terça-feira, 22 de março de 2011

Nota política do PCB contra a invasão imperialista na Líbia


O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), reunido no Rio de Janeiro, manifesta o seu mais veemente repúdio aos ataques militares contra a Líbia e à aprovação pela ONU de uma zona de exclusão aérea sobre seu território, sob o pretexto de proteger as forças de oposição a Kadafi.
O PCB ressalta que, por trás da ofensiva bélica imperialista existe um objetivo muito claro: o controle das reservas de petróleo líbio pelas potências imperialistas e a tentativa de divisão do território da Líbia.
O pretexto de defender os direitos humanos e proteger a população do País é apenas uma cortina de fumaça para justificar esse ato infame contra o povo líbio, pois nem EUA nem a União Européia têm autoridade moral para defender essas bandeiras, uma vez que foram e são patrocinadores das ditaduras mais sanguinárias do planeta, dos governos mais sanguinários do Oriente Médio e das monarquias despóticas que dirigem grande parte da região. Além disso, esses países calam-se diante da invasão do Bahrein pelas tropas da Arábia Saudita e dos emirados Árabes Unidos.
O PCB condena a campanha de desinformação realizada pela mídia hegemônica mundial no sentido de justificar a invasão. Trata-se de mais uma ação do imperialismo no sentido de continuar a política de invasões a países soberanos, como aconteceu na Iugoslávia, Iraque e Afeganistão, com enorme banho de sangue, visando a se apropriar das riquezas naturais e do controle geopolítico da região.
O PCB, coerente com a política de respeito à autodeterminação dos povos, exige o imediato fim dos bombardeios e da intervenção militar e apela às forças progressistas e internacionalistas no sentido de cerrar fileiras na defesa da integridade do território líbio e contra as intervenções imperialistas.
Fora as tropas da OTAN da Líbia!
Pelo fim dos ataques militares à população!
Pela autodeterminação do Povo líbio!
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central
20 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

VADE RETRO, OBAMA!




imagemCrédito: PCB
(Governo brasileiro se curva ao imperialismo)
(Nota Política do PCB)
A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.
A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.
O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.
Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes “o carinho do povo brasileiro com Obama” e a “amizade Brasil/Estados Unidos”. Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como “antiimperialista”.
Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.
No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.
A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.
Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos “mercados” como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.
Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.
O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.
Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição - que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos -, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.
O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.
Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.
Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.
O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.
Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo - Federal, Estadual e Municipal -, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.
A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.
PCB (Partido Comunista Brasileiro)

Poesia de Brecht





imagemCrédito: PCB
em memória da Comuna
Bertolt Brecht
Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem.
As leis não mais serão respeitadas
Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos tomá-lo
Considerando que ele nos aquecerá
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.
Considerando: vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender -
Deveremos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cozinheiras das escolas municipais em luta realizam greve por melhores condições de trabalho

O PCB apoia a articulação e luta das trabalhadoras das escolas municipais, mas não apoia a direção do sindicato STAP. Propomos a organização independente do sindicato, em busca de formar uma direção classista, combativa e sem rabo preso com a prefeitura antipopular do partido dos trabalhadores.
O anúncio de que as cozinheiras das escolas municipais, restaurantes populares e demais secretarias que utilizam esse serviço, entrarão em greve a partir da 0h de segunda-feira empolga as lutas na cidade por melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores da cidade.
 A paralisação ainda está sendo organizada, não sendo possível confirmar os números definitivos da greve, mas grande parte da categoria aderiu ao movimento. Até o momento é possível afirmar que 70% das cozinheiras já aderiram.
A Secretaria de Educação não pretende ceder e, por sua vez, afirmou que a greve deve prejudicar as crianças, pois pode ocorrer alteração no cardápio. No entanto, nenhuma escola vai suspender as aulas, já que a Secretaria utilizará os serviços das cozinheiras que estão em funções administrativas.
De acordo com a Secretaria, serão tomadas providências em caso de adesão ao movimento. A Pasta acrescentou que os funcionários que se ausentarem terão faltas registradas na folha de frequência e desconto nos vencimentos.
Já está se mostrando repressiva a atitude da prefeitura, portanto, apenas a união e articulação combativa e independente dos trabalhadores, sem ceder nem à prefeitura, nem à pelegada do sindicato irá guiar o movimento à verdadeiras conquistas.

