéria do site do PCO

Na assembleia estudantil da ultima quinta-feira a esmagadora maioria dos presentes decidiram realizar greve por tempo indeterminado até o atendimento das reivindicações estudantis.
A situação limite em que chegou o campus provocou essa explosão e a paralisação das aulas na segunda semana em que a unidade estava em funcionamento.


Em todas as salas há barricadas para mostrar a mobilização dos estudantes e impedir que os professores furem a greve dos estudantes. Foram colocadas as carteiras para fora e nenhuma aula foi ministrada. Os estudantes estão organizando a mobilização com debates atividades culturais.


No campus de Guarulhos, o curso de letras não tem sequer um laboratório de línguas; o curso de história da arte não possui um laboratório de fotografia. Isso se tornou o menor dos problemas na unidade. O que deveria ser curso de ponta na área, tornou-se para dizer o mínimo, uma especialização. O conhecimento adquirido é muito superficial e extremamente insuficiente.



Os estudantes estão corretos em fazer cumprir a decisão da assembleia.
Não se pode afirmar de maneira nenhuma que a decisão foi precipitada. Há estudantes sem aulas por falta de salas, salas superlotadas e filas para qualquer operação que seja realizada na unidade.

Tapumes podres caídos por conta da chuva


As reivindicações dos estudantes estão diante de todos. A greve estudantil e até mesmo a ocupação não se trata de ser “um instrumento” para lutar, mas é o único instrumento dos estudantes. Não existe outro modo de mobilização. A ação dos estudantes é um movimento político inviabilizado com a manutenção das precárias aulas.

Todas as conquistas até agora conquistadas no campus, apesar de precárias, como Restaurante Universitário, ônibus até o metrô foram por meio da mobilização e da greve.
Os demais setores de professores e funcionários devem também discutir a paralisação pois são setores que também são seriamente afetados pelo descaso da administração central com a unidade.

Viva os 90 anos do PCB - Partido Comunista Brasileiro



 

