quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A EUROPA DOS TRABALHADORES SE LEVANTA NESTE 29 DE SETEMBRO


(Nota Política do PCB)

Mais uma vez na história, um fantasma ronda o continente europeu, onde a luta de classes parecia estar amortecida. Contra a Europa do Capital vem se afirmando com mais força e de modo mais espalhado uma Europa dos Trabalhadores, sobretudo a partir dos gregos, que no final de 2009 mostraram ao mundo o seu imenso poder de mobilização popular contra as medidas liberais para a crise capitalista internacional. Essa mobilização segue firme e vem dando demonstrações constantes de luta unitária contra o capital, como as greves realizadas em junho e em julho deste ano. Mais recentemente, no início de setembro, foi a vez dos trabalhadores franceses mostrarem também a sua força, com a manifestação de 2,5 milhões de pessoas nas ruas contra o aumento da idade mínima para a aposentadoria. Além disso, estão sendo construídas pautas unitárias para grandes mobilizações sindicais na Itália e na Inglaterra, países dos quais há tempos não chegavam notícias como estas.

Nesta quarta-feira, dia 29 de setembro,teremos uma grande demonstração dessa Europa dos Trabalhadores que está sendo constituída. Haverá grandes manifestações simultâneas em pelo menos quatro países: Espanha, Portugal, Grécia e Bélgica. Na Espanha, faz-se uma Greve Geral contra as duras medidas encaminhadas pelo governo Zapatero, medidas que visam atingir a previdência social, enfraquecer o poder de resistência dos sindicatos e facilitar a demissão de trabalhadores. Em Portugal, há uma Jornada Nacional de Luta pelo aumento real dos salários e pela defesa dos direitos trabalhistas.

Como afirma a secretária-geral do Partido Comunista Grego, em sintonia com o que o nosso partido vem afirmando, não pode haver nenhuma convergência de interesses entre o capital e o trabalho. Aqueles que insistem na conciliação e nas medidas supostamente intermediárias, como os social-democratas, são justamente os que vêm conduzindo as reformas antisindicais, antitrabalhistas e antissociais, como o governo do PASOK na Grécia, o governo do PSOE na Espanha, do PS em Portugal e do PT no Brasil.

É evidente que as crises capitalistas atingem mais e com mais força os trabalhadores, em especial aqueles mais precarizados. Estes não são os responsáveis, mas são os que acabam arcando com as chamadas medidas de “austeridade”, que implicam em redução dos já irrisórios gastos sociais e um comprometimento ainda maior dos orçamentos públicos com o pagamento de dívidas com o sistema financeiro. Mas a resposta à crise capitalista deve passar pela garantia de mais e melhores direitos, não o oposto!

Em nosso país, algumas categorias como a dos petroleiros, metalúrgicos, bancários e trabalhadores dos Correios vêm enfrentando duras lutas contra os patrões e o governo. Fazemos um chamado de unidade e luta para resistirmos a todos os ataques aos direitos trabalhistas e avançarmos em novas conquistas.

Toda a solidariedade aos trabalhadores europeus!

A luta de lá é a mesma daqui!

Preparar a luta da classe trabalhadora para resistir aos ataques que se anunciam!

Reforçar a UNIDADE CLASSISTA!

Construir a INTERSINDICAL!

Nenhum direito a menos, avançar em novas conquistas!

Construir a Frente Anticapitalista e Antiimperialista!

Partido Comunista Brasileiro

(Comitê Central)

Unidade Classista

Imperialismo e narco-governo da Colômbia assasinam lutador social das FARC-EP


Miguel Urbano Rodrigues

A morte do comandante Jorge Briceño, das FARC, foi apresentada pelo sistema mediático controlado pelo imperialismo como «grande vitória da democracia sobre o terrorismo» e festejada pelo presidente dos EUA e pela maioria dos governantes da União Europeia.

A mentira e a calúnia podem manipular a informação e enganar centenas de milhões de pessoas, mas não fazem História.

O comandante Jorge Briceño, nome de guerra de Victor Suarez, conhecido na Colômbia como Mono Jojoy – «homem branco», no dialecto das tribos amazónicas da Região – foi um estratego militar de prestígio continental e um revolucionário exemplar que dedicou a vida ao combate pela libertação do seu povo, oprimido pela oligarquia mais corrupta e sanguinária da América Latina.

A sua morte culminou numa operação de custo milionário em que participaram a Força Aérea, a Polícia, os serviços de inteligência, o Exército e a Marinha da Colômbia com a colaboração de Israel, da CIA e do Pentágono.