Trabalhadores estadunidenses não param de lutar contra a política neoliberal do Estado imperialista

A Polícia do Wisconsin avaliou entre 85 mil e 100 mil o número de pessoas na manifestação de sábado 12 de abril diante do Legislativo estadual em Madison, a capital desse Estado americano, em protesto contra a aprovação, pelos parlamentares, da extinção do direito dos funcionários públicos à sindicalização. O número é maior do que o de qualquer manifestação contra a guerra do Vietnã na cidade, até agora o auge das mobilizações de massa no pós-Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos.

Link para entrevista com o camarada Vinícius agredido pela polícia em um dos atos contra o aumento da tarifa de ônibus em sp

http://www.redebrasilatual.com.br/radio/programas/jornal-brasil-atual/truculencia_prefeitura_debate.mp3/view


Ato contra a presença de Obama no Brasil

                         FORA OBAMA!!






Nota do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) sobre a revolta dos operários na Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia



Greve dos operários da Usina de Santo Antônio, no rio Madeira, Rondônia
Nesta semana acompanhamos a revolta dos operários na Usina Hidrelétrica de Jirau contra as empresas que controlam a barragem. Existem informações de que os mais de 15 mil operários da obra estão em situação de superexploração, com salários extremamente baixos, longas jornadas e péssimas condições de trabalho, que existe epidemia de doenças dentro da usina e não existe atendimento adequado de saúde, que o transporte dos operários é de péssima qualidade, sofrem com a falta de segurança e que mais de 4.500 operários estão ameaçados de demissão. Esta é a realidade da vida dos operários.
Esta situação tem como principal responsável os donos da usina de Jirau, o Consórcio formado pela transnacional francesa Suez, pela Camargo Corrêa e pela Eletrosul. As revoltas dos operários dentro das usinas tem sido cada vez mais frequentes e isso é fruto da brutal exploração que estas empresas transnacionais impõem sobre seus trabalhadores.
Há pouco tempo houve revolta na usina de Foz do Chapecó, também de propriedade da Camargo Corrêa, em 2010 houve a revolta dos operários da usina de Santo Antonio e agora temos acompanhado a revolta dos operários da usina de Jirau.
As empresas construtoras de Jirau são as mesmas que foram denunciadas em recente relatório de violação de Direitos Humanos, aprovado pelo Governo Federal, que constatou que existe um padrão de violação dos direitos humanos em barragens e de criminalização, sendo que 16 direitos têm sido sistematicamente violados na construção de barragens. Os atingidos por barragens e os operários tem sido as principais vítimas.
A empresa Suez, principal acionista de Jirau, é dona da Barragem de Cana Brava, em Goiás, e Camargo Corrêa é dona da usina de Foz do Chapecó, em Santa Catarina. Essas duas hidrelétricas também foram investigadas pela Comissão Especial de Direitos Humanos em que foi comprovada a violação. Estas empresas tem uma das piores práticas de tratamento com os atingidos e com seus operários.
Em junho de 2010, o MAB já havia alertado a sociedade que em Jirau havia indícios e denúncias, que circularam na imprensa local, de que as empresas donas da Usina de Jirau haviam contratado ex-coronéis do exército para fazer uma espécie de trabalho para os donos da usina de Jirau e não seria surpresa se estes indivíduos contratados pelas empresas promovessem ataques ou sabotagens contra os operários e atingidos, para jogar uns contra os outros e/ou criminalizar nossas organizações e sindicatos.
A revolta dos operários é reflexo desse autoritarismo e da ganância pela acumulação de riqueza através da exploração da natureza e dos trabalhadores. Prova desse autoritarismo e intransigência é que estas empresas se  negam a dialogar com os atingidos pela usina e centenas de famílias terão seus direitos negados. As consequências vão muito além disso, pois nesta região se instalou os maiores índices de prostituição e violência.
Em 2011, O MAB completa 20 anos de luta e os atingidos comemoram a resistência nacional, mas também denunciam que estas empresas não tem compromisso com a população atingida e nem com seus operários. Recebem altas taxas de lucro que levam para seus países e o povo da região fica com os problemas sociais e ambientais.
O MAB vem a público exigir o fim da violação dos direitos humanos em barragens e esperamos que as reivindicações por melhores condições de trabalho e vida dos operários sejam atendidas.
Água e energia não são mercadorias!
Coordenação Nacional Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