Declaração dos 90 anos 

imagemCrédito: Roberto Arrais
Nota Política do PCB
(Pleno do Comitê Central – Niterói, 25 de março de 2012)
Viva os 90 anos do PCB!
No dia 25 de março de 1922, trabalhadores brasileiros reuniram-se em Niterói.
Eram representantes de vários agrupamentos comunistas que existiam pelo país. Estavam marcados pelos acontecimentos da Revolução Russa, pelos movimentos grevistas que agitavam as ruas e fábricas, e desejavam lutar para transformar o Brasil. Criaram um Partido para combater a opressão e tinham no horizonte a perspectiva do socialismo, como forma de emancipação humana.
Esse instrumento da classe operária brasileira floresceu, participou das lutas mais importantes do século XX, esteve ao lado dos trabalhadores do campo e da cidade nas suas jornadas mais emblemáticas, como as revoltas camponesas de Porecatú, Trombas e Formoso, a greve dos 300 mil em São Paulo em 1953, a campanha O Petróleo é Nosso, a campanha contra a guerra da Coréia e tantas outras. Mais recentemente, a luta contra a ditadura, a campanha pela anistia e pelas eleições diretas para presidente, a luta contra as privatizações nos anos 90, pelos direitos trabalhistas e previdenciários, por uma reforma agrária radical, por uma verdadeira Comissão da Verdade. Por isso, esse Partido, desde o momento da sua fundação, foi perseguido pelos pretensos donos do poder, pela oligarquia encastelada no latifúndio e pela burguesia, donas dos meios de produção.
Fomos presos, torturados e assassinados, mas continuamos existindo. A nossa bandeira nunca parou de tremular: mesmo sob a perseguição mais feroz, lá estávamos nas lutas contra o Estado Novo, nas mobilizações contra o nazifascismo. Quando a segunda guerra mundial acabou, saímos da ilegalidade a que a burguesia havia nos imposto, com um grande número de militantes e forte influência nos movimentos de massa. Nas eleições de 1945, elegemos uma bancada parlamentar representativa do povo, que defendeu combativamente os interesses dos trabalhadores e as liberdades democráticas, com a presença do senador Luiz Carlos Prestes e de quatorze deputados comunistas.
A nossa presença intelectual e política deixou marcas indeléveis na sociedade brasileira. Afinal, na história do século XX, lutaram conosco Graciliano Ramos, Jorge Amado, Oswald de Andrade, Portinari, Di Cavalcanti, Pagú, Mário Lago, Francisco Milani, Rui Facó, Monteiro Lobato, Caio Prado Jr., Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Alberto Passos Guimarães, Nelson Werneck Sodré, Mário Schenberg, Nise da Silveira, Carlos Drummond de Andrade, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Adolfo Lutz, Cícero Dias, Aparício Torelly (Barão de Itararé), Dias Gomes, Paulo Leminski, Vladimir Herzog, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman, Oscar Niemeyer, João Saldanha e milhares dos melhores filhos da classe trabalhadora.
Aqueles homens de março de 1922 deram o primeiro passo de uma longa caminhada da qual temos o orgulho de ser os continuadores, com nossos erros e acertos, com vitórias e derrotas, mas sempre construindo os caminhos da transformação social e do socialismo.
Hoje, no dia 25 de março de 2012, os comunistas de todos os estados brasileiros reúnem-se novamente em Niterói.
Comemoram os noventa anos do PCB orgulhosos de suas lutas, lembrando, com alegria, a nossa história e, com tristeza, as mortes e os desaparecimentos de bravos camaradas, certos da contribuição do PCB nas lutas dos trabalhadores e do povo, na cultura, nas artes e nos campos de batalhas da solidariedade internacionalista. Saudamos a experiência socialista da União Soviética, do leste europeu e de Cuba, como de todos aqueles que construíram, no século XX, a ousadia de nosso sonho emancipatório e nos legaram como herança os ensinamentos sobre os caminhos que queremos seguir e os erros que devemos evitar.
Nesse momento de rememorar, homenageamos nossos camaradas, como Astrojildo Pereira, Minervino de Oliveira, Octávio Brandão, Elisa Branco, David Capistrano, Giocondo Dias, Carlos Marighella, Orlando Bonfim, Hiran Pereira, Lyndolpho Silva, João Massena, Roberto Morena, Osvaldo Pacheco, Horácio Macedo, Ana Montenegro, Dinarco Reis, Manoel Fiel Filho, José Montenegro de Lima, Paulo Cavalcanti, Gregório Bezerra e nosso histórico camarada Luiz Carlos Prestes, consagrado como o “Cavaleiro da Esperança”. Em seus nomes, saudamos todos aqueles que anonimamente construíram o PCB, este patrimônio da história brasileira, da luta dos trabalhadores e do movimento comunista internacional.
Assim como em 1922, em 2012 os comunistas brasileiros não se reúnem em Niterói apenas para olhar para trás, mas principalmente para analisar o mundo e o Brasil nos dias de hoje, para continuar a luta contra o capitalismo, que está cada vez mais sanguinário e imperialista, como previu Lênin.