O crime começou a ser preparado cientificamente há quatro anos quando, numa bota de Mono Jojoy foi colocado um chip que permitia via satélite GPS acompanhar a sua movimentação nas densas florestas dos Departamento do Meta e do Caquetá, praticamente controladas pelo Bloco Oriental das Forças Armadas Revolucionárias – FARC, por ele comandado.

O cerco dos acampamentos do comandante Briceño, nas Serranias de La Macarena, principiou no dia 21 de Setembro. Segundo fontes oficiais, o bombardeamento das instalações, que abrangiam numerosas e profundas cavernas naturais nas escarpas da montanha, foi devastador. 20 Aviões e 37 helicópteros lançaram, no dia 22, sobre uma área reduzida, 100 bombas num total de 50 toneladas.

No ataque foram utilizadas armas e tecnologia que os EUA somente fornecem a Israel e à Colômbia.

A intervenção posterior de forças terrestres da VII Brigada do Exército encontrou, segundo o governo de Juan Manuel Santos, forte resistência das FARC. Nos combates que ainda prosseguem na Região, o Exército reconheceu ter sofrido numerosas baixas, entre feridos e mortos.

A TRAIÇÃO

Tal como ocorreu com a operação encenada cujo desfecho foi a mal chamada «libertação» de Ingrid Bettencourt, a traição de alguns guerrilheiros está na origem do assassínio do Jorge Briceño. Sem ela, a localização do acampamento e do lugar exacto onde se encontrava o comandante na hora do ataque, não teriam sido viáveis. Aliás, somente o segundo bombardeamento, realizado com bombas «inteligentes» de grande precisão, atingiu o objectivo: matar Jorge Briceño

Mono Jojoy sofria de uma diabetes avançada. Por suportar mal as botas da guerrilha, usava umas ortopédicas, especiais. Segundo informações divulgadas pelo Governo e pelo Exército, o responsável pela Intendência das FARC incumbido de comprar esse calçado entrou em contacto com os serviços de inteligência que introduziram o minúsculo chip numa dessas botas.

Cabe esclarecer que o Governo de Uribe – o anterior presidente – tinha criado um prémio equivalente a dois milhões de euros para quem contribuísse para a «captura ou morte» do chefe guerrilheiro.

A fixação da data para a operação – intitulada pelo governo «Boas Vindas às FARC» e «Sodoma» pelas Forças Armadas – foi antecipada porque nas últimas semanas a organização guerrilheira, desmentindo a propaganda oficial que a apresentava como moribunda, retomara a iniciativa em múltiplas frentes, numa demonstração da sua vitalidade.

Em Agosto e Setembro, em ataques de surpresa e embocadas, nos Departamentos do Caquetá e do Meta, foram abatidos em combate 90 elementos do Exército e da Polícia.

Simultaneamente, o Secretariado do Estado Maior Central das FARC reafirmava a sua disponibilidade para negociar com o novo governo a paz desejada pelo povo colombiano e dirigia-se à UNASUL, solicitando uma reunião em que pudesse expor e defender o seu projecto de uma verdadeira paz social para o País.

O presidente títere José Manuel Santos, com o aval de Washington, tomou então a decisão de montar o ataque à Serra de La Macarena cujo desfecho foi o assassínio do comandante Jorge Briceño e de alguns dos seus camaradas.

OS PARABÉNS DE OBAMA

Jorge Briceño é qualificado pelos media de Bogotá e dos EUA de assassino, terrorista feroz e narcotraficante. A linguagem costumeira para designar os dirigentes das FARC.

Essas calúnias e insultos estão desacreditados na América Latina. As forças progressistas do Continente e milhões de trabalhadores identificavam em Briceño um revolucionário de fibra, sabem que ele foi desde a juventude um comunista coerente. Ao oferecer um prémio gigantesco pela sua cabeça, o governo de Uribe demonstrou o respeito que lhe inspirava a capacidade de Mono Jojoy como estratego. Nas cordilheiras e nas selvas colombianas ele, combatendo, adquirira um prestígio quase lendário, emergindo como um símbolo da invencibilidade das FARC. Muitas vezes lhe anunciaram a morte para depois a desmentirem.

O general Padilla, quando comandante-chefe do Exército, dirigiu-lhe um apelo para que se rendesse, oferecendo-lhe garantias se o atendesse. Briceño, em resposta irónica, disse-lhe que uma organização revolucionária que lutava há quase quatro décadas somente deporia as armas quando o povo da Colômbia fosse libertado.