terça-feira, 15 de março de 2011

Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama será realizada na próxima quarta-feira (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ



imagemCrédito: Livrepensar


Os movimentos sociais brasileiros consideram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, persona non grata no Brasil e rechaçam a sua presença em nosso país.
O atual mandatário dos Estados Unidos mantém a orientação belicista de ocupar países e agredir povos em nome da “luta ao terrorismo”. Obama tem reiterado que o objetivo fundamental do seu governo no setor externo é reafirmação da hegemonia estadunidense no mundo, inclusive na área militar.
Dizemos que Obama é persona non grata no Brasil porque, como latino-americanos, sabemos que a política dos Estados Unidos para a América Latina não mudou em nada. Não aceitamos a manutenção do bloqueio a Cuba, as provocações contra a Venezuela, a Nicarágua, a Bolívia e o Equador.
O governo Obama apoiou o golpe militar em Honduras, que retirou do poder o presidente legitimo Manuel Zelaya, e mantém o apoio ao atual governo de fato, que é denunciado por inúmeras violações aos direitos humanos. Como recompensa pelo apoio às forças golpistas, os EUA instalaram duas novas bases militares neste país.
Temos acompanhado a ampliação da presença militar dos EUA na região, tanto as iniciativas dirigidas a instalar novas bases militares na Colômbia, quanto a movimentação de tropas na Costa Rica e no Panamá.
A disputa pelo petróleo está no centro das guerras promovidas pelo imperialismo estadunidense. No caso do Brasil, logo após a descoberta de petróleo nas águas do Atlântico Sul, reativaram a chamada Quarta Frota de sua marinha de guerra e falam ainda em deslocar para estas pacificas águas, os navios de guerra da OTAN. As imensas reservas do pré-sal, estimadas em pelo menos 10 trilhões de dólares, atraem a imensa cobiça dos EUA. Com certeza, o ouro negro brasileiro é uma das maiores motivações da vinda do presidente estadunidense ao nosso país.
Obama também liderou a Organização do Tratado do Atlântico Norte que consagrou um “novo conceito estratégico” a partir do qual se arroga o direito de intervir militarmente em qualquer região do planeta. Os Estados Unidos nunca abriram mão de dominar nossos países e continuam considerando nosso continente como sua área de influência.
Os EUA sob a presidência de Barack Obama falam em Direitos Humanos, mas mantém os cinco heróis cubanos presos injustamente, e reafirmam o apoio à política genocida do Estado sionista israelense contra o povo palestino. Sob Barack Obama, os Estados Unidos mantiveram a presença das tropas de ocupação no Iraque e no Afeganistão, e desde este país bombardeiam o Paquistão. Só nessas guerras já foram mortos dezenas de milhares de civis e inocentes. Sob o seu governo os EUA ameaçam países soberanos como o Irã, a Síria e a Coréia do Norte, e continuam em pleno funcionamento o centro de detenções e torturas de Guantánamo, mantida em território cubano de forma ilegal e contra a vontade deste povo.
Obama chega ao Brasil num momento em que os Estados Unidos e seus aliados, principalmente os europeus, preparam-se, sob falsos pretextos, para perpetrar novas intervenções militares. Agora, no norte da África, onde, com vistas a assegurar o domínio sobre o petróleo, adotam a opção militar como a estratégia principal. Os Estados Unidos querem arrastar as Nações Unidas para sua aventura, numa jogada em que pretende na verdade instrumentalizar a organização mundial e dar ares de multilateralismo à sua ação militarista e imperial.
No mesmo 20 de março, dia em que Obama estará visitando o Brasil, acontecerão manifestações em todo o mundo convocadas pela Assembleia Mundial dos Movimentos Sociais realizada durante o Fórum Social Mundial de Dacar, Senegal. O dia de mobilização global foi convocado para afirmar a “defesa da democracia, o apoio e a solidariedade ativa aos povos da Tunísia e do Egito e do mundo árabe que estão iluminando o caminho para outro mundo, livre da opressão e exploração”. O 20 de março será um Dia Mundial de Luta contra a multiplicação das bases militares dos Estados Unidos, de solidariedade com o povo árabe e africano, e também de apoio à resistência palestina e saharauí. O mundo não pode tolerar uma nova guerra, agora, na Líbia!
É nesse contexto que convocamos a Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama, espaço onde os movimentos sociais de todo o país construiremos uma grande manifestação de repúdio à presença de Obama no Brasil com destaque para a ação que será organizada no Rio de Janeiro no dia 20 de março.
A Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama será realizada na próxima quarta-feira (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ (Av. Passos, 34, próximo à Praça Tiradentes).
Abaixo o imperialismo estadunidense!