O mundo está numa encruzilhada. A crise sistêmica do capitalismo confirma as tendências de centralização do capital no plano mundial. A fim de manter seus lucros a todo custo, os capitalistas aprofundam a precarização das condições de trabalho e reduzem cada vez mais os salários e direitos, ao mesmo tempo em que a ação do capital, voltada à formação de novos e amplos contingentes de trabalhadores “livres” para vender barato e de forma precária a sua força de trabalho, promove um processo crescente de proletarização das camadas médias e do campesinato. O capitalismo monopolista, em sua escalada mundial, só faz crescer a concentração da riqueza e aumentar a pobreza, ampliando o fosso existente entre proprietários e proletários.
Na atual conjuntura, o capital se utiliza dos fundos públicos para aumentar a sua acumulação. Governos seguem dando suporte ao grande aparato empresarial, com a transferência de gigantescos recursos financeiros para “salvar” bancos e indústrias ameaçadas pelas crises sucessivas. Para isso - com o respaldo de parlamentos dominados pelos interesses do capital - impõem drásticos cortes orçamentários nas áreas sociais e aprofundam a retirada de direitos dos trabalhadores.
A humanidade está ameaçada. A agressão imperialista se manifesta nas guerras de rapina, resultantes da ação do capital para engendrar um novo ciclo de acumulação. Para justificar o ataque indiscriminado em favor dos interesses capitalistas, governos e líderes políticos não alinhados ao imperialismo são satanizados, organizações populares e movimentos rebeldes são criminalizados. Depois de ocuparem o Iraque e o Afeganistão, os Estados Unidos e a OTAN invadiram covardemente a Líbia e agora ameaçam a Síria, o Líbano e o Irã. Enquanto isso, Israel segue matando, prendendo e expulsando os palestinos de suas terras. Tais ações têm gerado nada além que a destruição do planeta, a espoliação dos povos e a precarização da vida em sociedade.
No Brasil, a ordem do capital se mantém com o imenso poder da burguesia monopolista associada subalternamente ao imperialismo e coligada aos aliados nacionais da oligarquia e de setores da pequena burguesia. A ordem burguesa transitou da ditadura para uma democracia de fachada, de cooptação, que exige, para o bom funcionamento da acumulação de capital, o apassivamento dos trabalhadores, forjado por meio de medidas compensatórias, que visam à amenização da pobreza absoluta, a medidas de crédito para fomentar o consumismo, ao mesmo tempo em que se intensifica a exploração dos trabalhadores. Retiram-se direitos consagrados e são eternamente adiadas as demandas históricas daqueles que lutam por moradia, trabalho, terra, educação, saúde e outras condições essenciais da vida. Querem que os trabalhadores acreditem que a única possibilidade de seus interesses serem atendidos depende do crescimento da economia capitalista e dos vultosos lucros que daí derivam.
Mas a arrogância do capital provoca o acirramento da luta de classes e suscita, em contrapartida, uma intensa mobilização dos trabalhadores em todo o mundo, permitindo que o cenário da história se abra para as possibilidades da transformação, reatualizando a necessidade da alternativa socialista. Diante das guerras imperialistas, manifestamos nossa irrestrita solidariedade aos povos espoliados e agredidos, pautando-nos sempre no internacionalismo proletário. Neste mesmo sentido, apoiamos a resistência dos povos em luta e a insurgência em algumas regiões, a exemplo da Colômbia, como forma de resistência para impedir o avanço do imperialismo estadunidense e as ações criminosas do governo narcoterrorista. É preciso fortalecer a bandeira do socialismo na América Latina, para fazer avançar as lutas populares e impedir que as garras sangrentas do imperialismo continuem a se estender pelo continente.
Em nome dos nossos 90 anos de luta, das nossas vitórias e derrotas, com a legitimidade que conquistamos, inclusive pelos erros cometidos, podemos afirmar com convicção: não será com o desenvolvimento do capitalismo, seja ele de que tipo for, que nossos problemas históricos se resolverão, pois sabemos que, quanto mais tivermos capitalismo, pior será para o presente e o futuro da humanidade. Portanto, não será por meio de alianças espúrias com os exploradores que se acabará com a exploração!
Aqueles que lutam hoje por nossas bandeiras, as bandeiras pelas quais gerações de brasileiros lutaram, sabem que chegou o momento de dizer basta! Não mais pactos para o capital crescer sua acumulação, na esperança da obtenção de migalhas! Não mais alianças com a classe que se apodera dos meios sociais de produção da vida e, através disso, da riqueza socialmente construída por nós. Não mais plantar e não ter o que comer; não mais produzir a riqueza que nos faz pobres, não mais sangue e sacrifício para que os capitalistas saiam de suas crises; não mais o trabalho de muitos se transformando na riqueza e poder de poucos.
