domingo, 8 de abril de 2012

Carta dos estudantes de filosofia e Resposta a moção reacionária aprovada na assembleia de profesores da Unifesp


Carta dos estudantes da filosofia aprovada na Assembleia de curso dia 27.02.12

Comunicado dos estudantes de filosofia
Os estudantes de filosofia, como parte integrante, ativa e construtora do processo de greve da Unifesp em 2010 e 2012, sentem-se na obrigação de fazer considerações avaliativas que exponham sua forma de pensar, agir e de analisar os – e nos – processos de luta.
Em primeiro lugar, é necessário que deixar bem clara a nossa posição convicta de que não se conquista nada pela via institucional e não se luta através da burocracia. Em contrapartida, acreditamos na práxis coletiva e organizada como forma de superar as contradições, portanto, defendemos a mobilização estudantil.
Qualquer tentativa de tornar a greve uma forma ilegítima de luta, propondo em seu lugar a atuação institucional no Consu se mostra, ou muita inocência, ou má intenção. Se a representatividade do Consu segue a divisão injusta de 70% para professores e 30% divididos entre estudantes e trabalhadores, é claro que não há condições de atingir conquistas materiais para a comunidade acadêmica, afinal, as condições de enfrentamento são desiguais e insuportáveis. A partir daí, vemos como essa proposta está sustentada numa falácia e só serve aos interesses da reitoria.
É nesse sentido, que defendemos a forma de luta adotada em Guarulhos e Santos, em 2010 e apoiamos o processo de luta que estamos construindo na Universidade em 2012, Em 2010, a greve conseguiu avanços políticos jamais conquistados antes, pressionou a reitoria com a legitimidade e em condições de igualdade, deu um salto qualitativo no que se refere a problemas organizacionais do movimento e trouxe maior amplitude às visões políticas dos estudantes em luta. Além de ter algumas tímidas conquistas materiais, importantes, mas que não puderam sanar as contradições, e por isso, novamente nos empurraram para um processo de lutas.
A universidade tem problemas estruturais gravíssimos, não consegue comportar os estudantes, os funcionários, os professores, os livros, a xerox, etc. Não há como continuar expandindo em situação tão alarmante. É importante que fique claro que não somos contrários a expansão, mas não pode ser feita nessas precárias condições.
Há problemas de organização nos cursos de licenciatura; não há creches para as estudantes que tem filhos; o transporte não suporta a demanda; o restaurante universitário passou por uma falsa reforma – fruto da mobilização da greve de 2010- mas não conseguiu adequar o espaço; o puxadinho foi uma obra às pressas que tentou desinchar a demanda do CEU que não é da universidade, logo, deveria estar reservado para usufruto da comunidade do Pimentas- mas não conseguiu; não há política concreta de moradia, e o tão sonhado prédio continua sendo produto de nossas aspirações, e fica claro que será fruto de nossas lutas.
No entanto, não podemos nos enganar acreditando que essa situação é causada por maldade, descaso, incompetência ou qualquer motivo metafísico. A desestruturação, desmobilização e a perda de qualidade da universidade pública e parte do projeto mercadológico do REUNI. Os empresários é que estão sendo beneficiados com essas políticas desde a esfera da educação, até a especulação imobiliária. Tudo ditado pelo Banco Mundial.
Portanto, é importante que os estudante conheçam os elementos que fundam as contradições e entendam que apenas com a mobilização e a luta consciente contra a educação-mercadoria e em defesa de um projeto popular, não só da educação, mas de poder mesmo, é que haverá a possibilidade concreta de discutir se há ou não educação pública, gratuita e de qualidade essencialmente popular no Brasil.
Terminamos esse comunicado chamando os companheiros estudantes de toda a universidade a se juntarem a nós, da filosofia, na exigência da retirada pela reitoria dos injustos processos abertos na polícia federal contra os 48 estudantes, que estão sendo acusados de formação de quadrilha. Temos total convicção de que o único crime desses companheiros foi lutar contra opressão, a mercantilização do ensino e contra a roubalheira da verdadeira quadrilha da Unifesp, os que foram acusados pelo TCU por desvio de verba, os ladrões da reitoria.

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