VEM AÍ O TERRORISTA OBAMA – MÃO NA CARTEIRA



imagemCrédito: Latuff
Laerte Braga
A embaixada do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A em Brasília está se empenhando em transformar a chegada do presidente do grupo, Barack Hussein Obama, num prolongamento do carnaval brasileiro.
Usando redes sociais na Internet desde o dia 10 de março, avisa aos nativos que ainda é possível enviar mensagem de boas vindas ao terrorista norte-americano. No melhor estilo de trocar apito por petróleo as mensagens mais entusiasmadas vão receber brindes como canecas e camisas com a imagem do tirano e até IPhones e iPads. A campanha está sendo feita pelo twitter da organização terrorista.
Como nos melhores supermercados de qualquer país do mundo a promoção é feita várias vezes por dia e é preciso estar atento e absolutamente alienado para acompanhar o twitter do conglomerado e ser brindado com os mimos que precedem a chegada da corte terrorista.
Segundo a embaixada o assassino de iraquianos, afegãos e palestinos gosta de “contato popular”.
Barack Hussein Obama é um dos grandes embustes do século XXI. Finge-se de negro e governa segundo os preceitos arianos do MEIN KAMPF (ressuscitado pelo executivo norte-americano na antiga Grã Bretanha - é colônia hoje - David Cameron).
Dono do maior arsenal terrorista de todo o planeta, capaz de destruir a Terra cem vezes se preciso for, maior acionista (o conglomerado que preside) da esmagadora maioria da mídia privada – no Brasil da totalidade – quer transformar sua visita/conquista numa grande festa onde os brasileiros sejam os protagonistas da submissão absoluta ao império.
No governo Dilma Roussef tem três importantes aliados. O ministro da Defesa Nelson Jobim, o ministro de Assuntos Estratégicos Moreira Franco e o ministro das Relações Exteriores Anthony Patriot.
As redes nacionais de tevê estão sendo instruídas a não mostrar imagens de eventuais descontentamentos ou protestos com a presença do terrorista no País, razão pela qual os cenários estão escolhidos a dedo para evitar constrangimentos ao genocida.
Obama vem dizer a Dilma que está tudo errado e que o pré-sal precisa ser repassado aos norte-americanos para a garantia da paz, da democracia e do mundo cristão.
Como a presidente ainda é uma incógnita e está cercada de alguns dos piores elementos da política brasileira, aparenta ser brava, mas é dócil e fácil de ser levada (um brigadeiro, uma camiseta, algo assim) há o temor que Obama consiga levar parte do petróleo nos chamados leilões realizados pelo governo e que implicam, na prática, na cessão de riquezas nacionais aos terroristas que controlam o mundo.
Temerosos que William Bonner e William Haack, agentes norte-americanos junto à mídia brasileira, tenham crises histéricas de paixão quando ao vivo em seus jornais, especialistas estão treinando a ambos para evitar esse tipo de procedimento. A William Waack já foi prometido um jantar tete a tete com a secretária de Estado Hilary Clinton que desde as eleições presidenciais de 2010 nunca escondeu sua admiração pela lealdade do jornalista global.
Se é a luz de vela ou não, não se sabe, é possível que seja iluminado por tochas com petróleo do pré-sal.
Três a seis miligramas de bromazepan deverão ser ministradas a jornalistas globais, da FOLHA, do ESTADÃO, das outras redes de tevê, para evitar surpresas desagradáveis, do tipo “grita o nome do Obama/e depois de desmaiar...”
No caso de VEJA não vai haver necessidade, o cinismo vence a emoção e a revista já está pronta para anunciar a descoberta do Brasil corrigindo um erro histórico que vem desde 1500. OBAMA DESCOBRE O BRASIL! ESTAMOS SALVOS! Deve ser por aí, poucas variações.