Que se devolva à humanidade trabalhadora o que a ela pertencem: os meios sociais de produção e de reprodução da vida. Nós, trabalhadores, resolveremos nossos problemas, emancipando a humanidade, ao nos livrarmos desta chaga histórica que é o capitalismo. É hora de os trabalhadores do campo e da cidade, estudantes e todos aqueles que não se acovardaram, não se renderam nem se venderam à ordem do capital se levantarem para dizer que existe uma alternativa para uma humanidade unida, emancipada e solidária. Esta alternativa é o socialismo, como transição capaz de gerar as condições que nos permita superar a sociedade de classes e iniciar a construção do comunismo, a verdadeira história da humanidade libertada de suas cisões de classe e de todas as formas que colocam os seres humanos uns contra os outros.
Nós, comunistas brasileiros, nascemos há 90 anos à luz da Revolução Russa e sua grande esperança de mudar o mundo. Guardamos esta luz, acalentamos esta mesma esperança e a vivificamos com nossa luta e o sangue dos que se foram para, agora, mais do que nunca, reafirmar: para salvar a humanidade é necessário superar a ordem capitalista e o mundo burguês, e o caminho desta superação é a Revolução Socialista.
Contra a ordem capitalista e a hegemonia burguesa, é preciso construir o Poder Popular e a contra-hegemonia dos trabalhadores. Devemos ampliar e aprofundar as ações no plano tático voltadas para o fortalecimento da organização e da consciência de classe dos trabalhadores, com vistas à correta ocupação dos espaços políticos, no sentido da construção e aprofundamento dos mecanismos necessários ao desenvolvimento da luta contra-hegemônica. É tarefa premente o fortalecimento de nossa atuação no plano das lutas sindicais e da juventude, na organização dos trabalhadores do campo, das mulheres, dos negros e demais movimentos populares, assim como a denúncia cotidiana do capitalismo e a divulgação das ideias socialistas e comunistas.
Com a Unidade Classista, levantemos as bandeiras por mais direitos e melhores salários, pela reestatização de empresas estratégicas com a participação dos trabalhadores na sua gestão, pela redução da jornada de trabalho para todos sem redução de salário, contra a precarização do trabalho e a privatização da previdência, em defesa da saúde pública e contra as demissões. Vamos fortalecer e ampliar a Intersindical, na perspectiva da construção efetiva de uma organização sindical classista em âmbito nacional.
Com a UJC, lutemos em prol da Universidade Popular e por uma educação pública emancipadora e de qualidade. Busquemos contribuir para a organização dos jovens trabalhadores e dos marginalizados pelo sistema capitalista, que apresentam um enorme potencial de expressar a contracultura, contestar a ordem e fomentar a rebeldia. Com os Coletivos Ana Montenegro e Minervino de Oliveira, participemos das lutas contra a superexploração das mulheres e dos negros impostas pelo capital e a favor de suas demandas sociais específicas, contra a discriminação sexual e o racismo. Com os intelectuais, artistas, homens e mulheres da ciência e da cultura, estreitemos nosso compromisso com a mais ampla e irrestrita liberdade de manifestação do pensamento, resgatando nossas tradições de luta por uma cultura democrática e popular, revolucionária, em contraponto à forma capitalista, que tudo transforma em mercadoria.
Com os movimentos e organizações populares da cidade e do campo, atuemos decididamente contra a privatização e o sucateamento dos sistemas públicos de transportes, educação e saúde, em defesa da seguridade social solidária e da moradia digna, contra a destruição ambiental, pela reforma agrária radical, jamais perdendo de vista que a emancipação de toda a humanidade somente virá com o fim da propriedade privada, a destruição das relações capitalistas e a edificação da sociedade socialista.
Com os povos de todo o mundo, dediquemo-nos à solidariedade internacionalista, juntando nossas vozes aos trabalhadores em greve na Europa e nos Estados Unidos, às populações atacadas pelo imperialismo no Oriente Médio e na África, aos movimentos populares da América Latina e, em especial a Cuba Socialista, a seu governo e ao Partido Comunista Cubano, tal como fazemos há mais de 50 anos.
O PCB está e sempre estará presente e ativo em todos os espaços de luta, traçando, desde agora, o caminho da Revolução Socialista no Brasil. Queremos construir, com todos aqueles que lutam por transformações radicais da sociedade, uma frente anticapitalista e anti-imperialista, com a perspectiva de movimentar o bloco revolucionário do proletariado. Para aqueles que ousam ser os protagonistas do presente e do futuro, para a classe trabalhadora, único sujeito capaz de realizar esta transformação radical, oferecemos nossos braços camaradas.
Somos combatentes, somos convictos de nossos ideais, somos marxistas, queremos ser seres humanos integrais em uma humanidade emancipada, somos internacionalistas, somos anticapitalistas.
Em uma frase: fomos, somos e seremos comunistas. Somos o Partido Comunista Brasileiro, somos o PCB!
Viva a nossa reconstrução revolucionária!
Viva a classe trabalhadora!
Viva o Socialismo!
Viva os 90 anos de luta do PCB!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Niterói, 25 de março de 2012.