Em 2001, quando as FARC, na cidade de La Macarena, não longe da Serra do mesmo nome – libertaram unilateralmente cerca de 300 soldados e polícias capturados em combate, tive a oportunidade de conhecer e saudar Mono Jojoy. A troca de palavras foi breve porque ele era assediado por embaixadores ocidentais da Comissão Facilitadora da Paz então existente que admiravam o seu talento de estratego. Recordo que nessa jornada o interrogaram sobre a proeza militar que fora a tomada da cidade de Mitú na fronteira da Venezuela numa ofensiva fulminante de Briceño que humilhou os generais colombianos. As FARC combatiam então em 60 Frentes. Vi um vídeo do acontecimento. O discurso que na época dirigiu à população, concentrada na praça principal da cidade, foi uma peça de oratória revolucionária divulgada inclusive por grandes jornais da América Latina.

Compreende-se o ódio da oligarquia colombiana ao estratego das FARC.

Para o matar tiveram de mobilizar milhares de homens e dezenas de aeronaves e de gastar milhões para comprar a consciência de traidores. Agora exibem-lhe o cadáver como troféu.

O presidente dos EUA, numa atitude abjecta, saudou o seu colega colombiano pelo crime. Abraçou-o na Assembleia-Geral da ONU, anunciou um aprofundamento da aliança com o regime fascista de Bogotá, e declarou, eufórico: «sublinho a liderança do presidente Santos e felicito-o porque ontem foi um grande dia para a Colômbia, em que as suas forças armadas realizaram um extraordinário trabalho (…) O presidente da Colômbia pode contar com todo o nosso apoio».

Essa a noção que o imperialismo tem da ética.

Mas Obama e Santos podem insultar o comandante Briceño, chamar-lhe bandido, assassino e terrorista que as suas calúnias não têm o poder de apagar a grandeza do guerrilheiro caído em combate.

Os nomes de Uribe, de Santos e dos generais que o assassinaram serão em breve esquecidos. Não o de Mono Jojoy, revolucionário e soldado da tempera de Bolívar, Sucre, Artigas. Com o tempo subirão da terra pelas Américas estatuas do heróico comandante das FARC. Será recordado com admiração e orgulho pelas futuras gerações,tal como o de Manuel Marulanda, fundador das FARC

V.N de Gaia, 26 de Setembro de 2010.

PSDB perde ação contra o PCB de São Paulo





O TSE decidiu hoje pela improcedência da ação proposta pela Coligação Brasil Pode Mais e pelo presidenciável José Serra contra o PCB e seu candidato ao senado por São Paulo, Antonio Carlos Mazzeo,

Na ação, o PSDB pretendia obter o direito de resposta de um minuto devido a afirmação veiculada em programa eleitoral na televisão pelo PCB que acusava o ex-governador do estado de São Paulo de ordenar a invasão dos campi da USP e da UNESP e a prisão de estudantes e funcionários das universidades.

A Coligação afirmou que a propaganda teria ofendido a honra de seu candidato, José Serra, pois não seria de sua competência como governador determinar esse tipo de ação por parte da polícia.

Na decisão, o ministro Joelson Dias entendeu não serem ofensivas nem inverídicas as afirmações levadas ao ar no programa do PCB. Ainda em sua decisão, Dias afirma que a polícia militar age sob comando e é subordinada ao Poder Executivo, exercido à época pelo ex-governador Jose Serra.

Felipe Lopes Tamelini, do escritório de advocacia Gomes, Almeida & Caldas, que defendeu o PCB, elogiou a decisão apontando como elemento importante o reconhecimento do direito de crítica durante a campanha. “É evidente a preocupação da campanha de José Serra com sua baixa aceitação popular. Com a ação, o candidato tenta obter sem fundamento jurídico algum algo mais de tempo durante o horário eleitoral gratuito”, afirmou.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cadê o Plínio ? ou A Estadolatria estratégico-tática do PSOL.

Renato Queiroz
Em uma crítica absolutamente camarada e construtiva, buscamos chamar a a atenção dos companheiros do PSOL para alguns problemas que surgiram na construção da unidade entre os partidos da esquerda, tentando relacionar a um problema teórico na construção estratégico-tática do partido, a estatolatria (termo de Gramsci nos cadernos do cárcere).


Não é recente o posicionamento duvidoso dos companheiros do PSOL em determinadas situações. Desde seu surgimento, muitas vezes, vimos o PSOL dar ênfase às pautas voltadas para as eleições, abandonando o caráter socialista, popular e revolucionário de algumas pautas - para torná-las mais aceitáveis ao "grande público"- e , inclusive deixando de lado a construção da unidade dos partidos da esquerda socialista revolucionária.

Vemos que os companheiros do PSOL não estavam dispostos a construir um programa socialista e revolucionário para as eleições de 2010. Assumiram um papel de primazia na campanha, colocando os outros partidos que quisessem coligar com eles em uma posição secundária. Não houve acordo.