O que grande parte dos brasileiros desconhecem é que as chamadas UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA foram importadas de Israel e dos EUA, parceiros mundiais no terrorismo e revestidas dessa característica, impõem a paz do terror aos moradores das favelas do Rio de Janeiro, numa experiência que acontece também no Haiti, onde militares brasileiros cuidam do trânsito, de ajudar idosas a atravessar as ruas e controlar favelas.
Dentro de um projeto mais amplo, do qual o grupo terrorista BOPE faz parte, como faz o filme TROPA DE ELITE e sua continuação (é enganar o incauto cidadão com a história de polícia honesta), o líder do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A deve visitar uma favela no Rio (quem sabe até ensaie uns passos de samba) e mostrar seu contentamento pela pacificação à base do porrete, do saque (O BOPE agride cidadãos indefesos, invade suas residências e rouba o que por lá existe de valor).
O alvo maior, no entanto, é o petróleo.
O terrorista pretende tirar Dilma Roussef para dançar uma valsa de Strauss e em seguida, num champagne preparado com antecedência, levar o pré-sal de volta na bagagem, além de negociar a venda de aviões da BOEING (empresa acionista do conglomerado terrorista) para as forças aéreas brasileiras. O comandante da FAB está radiante com a possibilidade do “negócio”, Jobim então nem se fala.
E Anthony Patriota já fez até promessa de descer nu no aeroporto de New York para mostrar o respeito e a admiração pelos nossos amigos.
Como são cerca de três dias de visita o genocida Barack Obama deve também tratar de tentar dar um jeito em Hugo Chávez, presidente da Venezuela, seduzindo a brasileira a dar apoio às tentativas de golpe de estado naquele país, restabelecendo a democracia cristã e ocidental, tudo com a bênção do núncio apostólico no Brasil.
O Vaticano é uma das empresas do conglomerado desde a eleição de João Paulo II, o santo do pau oco. Com Bento XVI atinge o ápice, bandeiras com a suástica aparecem em todos os cantos do enclave/estado/empresa.
As autoridades policiais estão sendo orientadas a arrancar todas as faixas de protesto contra a visita do “benfeitor”, quer dizer, feitor e a reprimir com dureza manifestações que a critério dessas autoridades possam se exceder nos protestos, tipo constatar que Obama e branco e como os atores brancos que faziam papel de negros em filmes, novelas, etc, é apenas engraxado de preto.
Se você estiver num ponto qualquer do país por onde vai passar a caravana do líder terrorista, mão na carteira. Ela leva o petróleo e a sua carteira, afinal, o país dele está passando o chapéu para poder sustentar as grandes corporações, que o digam os trabalhadores do estado de Wisconsin, em Madison.
A divulgação que a embaixada do conglomerado está distribuindo brindes a quem se dispuser a saudar a visita do líder terrorista foi feita pelo jornal ESTADO DE SÃO PAULO. Estranho? Não, aposta na submissão dos nativos, principalmente a maioria dos leitores daquele jornal que até hoje acha que D. Pedro II governa o Brasil e a escravidão é uma realidade (no que está certo quando se percebe a realidade dos trabalhadores brasileiros).
Uma das reuniões secretas que o terrorista vai manter no Brasil é com os líderes que se opõem à Comissão da Verdade. A que pretende esclarecer os horrores da ditadura militar no Brasil (foi comandada por Washington, um general norte-americano, Vernon Walthers). Os inimigos da verdade vão dizer a Obama que é preciso parar com isso do contrário torturadores, estupradores e assassinos da democracia cristão e ocidental estarão correndo risco de virem a ser punidos como acontece na Argentina e no Chile, onde a turma já está na cadeia. Jobim vai ser o mestre-salas.