Ao Partidão e sua história:   "Ave rubra que flameja no ar
                                                 Símbolo que chama pra lutar"


Repartido (aos 90 anos do PCB)

Nossa história começa aos noventa
e é o passado que nos alimenta.

Pretendemos nossa voz emaranhada no
torvelinho da massa,
somada aos gritos de Revolução.

Nossa palavra pichada,apócrifa,
nos muros das cidades,
nosso jornal de clara opinião.

Pretendemos nossa cor
em revoadas pelas ruas,
estrelas em pleno dia,
a verdade posta nua!

Nossa história começa aos noventa,
e é o passado que nos alimenta.
Caminharemos firmes, sem demora,
novas páginas começam agora!

Orientados pelo Mar e pelo Lema:
Proletários, uni-vos!
Seguiremos em luta e emancipação.

Empunharemos o martelo e a foice,
com passo entre os povos,
Em táticas avançadas de direção.

Se já estivemos prestes,
estaremos mais prontos.
Se o norte vinha do leste,
teceremos novos pontos.

Nossa história começa aos noventa,
e é o passado que nos alimenta.
Semearemos com flores e com metais
a leira de dialéticos ideais.

Comemorações em Cuba





Quando e por que nascemos
Aos 90 anos do PCB (1922-2012)

Não sei quantos anos temos.
Sei que festejamos hoje 90 anos
porque nascemos em 1922.
Mas, talvez tenha sido antes,
talvez tenhamos nascido em 1917
quando os trabalhadores russos
iniciaram a construção do futuro,
ou foi em 1919 quando na Internacional
sonhamos sonhos planetários.
Talvez tenha sido antes ainda.
Em 1871, na Paris Revolucionária da Comuna
ou em 1848, quando os trabalhadores
levantaram-se para falar com sua própria voz.
Não sei, mas talvez tenha sido antes.
Quando dois alemães se encontraram
e viram o mundo através de nossos olhos
nos mostrando o caminho da emancipação.
Mas talvez não.
Talvez tenha sido há muito mais tempo:
quando um trabalhador
olhou para suas mãos
e percebeu que não eram mais suas mãos.
Quando olhou para seus pés e viu
que a terra não era mais a sua terra.
Não sei, mas acredito que foi ali que nascemos.
Talvez por isso é que nascemos.
Talvez por isso vivemos tanto tempo.
Talvez por isso resistimos.
Talvez por isso estejamos aqui hoje
para dizer aos trabalhadores:
_ Olha, esta são suas mãos,
são seus os produtos do trabalho.
_ Olha, esta é tua terra,
são nossos seus frutos.
_ Coragem, levanta a cabeça e veja:
olha este sol que se insinua
por trás das nuvens que o escondia.
Não há noite tão longa que derrote o dia.
Veja como tinge de vermelho o universo.
_ Levanta tua mão, camarada, assim...
agora fecha o punho, isso...
Lembra como era aquela canção?
Coragem, vocês nunca estarão sozinhos
Porque aqui estamos camaradas.
Por isso nascemos.
Por isso lutamos tanto.
Por isso sobrevivemos.
É por vocês camaradas
que fomos, que somos, que seremos
sempre
Comunistas!


quinta-feira, 22 de março de 2012

PRISIONEIRAS E PRISIONEIROS POLÍTICOS SE DECLARAM PARTICIPANTES DA JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME



imagemCrédito: 1.bp.blogspot
COMUNICADO PÚBLICO
PRISIONEIRAS E PRISIONEIROS POLÍTICOS SE DECLARAM PARTICIPANTES DA JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME
A Fundação Laços de Dignidade COMUNICA à Comunidade Nacional e Internacional que Coletivos de Prisioneiras e Prisioneiros Políticos em 11 prisões colombianas informam que, a partir do dia 20 de março de 2012, iniciarão a JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME, para exigir do governo colombiano a aprovação do ingresso da Comissão Internacional de Observação da Situação dos Direitos Humanos e das Prisioneiras e Prisioneiros Políticos na Colômbia.
FATOS
1. No dia de hoje, l9 de março de 2012, recebemos comunicados mediante os quais os Coletivos de Prisioneiras e Prisioneiros Políticos da Penitenciária de Segurança Máxima “La Tramacúa” de Valledupar (Cesar), Penitenciária de Segurança Máxima de Combita (Boyacá), Penitenciária de Segurança Média El Barne (Boyacá), Penitenciária de Segurança Máxima de La Dorada (Caldas), Penitenciária de Segurança Máxima de Palo Gordo (Santander), Cárcere Villa Inés de Apartadó (Antioquia), Cárcere de Quibdó (Chocó), Penitenciária de Girardot (Cundinamarca), ERON Picota (Bogotá), Penitenciária Picota (Bogotá) e reclusão de Mulheres Buen Pastor de Bogotá, informaram que, a partir de 20 de março de 2012, iniciarão uma JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME, a qual também será acompanhada pelos presos sociais.
2. A JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME tem como objetivo RECHAÇARrotundamente o pronunciamento feito pelo governo nacional, através do Ministro da Justiça (Juan Carlos Esguerra), em que nega a existência de prisioneiros políticos. Além disso, também possui como finalidade EXIGIR do governo e das autoridades penitenciárias o aval para a execução da visita de verificação da Comissão Internacional de Observação anunciada pelas Mulheres Gestoras do Mundo pela Paz desde 26 de fevereiro de 2012, a qual já tinha sido autorizada pelo ministro.
3. Os Coletivos de Prisioneiras e Prisioneiros Políticos conclamam os Colombianos e Colombianas pela Paz, Setores Sociais e Populares, ONG de Direitos Humanos, Sindicatos, Movimento Estudantil, entre outras expressões sociais, para que brindem nos acompanhando nesta justa reivindicação e abram espaços de discussões sobre o crime político na Colômbia.
RESPALDAMOS A PETIÇÃO E SOLICITAMOS GARANTIAS
Respaldamos a justa petição dos Coletivos de Prisioneiras e Prisioneiros Políticos e solicitamos às autoridades penitenciárias o oferecimento de garantias para o exercício do direito ao protesto pacífico das e dos prisioneiros, em cumprimento do artigo 37º da Constituição Política da Colômbia e da Sentença T-571 de 2008 da Corte Constitucional Colombiana.
Solicitamos ao governo nacional que resolva favoravelmente a petição das e dos prisioneiros e permita a ação humanitária de verificação da situação dos direitos humanos e das e dos prisioneiros políticos nos cárceres colombianos.
CHAMADO À SOLIDARIEDADE
Fazemos um chamado à comunidade nacional, internacional e organizações solidárias para que exerçam observação ao desenvolvimento da JORNADA NACIONAL DE GREVE DE FOME, a fim de prevenir possíveis ataques aos direitos fundamentais dos grevistas.