Em 2006, na frente de esquerda - segundo Ivan Pinheiro - a campanha estava centralizada em uma personalidade, Heloísa Helena. Um grave erro, na concepção do partido, que não deve se repetir. Na perspectiva da frente anticapitalista e anti-imperialista, devemos construir a unidade programática entre as forças contra hegemônicas, assim como as condições subjetivas da revolução socialista no Brasil.

Ora, nesse sentido, não vale a pena insistir em disputar o jogo de cartas marcadas que é o processo eleitoral burguês com expectativa de vencer. Afinal, há diversos pontos já conhecidos - como o financiamento privado das campanhas, o voto proporcional, a censura dos meios de comunicação burgueses sobre os candidatos da esquerda - que tornam esse meio inviável.

Assim, é necessário que se construa uma ampla agitação e propaganda - evidente que de acordo com as pernas que nos concedem - no período eleitoral, divulgando o partido e construindo a unidade com os partidos, movimentos e forças de esquerda. Sem ilusão de que há a a possibilidade de ganhar ou disputar seriamente algum cargo em nossa "democracia" burguesa.

Consideramos que as condições objetivas de uma revolução socialista no Brasil estão dadas No entanto, as mudanças na estrutura econômica de um Estado, significam mudanças na superestrutura dele. A superestrutura do Estado é separada em duas instâncias, a sociedade política e a sociedade civil.

Em sociedades desenvolvidas economicamente e ideologicamente, tanto as relações sociais de produção, quanto a direção hegemônica política - moral - ideológica, são essencialmente burgueses, logo, a tática e a estratégia são diferentes de um país semi colonial, semi feudal - "oriental", como diria Gramsci. Não há possibilidade, num país "ocidental", de acúmulo capaz de construir mudanças revolucionárias na estrutura econômica do Estado sem o controle proletário dele. No entanto, a complexidade das relações ideológicas hegemônicas nos traz a perspectiva de uma maior complexidade - num movimento diretamente proporcional - das condições organizativas da classe e das formas de luta, afinal, a burguesia está mais preparada em suas formas de consenso, coerção e cooptação . Mas, se considerarmos alguns fatores, tais como a atual conjuntura de ressurgimento do socialismo como ideia-força - algo impossível com o cadáver da experiência soviética ainda cheirando nos anos 90- do recuo da ofensiva neoliberal, da ascenção do social-liberalismo - já identificado como burguês e digno de uma negação como alternativa ao sistema -, além da revolução bolivariana , da ALBA e da resistência cubana - o terreno passa a tornar-se mais propício à ofensiva estratégica, como diz Fidel em seu novo livro.

No entanto, as oportunidades que a vida nos dá vão-se embora se não aproveitadas pelos revolucionários na síntese de suas definições concretas estratégico táticas da conjuntura concreta, tal síntese, por suposto, é a práxis. Há tarefas fundamentais nessa prática e uma delas é a unidade político-programática e de ação- sem dissolução ou seguidismo - das forças contra hegemônicas.

O PSOL não estava presente no debate da esquerda. Uma atitude de desprezo sobre os companheiros de estratégia - qual a causa disso ?
A falta de representatividade numérica dos candidatos do PCB, PSTU e PCO nas pesquisas burguesas encomendadas pelos meios de comunicação hegemônicos. O PSOL confunde estratégia e tática realizando esse tipo de ação, afinal, a campanha de Plínio não tem expressão capaz de ter qualquer perspectiva de vitória. E mesmo que ele ganhasse, não há governabilidade nessa correlação de forças altamente desfavorável. A solidariedade socialista e revolucionária e, principalmente, de classe o traria ao debate, que teria um toque a mais com sua presença, no entanto "problemas de agenda" o fizeram somar aos "outros candidatos", Dilma e Marina, que estavam ausentes.

Acho importante, como fechamento dessa reflexão, inserir uma pequena análise de Carlos Nelson Coutinho - que apoiou a fundação do PSOL - acerca do conceito Gramsciano de Estatolatria.