sexta-feira, 11 de março de 2011

EQUADOR: A REVOLUÇÃO “CIDADÔ E OS COMUNISTAS



imagemCrédito: PCB
Ivan Pinheiro*
Estive recentemente em Quaiaquil, representando o PCB no XV Congresso do PCE (Partido Comunista del Equador), fundado em 1926. Debateram-se no Congresso principalmente o programa e o estatuto do Partido, sem deixar de lado as questões táticas e estratégicas, que incidem sobre os temas principais.
O momento mais emocionante da abertura foi a homenagem ao jovem Edwin Perez, ex Secretário Geral da JCE (Juventude Comunista do Equador), assassinado recentemente por um ativista de direita, em meio a uma eleição do movimento estudantil.
O PCE tem um peso razoável no movimento de massas. Dirige uma das quatro centrais sindicais (CTE - Confederação dos Trabalhadores do Equador); tem presença importante na FEI (Federação Equatoriana de Indígenas) e na Frente Unida de Mulheres e mantém a JCE (Juventude Comunista do Equador);
O PCE não tem registro eleitoral, em razão das dificuldades impostas pela legislação.
Impressionei-me com as possibilidades e perspectivas do PCE, em fase de reconstrução, como o PCB e outras organizações revolucionárias.
Chamou-me particularmente a atenção uma importante presença proletária entre os delegados, assim como de militantes sindicais e sociais, jovens, indígenas e mulheres. Como em quase todos os Partidos Comunistas da América Latina, os dois maiores contingentes, por faixa etária, são o de militantes jovens, com menos de 30 anos, e daqueles com mais de 60 anos. Isto tem a ver com as sangrentas ditaduras dos anos sessenta a oitenta na região, clandestinidades dos Partidos Comunistas, as divisões entre os comunistas e as vicissitudes por que passou a construção do socialismo na União Soviética e no Leste Europeu.
Os debates se deram num ambiente unitário e fraterno, com as divergências sendo expostas com a firmeza e o respeito próprios dos comunistas, sem grupos, tendências.
O papel da juventude na reconstrução do PCE me pareceu decisiva, inclusive na calibragem da tática e da estratégia. Os comunistas mais jovens não conviveram com alguns problemas e deformações que foram comuns à maioria dos Partidos Comunistas do chamado MCI (Movimento Comunista Internacional), sob a liderança do PCUS (Partido Comunista da União Soviética).
Apesar do saldo histórico altamente credor desses Partidos na luta pelos direitos do proletariado, contra o colonialismo, o nazi-fascismo e o imperialismo, pelo socialismo, eles conviveram com o culto à personalidade, o burocratismo, os manuais, o acento exagerado nas alianças com as chamadas burguesias nacionais e a necessidade de colocarem a luta pela paz mundial na ordem do dia, em nome da preservação da União Soviética.
Seria temerário tentar fazer aqui uma análise mais consistente da atualidade equatoriana. Em geral, o PCB conhece muito pouco do Equador, principalmente pelo fato de que nossa presença neste XV Congresso marcou a retomada das relações bilateriais entre nossos Partidos que sempre foram distantes, como o são as relações entre os dois países de uma forma geral, talvez pela falta de fronteiras e de relações sociais e culturais mais fortes.
Mas saí com a impressão de que o PCE adota uma postura correta frente à realidade de seu país, que é bastante distinta da do Brasil, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento das forças produtivas e, portanto, do capitalismo, e do caráter do governo federal.
A economia equatoriana - sustentada basicamente na exportação de petróleo, frutas, flores, pescado e grãos - tem uma grande dependência ao imperialismo, sobretudo o norte-americano, gerando importantes contradições não só com o proletariado, mas também com setores da pequena e média burguesia. No Brasil, estas contradições não têm o mesmo peso, em face de um capitalismo altamente desenvolvido e integrado ao sistema imperialista, como parte dele, ainda que de forma subalterna, conjugando disputa e subordinação.
As condições equatorianas guardam semelhança, por exemplo, com as da Bolívia e da Venezuela, países em que há espaço para revoluções nacionais democráticas com conteúdo anti-imperialista, antimonopolista e antilatifundiário.
Assim como nos parece correto os comunistas participarem, com independência política e criticamente, dos processos de mudanças na Bolívia e na Venezuela, parece correto o fazerem no Equador, mesmo que o processo nesse país ainda não apresente o mesmo grau de radicalidade. Aliás, nesses três países os comunistas participam e lutam pela radicalização do processo de mudanças, mas não ocupam cargos nos governos e nem os defendem acriticamente, levantando bem alto a bandeira do socialismo.