Robert Fisk: O massacre no Afeganistão não foi loucura



imagemCrédito: C. Maior
Robert Fisk, em La Jornada
Começa a cansar-me esta história do soldado louco. Era previsível, é claro. Nem bem o sargento de 38 anos - que massacrou no último domingo (11) 16 civis afegãos perto de Kandahar, incluindo nove crianças - retornou para sua base, os especialistas em Defesa e os meninos e meninas dos centros de pensamento já anunciavam que ele havia enlouquecido.
Não era um perverso terrorista sem entranhas - como seria, é claro, se fosse afegão, em especial talibã -, mas apenas um cara que foi à loucura.
Essa mesma bobagem foi usada para descrever os soldados estadunidenses homicidas que realizaram uma orgia de sangue na cidade iraquiana de Haditha. Com a mesma palavra se descreveu o soldado israelense Baruch Goldstein, que massacrou 25 palestinos em Hebron, algo que fiz notar neste mesmo jornal, poucas horas antes que o sargento enlouquecesse de repente, na província de Kandahar.
Ao que parece, enlouqueceu, anunciaram jornalistas. Um homem "que provavelmente havia sofrido algum colapso (The Guardian)", um soldado perverso (Financial Times), cujo distúrbio (The New York Times) foi sem dúvidas (sic) perpetrado em um acesso de loucura (Le Figaro).
Sério? Supõe-se que acreditamos nisso? Claro, se estivesse completamente louco, nosso sargento teria matado 16 de seus colegas norte-ame ricanos. Ele teria matado seus companheiros e, em seguida, atearia fogo aos corpos. Mas não, ele não matou estadunidenses; escolheu matar afegãos. Houve uma escolha. Por que, então, matou afegãos?
Há uma pista interessante em tudo isso, que não tinha aparecido em reportagens da mídia. Na verdade, a narração dos fatos foi curiosamente lobotomizada-censurada, inclusive por aqueles que têm tentado explicar o terrível massacre em Kandahar. Lembraram a queima de exemplares do Alcorão - quando soldados norte-americanos em Bagram jogaram os livros sagrados em uma fogueira - e as mortes de seis soldados da Otan, incluindo dois norte-americanos, que vieram depois.
Mas explodam-me em pedaços se não esqueceram - e isso se aplica a todas as matérias sobre o recente massacre - uma afirmação notável e extremamente significativa do comandante em chefe do Exército estadunidense no Afeganistão, o general John Allen, há exatamente 22 dias. Na verda de, foi uma declaração tão inusitada que eu recortei as palavras em meu jornal matutino e coloquei o recorte na minha pasta para referência futura.
Allen disse aos seus homens: esta não é a hora da vingança pelas mortes de soldados norte-americanos nos distúrbios de quinta-feira. Alertou que eles deveriam resistir a qualquer tentação de revidar, depois que um soldado afegão matou dois norte-americanos. "Haverá momentos como este, em que vocês estarão procurando o significado dessas mortes", continuou. "Momentos como este, em que suas emoções serão governadas pela raiva e pelo desejo de vingança. Esta não é a hora da vingança; é a hora de olhar no fundo de sua alma, de recordar a sua missão, lembrar a sua disciplina, lembrar-se de quem vocês são."
Foi um chamado extraordinário, vindo do comandante em chefe dos EUA no Afeganistão. O general se viu forçado a dizer para o seu exército, supostamente bem disciplinado, profissional , de elite, que não cobrasse vingança aos afegãos aos quais, supostamente, está ajudando/ protegendo/ educando/ adestrando, etc. Teve que dizer aos seus soldados que não cometessem assassinato.
Eu sei que os generais diziam essas coisas no Vietnã. Mas no Afeganistão? As coisas chegaram a esse extremo? Temo que sim. Porque, por mais que eu não goste de generais, tenho lidado com muitos deles pessoalmente, e geralmente têm uma idéia bastante acertada do que acontece em suas fileiras. E eu suspeito que o general John Allen já havia sido advertido por seus oficiais de que seus soldados estavam irritados com as mortes que se seguiram à queima de exemplares do Alcorão e, talvez, tivessem decidido empreender uma escalada de vingança. Por isso tratou de um modo tão desesperado - em uma declaração tão impactante como reveladora - de prevenir um massacre exatamente como o que ocorreu no último domingo.
No entanto, essa mensagem foi completament e apagada da memória dos peritos quando eles analisaram essa matança. Não se permitiu em seus relatos nenhuma alusão às palavras do general Allen, nenhuma referência, porque, naturalmente, isso teria tirado o nosso sargento do grupo dos enlouquecidos e lhe teria dado um possível motivo para o massacre. Como de costume, os jornalistas tiveram que meter-se na cama com os militares para procriar um louco e não um assassino. Pobre rapaz: andava mal da cabeça. Não sabia o que fazia. Não é de admirar que o tenham tirado do Afeganistão tão rápido.
Todos tivemos nossos massacres. Há My Lai (aldeia vietnamita onde, em 16 de março de 1968, centenas de civis, na maioria mulheres e crianças, foram executados por soldados do exército dos Estados Unidos), e nosso próprio My Lai britânico, em uma aldeia da Malásia chamada Batang Kali, onde os guardas escoceses - envolvidos em um conflito contra os insurgentes comunistas - assassinaram 24 indefesos trabalhad ores da borracha, em 1948.
Claro, pode-se argumentar que os franceses na Argélia foram piores que os norte-americanos no Afeganistão - diz-se que uma unidade de artilharia francesa fez desaparecer 2 mil argelinos em seis meses -, mas isso é como dizer que somos melhor que Saddam Hussein. Certo, mas veja que parâmetro de moralidade.
É disso que se trata. Disciplina. Moralidade. Valor. O valor de não matar por vingança. Mas quando se está perdendo uma guerra que se finge estar ganhando - me refiro ao Afeganistão, é claro -, suponho que isso seja esperar demais. Parece que o general Allen perdeu seu tempo.
Tradução: Joana Rozowykwiat