(...) nota contida nos Cadernos do cárcere, intitulada "Estatolatria" (10). Redigida em abril de 1932, essa nota refere-se claramente à União Soviética, embora Gramsci não o diga explicitamente. (Não o diz, certamente, porque - escrevendo no cárcere e sujeito à censura dos diretores da prisão - Gramsci evitava usar termos que pudessem chamar a atenção dos seus carcereiros-censores; é assim, entre outros disfarces, que fala em "filosofia da práxis" para dizer marxismo, em "sociedade regulada" como sinônimo de comunismo ou no "principal teórico moderno da filosofia da práxis" para se referir a Lenin.) Na referida nota, ele começa observando - e eu o cito literalmente -- que "há duas formas com que o Estado se apresenta na linguagem e na cultura de épocas determinadas, ou seja, como sociedade civil e como sociedade política, como 'autogoverno' e como 'governo dos funcionários'". Desse modo, ao mesmo tempo em que recorda na nota sua conceituação dos dois níveis do Estado "ampliado" -- a sociedade civil e a sociedade política (ou Estado strictu sensu) --, Gramsci parece aludir aqui, também, à importante distinção que faz entre "Oriente" e "Ocidente", entendidos os dois termos não em sentido geográfico, mas sim histórico-político: enquanto no "Oriente" o Estado seria tudo e a sociedade civil permaneceria primitiva e gelatinosa, para recordarmos suas próprias palavras, no "Ocidente" haveria, ao contrário, uma relação equilibrada entre os dois momentos da esfera pública ampliada (11).
"Estatolatria", por conseguinte, seria todo movimento teórico ou prático dirigido no sentido de identificar o Estado apenas com a "sociedade política", com os aparatos coercitivos, com o "governo dos funcionários", omitindo ou minimizando o elemento consensual-hegemônico próprio da "sociedade civil", do "autogoverno" - ou, em outras palavras, seria conceituar o Estado somente a partir das situações de tipo "oriental". Ora, todo leitor da obra de Gramsci sabe que, quando se refere a "Oriente", ele pensa sobretudo - ainda que não exclusivamente - na Rússia anterior à Revolução de 1917. Portanto, é evidente que ele se refere à União Soviética e à sua classe operária agora supostamente governante quando diz, sempre na nota que estamos comentando: "Para alguns grupos sociais, que antes da ascensão à vida estatal autônoma não tiveram um longo período de desenvolvimento cultural e moral próprio e independente (como ocorre na sociedade medieval e nos governos absolutistas [como o da Rússia]), um período de estatolatria é necessário e até mesmo oportuno: essa 'estatolatria' não é mais do que a forma normal de 'vida estatal', ou, pelo menos, de iniciação à vida estatal autônoma e à criação de uma 'sociedade civil', que não foi possível criar historicamente antes da ascensão à vida estatal independente".
O texto citado é claro: já que a classe operária russa fez a revolução num país de tipo "oriental", onde a sociedade civil ainda não fora historicamente criada e era assim primitiva e gelatinosa, compreende-se que ela e seu Partido, ao se tornarem governo, tivessem promovido num primeiro momento o fortalecimento do Estado, ou da "sociedade política", ou do "governo dos funcionários", já que isso era condição para romper com o atraso e empreender assim os primeiros passos para a construção de uma nova ordem. É como se Gramsci dissesse: numa sociedade "oriental", de escassa ou nenhuma tradição democrática, é compreensível que a primeira manifestação de um governo socialista assuma traços ditatoriais ( (...)uma "ditadura do proletariado"), ainda que - como já vimos na carta de 1926 que há pouco comentamos -- ele também defenda, ao mesmo tempo, a idéia de que essa "ditadura" não deve perder sua base consensual, sua dimensão hegemônica, sobretudo na relação com as massas camponesas.
Mas, embora reconhecendo a necessidade desse momento "estatolátrico" inicial - um reconhecimento que, como ele deixa claro, vale somente para os países de tipo "oriental" -, Gramsci especifica logo em seguida (e volto a citá-lo literalmente): "Todavia, essa 'estatolatria' não deve ser deixada a seu livre curso, não deve, em particular, tornar-se fanatismo teórico e ser concebida como 'perpétua': deve ser criticada, precisamente para que se desenvolvam e se produzam novas formas de vida estatal, nas quais as iniciativas dos indivíduos e dos grupos seja 'estatal', ainda que não devida ao 'governo dos funcionários' (ou seja, deve-se fazer com que a vida estatal se torne 'espontânea') [...]. O movimento para criar uma nova civilização, um novo tipo de homem e de cidadão, (...) [implica] a vontade de construir, no invólucro da sociedade política, uma complexa e bem articulada sociedade civil, na qual o indivíduo singular se autogoverne".
Gramsci, também aqui, é claro: o socialismo que ele propõe não se identifica com o "governo dos funcionários", com o domínio da burocracia, mas requer a construção de uma forte sociedade civil que assegure a possibilidade do autogoverno dos cidadãos, ou seja, de uma democracia plenamente realizada. Distinguindo-se dos social-democratas que se opuseram à revolução bolchevique e à União Soviética (Kautsky, Bernstein e tantos outros), Gramsci - tal como Rosa Luxemburg -- defende a necessidade da revolução e se solidariza, ainda que criticamente, com seus primeiros passos. .