O longo discurso do Ministro das Relações Exteriores do Equador no Congresso do PCE foi muito importante para compreender o significado da expressão “revolução cidadã”, usada pelo governo Rafael Correa. Trata-se de um reformismo assumido. Baseia-se no que chamam de “socialismo do bem viver”, que basicamente propõe a harmonia do homem com a natureza (a Pacha Mama), com fundamento em princípios éticos e humanistas, conceitos como “comércio justo”, defesa das cooperativas, pequenas e médias empresas, agricultura familiar etc. Apresentam este processo como um socialismo novo, o socialismo do século XXI. Na Bolívia, o discurso é semelhante, se bem que Evo Morales verbaliza a luta pelo fim do capitalismo e não subestima a base de sustentação política que lhe assegura o movimento de massas.
Mas o que chama atenção no Equador é a violência da direita política contra o governo. Como na Venezuela, a mídia burguesa é o maior partido de oposição, coadjuvado pelas associações empresariais, partidos conservadores e ONGs financiadas pela USAID, sob a direção da embaixada norte-americana.
Afinal de contas, Rafael Correa, apesar de limitações, promoveu algumas mudanças. Começou com uma auditoria da dívida externa, que reconheceu apenas 30% do total até então cobrado pelos credores. Através de uma Constituinte livre e soberana, independente do parlamento, propiciou uma nova constituição (promulgada em julho de 2008), avançada em termos de direitos sociais. Determinou a retirada da grande base militar dos EUA que era localizada em Manta. Não se curvou ao estado terrorista colombiano quando este invadiu o espaço aéreo do Equador para assassinar covardemente o comandante Raul Reys (das FARC) e outros militantes, numa ação em parceria com a CIA e a Mossad.
Correa também vem estatizando gradualmente a indústria petroleira, com a criação de um novo marco regulatório, em que o Equador retoma sua soberania sobre parte de suas riquezas e usufrui de seus rendimentos. Isto levou empresas estrangeiras a se retirarem do país, inclusive a Petrobrás, que passa a falsa ideia de se tratar de uma empresa estatal brasileira, mas que tem a maioria de suas ações em mãos privadas, vendidas na Bolsa de Nova Iorque, e que se comporta como qualquer multinacional.
Neste novo marco, a atual estatal PETROEQUADOR vai se dedicar apenas à gestão da política governamental para o setor. Estão sendo criadas mais duas estatais, a PETROAMAZONAS - que vai operar os campos de petróleo, inclusive na área que resultou da expulsão da empresa norte-americana OXY – e a PETROPACÍFICO, que ficará responsável pelo refino e comercialização dos derivados do petróleo.
No mesmo sentido, o Equador mudou a forma subalterna e corrupta com que os políticos burgueses tradicionais se relacionavam com empreiteiras estrangeiras, o que levou inclusive à expulsão do país da Odebrecht, a mais famosa empreiteira brasileira na América Latina, alavancada pelo governo Lula, através de um banco de fomento estatal.
Mas a mais grave transgressão aos ditames e interesses do imperialismo foi o país ter sido um dos fundadores da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), juntamente com Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua. Para se ter uma ideia, a adesão à ALBA – que vem promovendo uma integração soberana e anti-imperialista entre os países da região – foi o principal motivo do golpe em Honduras.
Agora mesmo o governo vem sendo violentamente atacado por ter convocado um plebiscito que será realizado no próximo mês de abril, uma consulta popular com dez perguntas, entre elas sobre medidas contra a corrupção, a evasão fiscal, os monopólios da mídia e do capital financeiro e a morosidade e cumplicidade da justiça com os interesses do capital.
Uma grande polêmica que se instalou na sociedade equatoriana é se houve ou não uma tentativa de golpe e de assassinato de Rafael Correa, em 30 de setembro do ano passado. Tudo leva a crer que, mesmo que houvesse um plano pré-estabelecido, a direita se aproveitou de uma rebelião de policiais para tentar promover o golpe de estado e o assassinato. Por outro lado, a impressão é de que a mobilização de setores populares que apóiam o Presidente foi decisiva para frustrar o intento golpista.
Ao que tudo indica, Rafael Correa, carismático e midiático, soube extrair do episódio um grande ganho político, que lhe assegurou o maior índice de aprovação popular desde a posse e, principalmente, melhores condições de governabilidade.
