sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Para que serve mesmo o Fórum Social Mundial?

Por: Paulo Winícius Teixeira de Paula(*)




De 25 a 29 de janeiro ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre a 10ª edição do Fórum Social Mundial. Goiás se fez presente através da caravana do DCE-UFG (Diretório Central dos Estudantes da UFG) onde militantes estudantis, comunistas e artistas de rua puderam acompanhar a grande festa da Social Democracia - o Fórum Social Mundial 2010 - demonstrando que as ONG's continuam sendo a melhor maneira de reunir pessoas para um grande objetivo: não mudar nada nas estruturas sociais vigentes. Ocorreram cinco dias de intensos debates e de ínfimos encaminhamentos. O evento divulgado na página do Banco Mundial é organizado por ONG's que passam desde a ATTAC (Associação pela Taxação das Transações Financeiras e de Ajuda aos Cidadãos) que tem apoiadores como Fernando Henrique Cardoso e o mega especulador George Soros, até a Associação Brasileira de ONGs. O FSM 2010 deixou de lado sua artilharia contra o neoliberalismo para tentar exaltar um ambientalismo e um suposto desenvolvimento sustentável no atual modo de produção. Porém, em meio a muita diversidade não é possível encontrar unidade que preveja ações concretas contra o verdadeiro inimigo que acaba com os recursos naturais do planeta: o capitalismo.
Entre avisos e faixas de que "Outro mundo é possível", não se permitia dizer o nome deste outro mundo, nem tão pouco falar em superação do capitalismo, mas falar em igualdade, distribuição de renda mais justa, protagonismo... tudo isso se ouvia aos montes! Da Fundação Ford (esse "d" no final é de demissões) até o Instituto Luis Eduardo Magalhães (isso mesmo, tem o nome do filho de ACM "Toninho Malvadeza"), todos estavam comprometidos com... a integração de culturas, a defesa da Amazônia e com um futuro melhor, mas este mais indefinido do que o céu para os cristãos.

Mesmo dentro do clima de dispersão montado pela organização do FSM, (que colocou como cidades sede somente as prefeituras do entorno de Porto Alegre dirigidas pelo PT) destacou-se a ação daqueles que não vêem possibilidade de conciliação em uma sociedade dividida em classes. A UJC - União da Juventude Comunista ao lado dos militantes do PCB - Partido Comunista Brasileiro engrossaram a marcha de abertura do Fórum ao lado dos petroleiros reforçando a campanha "O Petróleo tem que ser nosso". No segundo dia de atividades enfatizou-se a ação da juventude no debate com familiares de presos políticos da Colômbia realizado pelo Comitê de Solidariedade à Colômbia, na cidade de São Leopoldo.

O Fórum foi válido como local onde os que não rezam pela cartilha dos sociais liberais podiam se encontrar em atividades paralelas, reunir-se com aqueles que têm a convicção de que não há como humanizar o capitalismo, que a sociedade se reproduz com a riqueza produzida pelo nosso trabalho e que economias solidárias, oficinas de reciclagem e manifestos contra o consumo de carne podem ser muito interessantes sim, mas não oferecem a oportunidade de emancipação enquanto classe explorada.

Pra não dizer que não falei dos cravos (e viva a luta dos portugueses), devo ressaltar os contatos com os comunistas venezuelanos e suas experiências de organização social, além do contato com os militantes paraguaios que denunciam a ação dos latifundiários brasileiros produtores de soja que realizam atentados contra camponeses e ainda tem assistência jurídica oficial do Governo Lula, enfim tem muita gente lutando contra o capitalismo nessa América Latina!

Tendo como ponto alto a Marcha da Maconha, o ato pelo sexo livre e, para coroar, o Presidente do Brasil dizendo que emprestar dinheiro ao FMI é sinal de desenvolvimento, fico com a indagação lúcida do Presidente do Paraguai Fernando Lugo "Pra que serve mesmo o Fórum Social Mundial?"

O que fica mesmo deste Fórum é a determinação dos comunistas, dos lutadores e militantes que acreditam no caráter socialista da revolução brasileira, que conseguem realizar de maneira subversiva atividades paralelas, apontando para o único mundo possível, aquele onde cada um viva do seu trabalho: o Socialismo.

(*) Paulo Winícius Teixeira de Paula é bacharel e estudante de Licenciatura em História pela UFG, representante dos estudantes no Conselho Universitário da UFG, coordenador nacional da UJC - União da Juventude Comunista, secretário de Organização do PCB-GO - Partido Comunista Brasileiro