Israel lançou o segundo bombardeio à Gaza em 12 horas


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A aviação israelense bombardeou hoje duas zonas civis de Gaza. É a segunda incursão armada sobre esta área costeira em apenas 24 horas, deixando como saldo um palestino morto e outros dois feridos.

Testemunhas palestinas assinalaram que os aviões de combate de Tel Aviv dispararam contra um armazém de ferramentas agrícolas no norte da faixa e numa área deserta em Rafah, localidade limítrofe com o Egito, onde existem inúmeros túneis subterrâneos.

Por sua vez, porta-vozes militares sionistas justificaram a agressão desta manhã, alegando que se tratavam de supostas fábricas e depósitos de armas para a resistência assentada no local, em particular para o grupo islamista Hamas.

Os ataques, segundo Israel, foram em resposta ao lançamento de nove foguetes contra colônias judias em Nagab, Ashoul e Ashkelon nas última 24 horas por milícias do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) ou de outros grupos palestinos.

Não obstante, fonte médicas em Gaza denunciaram que se tratou de uma segunda onda de bombardeios em menos de 12 horas contra esta área. Na quarta-feira à noite, um trabalhador palestino morreu num túnel e outros dois sofreram lesões ocasionadas por metralhadoras israelenses.

Os aviões dispararam ontem contra túneis clandestinos em Rafah, com o pretexto de impedir o contrabando de armas para o Hamas. Essas passagens subterrâneas são usadas, basicamente, para a entrada de mercadorias deficitárias por conta do bloqueio israelense.

De fato, os residente nessa zona asseguram que os bombardeios não somente geram temor entre civis indefesos, como também acabam com o comércio informal sustentado pela entrada de mercadorias vindas do Egito.

Também na terça-feira, outros três palestinos, um deles de 91 anos, morreram depois de forças terrestres israelenses dispararem contra um grupo de pastores no centro de Gaza, próximo de Juhor Ad-Dik, ao oriente do acampamento de refugiados de Al-Bureij.

Um dia depois, o comando militar sionista teve que reconhecer que as três vítimas fatais eram civis inocentes. No que se refere aos ataques israelenses contra Gaza, só no mês de setembro, já deixaram um saldo de seis mortos e oito feridos.

(Com informação da Prensa Latina)

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

Fonte: http://www.cubadebate.cu

Debate da esquerda reforça a unidade.

Reforma agrária, jornada de trabalho, desemprego, déficit habitacional. Temas que passam longe dos debates eleitorais tradicionais promovidos pelas grandes emissoras de TV deram o tom do debate dos candidatos da esquerda à Presidência mediado pelo jornal Brasil de Fato na noite desse dia 21 de setembro, em São Paulo. O debate reuniu Zé Maria (PSTU), Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO), candidatos da esquerda vetados pelas coberturas eleitorais da grande mídia.

Mais que um debate dos candidatos da esquerda, foi um verdadeiro ato contra a censura que, na prática, os grandes meios de comunicação impõem à campanha eleitoral. O debate da esquerda mostrou que existem alternativas à falsa polarização entre PT e PSDB que as TV’s querem que a população engula.


Ivan Pinheiro (PCB), Zé Maria (PSTU) e Rui Pimenta (PCO)

Rompendo o cerco da mídia
A própria realização do debate já serviu para furar em parte o bloqueio da mídia. Transmitido pela Internet, chegou a ser visto simultaneamente por mais de 4.300 pessoas. Sucesso que acabou por prejudicar a própria transmissão, que ficou sobrecarregada. O que mostra que a falta de visibilidade imposta pela imprensa não é conseqüência, como fazem crer, de uma suposta inexpressividade das candidaturas.

Contraditoriamente, o debate atraiu grande parte da imprensa comercial. Band, Folha, Estadão, e praticamente todos os portais de notícia compareceram. Até mesmo veículos estrangeiros, como o jornal La Jornada, do México e a TV argentina La Vision foram ver os candidatos socialistas.

Debate de verdade
O clima amistoso e de companheirismo entre os militantes das diferentes organizações na plateia, assim como o respeito entre os próprios candidatos, contrariaram uma ideia bastante difundida sobre a esquerda socialista e seu suposto sectarismo intrínseco. O que não impediu, é claro, a existência de polêmicas no decorrer do debate. O mais importante, porém, é que foram discutidas propostas de verdade, ao contrário dos outros debates.