Dos diversos informes e opiniões diferentes a que tive acesso, é certo que não foram todos os segmentos populares que deram solidariedade ao Presidente naquele momento. As razões residem nas limitações de uma revolução nacional e democrática hegemonizada por setores da pequena e média burguesia e não pelo proletariado. As mudanças não chegam às relações entre capital e trabalho o que, compreensivelmente, desilude segmentos populares em relação à “revolução cidadã”, em que os cidadãos são portadores de direitos formalizados na constituição, mas não sentem qualquer mudança em suas condições de vida.
Além do mais, o Estado não sofre mudanças significativas, funcionando como aparato repressor das classes dominantes e fundamentalmente a serviço delas.
A maior virtude de um processo como este é que torna evidente a luta de classes, contrapondo os interesses do capital aos do proletariado, dos trabalhadores e de setores das camadas médias. Isto não ocorre em processos mitigados, de conciliação de classe, como no Brasil, em que os governos e os partidos ditos de esquerda que lhes apóiam não mobilizam as massas e não enfrentam ideologicamente o capitalismo, até porque têm como objetivo principal fazer do Brasil uma potência capitalista mundial.
A maior debilidade do processo equatoriano é a falta de um instrumento político e de uma organização de massas que impulsione as mudanças no sentido de uma revolução verdadeiramente socialista, que vá na direção do poder popular e da ruptura gradual com o estado burguês.
Aqui reside o “tendão de Aquiles” do processo. O Presidente se comporta como um caudilho de esquerda, numa relação direta com as massas, subestimando a importância da organização e mobilização popular e a construção de uma frente revolucionária.
A tomada do poder político por parte da maioria do povo nunca foi nem será uma concessão generosa das classes dominantes. O sistema de exploração que funde os interesses das chamadas burguesias nacionais com os do imperialismo não “cai de podre” nem pelo passar do tempo. Os exploradores não entregam voluntariamente o poder aos explorados, nem mesmo quando setores representativos destes últimos ganham uma eleição, nos marcos da democracia burguesa. Às vezes, são obrigados, a contragosto, a entregar o governo a setores populares, mas estes só alcançarão o poder popular com lutas muito duras, acumulando forças e golpeando o estado burguês, utilizando-se de métodos e formas de luta as mais variadas (institucionais e insurgentes), adaptadas às circunstâncias, tendo principalmente em conta a correlação de forças entre as classes em luta.
Seja qual for a via da conquista do governo, o caminho ao socialismo só pode ser pavimentado na mobilização e ação das massas e sob a direção de uma vanguarda revolucionária, não através de um partido único, mas de uma frente.
O PCE está atento às limitações e aos desafios do processo. Na última nota política do Comitê Central anterior ao Congresso, o Partido defendia, para a atual etapa do processo equatoriano, “RADICALIZAR, APROFUNDAR E PINTAR DE POVO O PROCESSO”, levantando várias bandeiras, como dinamizar a reforma agrária, consolidar a política externa soberana, desmontar as instituições burguesas do aparelho estatal e fortalecer a unidade de todas as forças sociais e políticas revolucionárias.
Nas Teses ao XV Congresso do PCE, neste particular aprovadas pelo Plenário, se diz no item A ESTRATÉGIA DA REVOLUÇÃO EQUATORIANA que “a luta do povo equatoriano é contra o imperialismo, as oligarquias e os latifundiários”.
Na citação de parte das teses ao Congresso, com a qual encerro esta singela contribuição, fica claro que o PCE não se ilude com a revolução nacional libertadora, em aliança com a burguesia dita nacional. Colocam claramente que a contradição fundamental da sociedade equatoriana “se expressa em duas formas: a contradição entre nossa nação, nosso povo e o imperialismo, em particular o norte-americano, e a crescente contradição entre o capital e o trabalho, entre as forças produtivas que lutam por se desenvolver e as relações sociais de produção baseadas na exploração dos trabalhadores da cidade e do campo”.
A luta entre os beneficiários da atual ordem de coisas e as massas empobrecidas do povo equatoriano nos conduz a definir como tarefa histórica do momento atual um processo de liberação social e nacional que nos leve através de mudanças ininterruptas ao estabelecimento do regime socialista no Equador, como parte integrante da etapa histórica do trânsito do capitalismo ao socialismo.”
*Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro) – março de 2011