Todo apoio a greve dos estudantes da Unifesp!

Hoje, dia 22 de março de 2012, acaba de ser deliberada greve estudantil no campus Guarulhos da Unifesp. A Assembléia foi bastante disputada, houve muita briga e discussão. Mas, por fim fica aprovada a paralisação das atividades acadêmicas pelo movimento estudantil.


 
Reivindicando: 
Construção do prédio; 
Melhores condições do transporte; 
Fim dos processos abertos pela universidade junto a polícia federal contra 48 estudantes;
Moradia estudantil;
Creche para as estudantes com filhos 


 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Poesias e escritos artísticos de camaradas revolucionários


A barbárie civilizada


O homem alienou-se da natureza;
Uniu a um só tempo as engrenagens a sua destreza;
Passou a desconhecer tais matérias;
Concretizou suas virtudes em verdades efêmeras. 

O homem alienou-se de si;
Vendeu seus valores humanísticos a lucrativos e espoliativos fins;
Proletarizou seus ideais
E passou a compor e a corroborar com as paródias legais. 

O homem alienou-se de seu ser genérico,
Objetivou-se a trabalhar com escassez de vida;
Criou dois mundos transcendentes ao intelectual e ao operacional;
Ceifou suas faculdades humanas e concretizou-se como um ser estranho a si, tal como ao seu meio social. 

O homem alienou-se do homem;
Reduziu seus semelhantes a meras definições banhadas pelo fetichismo da mercadoria e a competição;
Reificou sua essência de ser humano;
Enquanto a realística feição social passou a estar em segundo plano,
E com o instinto de revolução apaziguado por algozes regados em prantos. 