Democráticos, além da pergunta de jornalistas, os candidatos responderam às questões dos internautas. Foram debatidos temas como a política econômica do governo Lula, sua política externa, a injusta carga tributária do país, a reforma agrária e a violência no campo, entre outros assuntos. O debate também tratou de temas espinhosos, como a divisão da esquerda e diferentes visões sobre, por exemplo, o papel de Hugo Chávez. Temas polêmicos, mas tratados com muito respeito entre os candidatos.


Debate atraiu atenção de grande parte da imprensa

Uma importante ausência
O debate, infelizmente, poderia ter sido melhor caso o candidato do Psol, Plínio Sampaio (PSOL) tivesse aceitado o convite do Brasil de Fato para participar. O candidato, porém, alegou problemas de agenda para justificar sua ausência. No mesmo dia, Plínio estaria em um evento do instituto Ethos, uma entidade que prega a responsabilidade social entre os empresários.

O candidato do PCB, Ivan Pinheiro, mesmo reconhecendo a importância do Psol e de Plínio, criticou a decisão do candidato.“Plínio foi desrespeitoso com a esquerda e os demais candidatos, principalmente porque o motivo alegado por ele para não vir, seu compromisso, terminava meio-dia e meio”, disse. O debate do Brasil de Fato teve início às 21 horas.

Reforçar a unidade
A opinião unânime é que o debate foi uma grande vitória. O que prevaleceu foram importantes acordos, tantos estratégicos, como a impossibilidade de grandes mudanças sociais por dentro do sistema capitalista e a necessidade do socialismo, como táticos, como a importância de se aprofundar a unidade da esquerda para além das eleições de outubro, construindo-a na luta concreta da classe trabalhadora. Algo que ninguém vai ver na Globo.



Matéria do site do PSTU

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DEBATE ENTRE CANDIDATOS DE ESQUERDA NESTA TERÇA-FEIRA, DIA 21, ÀS 21 HORAS, PELA INTERNET


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CONFIRMADOS IVAN PINHEIRO (PCB), JOSÉ MARIA (PSTU) E RUI PIMENTA (PCO)

Veja abaixo Nota do jornal Brasil de Fato

Debate entre candidatos a presidente no campo da esquerda

Um esforço do Brasil de Fato para se opor ao caráter anti-democrático do atual processo eleitoral

As eleições – espaço político importante para apresentar projetos para o país e elevar a consciência política da população brasileira – estão cada vez mais despolitizadas e mais dependentes do poder econômico. São vergonhosas e imorais as milionárias cifras gastas para eleger os poderes Executivo e Legislativo em nosso país.

A campanha eleitoral está reduzida à propaganda na televisão, a marketing de pessoas – não de

programas – que dependem de esquemas econômicos muito caros. A compra de cabos eleitorais – “militância” paga e material de propaganda sofisticados – se tornou um fato normal. Com isso, tem mais vantagem os candidatos que conseguem maiores arrecadações de recursos, junto a empresas, bancos etc., em mecanismos promíscuos para quem deseja ocupar cargos públicos e administrar volumosos recursos do povo.

Nesse cenário, não há um clima de debates de ideias e de agitação política na sociedade. As campanhas eleitorais estão engessadas, moldadas por uma legislação que impede uma participação popular mais ativa. Limita comícios e atividades de agitação política próprias da natureza do processo.

Com o debate sobre os rumos do país jogado ao ostracismo, a grande ausente do processo eleitoral brasileiro é a política. Política aqui entendida como a disputa de interesses contraditórios acerca dos problemas fundamentais da sociedade. E, numa sociedade de es, desigual como a brasileira, o desaparecimento do conflito favorece os mais fortes, os dominantes.

A mídia corporativa cumpre um papel fundamental nesta mediocrização das campanhas eleitorais. A cobertura limita-se aos “favoritos” – exatamente aqueles com os orçamentos milionários – e a linha editorial prioriza as trajetórias e características pessoais dos candidatos. Ou seja, projetos para o país jamais são discutidos.

Num esforço para apresentar alternativa ao quadro eleitoral, o Brasil de Fato realizará no dia 21 de setembro, às 21 horas, um debate entre os candidatos à Presidência da República representados em nosso conselho editorial. Foram convidados Dilma Rousseff (PT), Ivan Pinheiro (PCB), José Maria de Almeida (PSTU), Marina Silva (PV), Plínio Arruda Sampaio (PSOL) e Rui Costa Pimenta (PCO).

Seguindo sua característica de ser plural no campo da esquerda, o jornal Brasil de Fato convida também outros veículos de comunicação da imprensa alternativa e popular no sentido de dar amplitude ao debate.

Este debate trata-se de uma atividade unificada de movimentos sociais e partidos de esquerda, aberto a adesão de outros movimentos que entendem a importância de fortalecer a diversidade de vozes dentro de uma sociedade democrática.