Fernando Lustosa 
PCB/RJ

"Reflexões sobre a Melancia" - Poesia de Felipe Lustosa

Fruto que abrolha na aridez dum solo estapafúrdio de tabatinga, 
Erva trepadeira e rastejante, que corta o nordeste afundindo a caatinga..
Suas folhas em triângulos suntuosos são macias como veludo de seda,
São largas, rasas, não balançam com o vento e ignoram a seca..

Melancia que traz consigo a tropicália do clima sob a forma de alimento bruto,
Melancia que emana a esterilidade dum solo infértil, com seu "sofrimento de fruto"..
Melancia fruto verde que nunca amadurece...
Melancia grande, listrada, de polpa aquosa, que é suculenta e apetece!

Melancia que possui sementes às dezenas,
Duras e ovalares, são negras e murubentas..
Melancia que reflete o verde falso dum sertão das Borboremas;
Terra sofrida, lavrada com foice e largada às contendas.

Não há sertanejo que ignore a presença duma melancia listrada;
Eu fico até imaginando: se ela quer ser notada?!
Num lugar tão seco, inóspito e escaldante;
Ela deve querer ser disputada por todos à todo o instante...

Diante do sol do meio-dia, ela alimenta a família do campesino,
Misturada à farinha, à ração humana e ao milho moído (bem fino)..
Para não trazer a tona: sua carência em consistência e sustância;
Suas deficiências em vitaminas, proteínas (e em fragrância)...
Pois lembre-se que a flor dum pé de melancia, só dura umas poucas semanas...
Não anuncia a vinda da primavera e  nem a chegada da sorte, enunciada pelas ciganas.

(Felipe Lustosa)

Um jovem de 90 anos - Poesia de Leonardo César de Albuquerque

Meu avô guardava tão firme
Um broche no meio do peito
Uma imagem que ao nos ver imprime
... A esperança de um poder eleito

Forjado da luta de muitos
Juntos sendo um partido
Por nosso povo aguerrido
Lutam por conquistar seus direitos

Desde Março de Vinte Dois
Meu avô se coloca a lutar
Recuar não é opção, pois
Na guerra não pode vacilar

Debatendo à democracia
Ao longo de sua trajetória
Tiveram muitas perdas
Tiveram muita glória

Mas o partido ainda anuncia

Nossos sonhos não faleceram
Nossa luta não envelheceu
Não aceitamos o que se estabeleceu
E os jovens também não o fizeram

Nossa idéia tão nova surgiu
Já mostrou longevidade em seu ar
E hoje ainda segue, a mil,
A muitas mentes cativar

Seus gritos se escutam ainda
Seus punhos erguidos ainda
Suas bandeiras tremulam ainda
Suas denuncias persistem ainda

O PCB não acabou
O PCB não recuou
O PCB se reformulou
O PCB na luta continuou

Meus avós e avôs de fato são
Aqueles que carregaram esse bastião
Da luta do povo trabalhador
Enfrentando a repressão e o horror

Hoje eu carrego este broche
Uma bandeira e a idéia vindoura
Colando nossa mensagem em postes
De que a juventude será a autora

O PCB vive
O PCB atua
Mas principalmente cresce!
Nesses 90 anos
Jamais fomos tão jovens
E sonhamos tão certo!

Leonardo C. de Albuquerque
Partido Comunista Brasileiro/Niterói

Anotações sobre organização - Poesia de Leonardo César de Albuquerque

Sendo o comunismo,
Pelas próprias palavras de Lênin,
A juventude do mundo,
... Nossa organização não pode ser nosso único fim.

Disciplinarmos para como um corpo atuar
É necessário pela responsabilidade de nossa luta
Mas quando com o povo interagir
Não podemos ser como um militar na labuta

Temos de transpirar democracia
Pelo próprio trabalho que é organizar
E jamais feder à rigidez
Como artigos velhos guardados em cima de um altar.

Um mundo novo está aí para sonhar
Pela simples existência do mundo da exploração
Levantemos nossas cabeças para vislumbrar o futuro
E cantemos em alto e bom som as palavras de ordem de nossa libertação.

Leonardo C. de Albuquerque


semente em terras férteis

Quando criança fui a um enterro, não relato minha idade por falta de lembrança, sei que era jovem, uma semente em terras férteis. Lembro-me, sobretudo, do aroma dum corpo em putrefação. “assassinato. tiros” disse uma mulher ao se aproximar, eu não sabia ao certo o que isso significava; com os olhos em lagrimas e as palavras engasgadas ela continuou comentando o ocorrido: “tiros da polícia. estrada de nazaré. encontraram agora a pouco. fazia tempo que sumiu”. Só agora consigo entender...

pirenco