O debate terá também um caráter de ato político, com o objetivo de denunciar a falta de democracia do atual processo eleitoral, uma vez que a mídia corporativa adota critérios arbitrários para excluir candidaturas da sua cobertura. Portanto, o debate é na prática, um protesto contra o atual sistema eleitoral e midiático.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/269

Entrevista de Eduardo Serra ao Globo

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Eduardo Serra, candidato do PCB ao governo, defende royalties para estados mais pobres e aumento de ICMS para grandes empresas

Fábio Vasconcellos e Maiá Menezes

RIO - Professor de engenharia da UFRJ, o candidato ao governo do Rio pelo PCB, Eduardo Serra, 54 anos, defende a reestatização do sistema de transporte e saúde, e diz que, se eleito, pretende aumentar a alíquota de ICMS para as grandes empresas. Para o candidato, os royalties do pré-sal devem ser distribuídos com estados mais pobres. Segundo entrevistado na série de sabatinas do GLOBO com os candidatos a governador do Rio, Eduardo Serra não demonstra preocupação com o fato de ter apenas 2% das intenções de voto nas pesquisas e diz que sua campanha é "para além das eleições".

O GLOBO: No programa de governo do senhor, só existem propostas para o Brasil. O senhor é candidato de uma causa ou ao governo do Estado do Rio?

EDUARDO SERRA: As duas coisas. O que está registrado no TSE é o programa nacional do PCB. Ele é voltado para a Presidência. Quando defendemos a democracia de participação direta, dos conselhos populares, com a qual pretendemos governar, estamos falando de propostas também aplicáveis ao Rio.

O GLOBO: O senhor defende a reestatização do sistema de transporte e saúde. Onde ela resultou em serviços melhores?

EDUARDO SERRA: Barcas, trens e metrô já transportaram muito mais passageiros do que hoje. A privatização desses segmentos não resultou na expansão desses serviços, nem em melhoria. Pelo contrário, o metrô hoje está com problemas. As barcas regularmente entram em crise. Nos países da Europa, por exemplo, esses setores sempre foram públicos como forma de fomentar o desenvolvimento e garantir direitos sociais

O GLOBO: Mas o senhor acha factível a manutenção desse sistema reestatizado?

EDUARDO SERRA: Não será um sistema gratuito. Nós achamos que o sistema tem que se auto-sustentar. Os estudos que nós temos apontam para um sistema integrado, com empresas públicas de ônibus, barcas, trens e metrô, nós podemos ter uma tarifa reduzida, sem ter prejuízo. Nós queremos fazer isso de forma gradativa. Não vamos tomar de assalto.

O GLOBO: O senhor defende que os royalties do petróleo vão para estados com menor IDH?

EDUARDO SERRA: Defendemos a manutenção dos contratos atuais porque o Rio foi lesado na Constituição de 1988, com a perda da tributação de combustíveis que ficou no destino. Sobre o uso dos royalties atuais, eles deveriam ser redimencionados. Deveria ser rubricado primeiro para pesquisa de energia alternativa, segundo para a prevenção de acidentes ambientais e terceiro para as áreas sociais. Com os recursos provenientes da exploração da camada do pré-sal, o que propomos é que (a distribuição) seja na razão inversa do IDH. O estado que tem menos recursos receberia um pouco mais.

O GLOBO: Qual sua política para a UPPs?

EDUARDO SERRA: Não se pode combater a violência apenas com a ação policial. Nós defendemos uma policia civil unificada, absorvendo a atual polícia militar e civil. Entendemos que o enfrentamento militar da violência e do crime leva à criminalizando da pobreza. Queremos essa polícia civil renovada presente em todas as áreas.

O GLOBO: Mas o senhor acabaria com as UPPs?

EDUARDO SERRA: As UPPs têm um lado bom, que é estar presente em locais onde há violência. Eu transformaria a natureza delas para algo mais abrangente. Nós achamos que a política de segurança tem que passar pelos conselhos populares, para que as pessoas possam opinar sobre o que deve ser feito.

O GLOBO: Por que o PCB não se aliou ao PSTU e ao PSOL?

EDUARDO SERRA: Temos a intenção de criar uma frente anticapitalista, anti-imperialista, que apresente um projeto de uma outra sociedade. Procuramos trabalhar com essas forças políticas. Houve alguns problemas (para a aliança com os partidos nestas eleições). Não se conseguiu chegar a um programa de governo, e isso criou uma dificuldade grande. Tentamos (uma aliança) até a véspera do lançamento das candidaturas.

O GLOBO: O senhor defende concurso público, reestatização de empresas. Hoje, 80% do estado estão comprometidos com repasses legais. Onde o senhor vai arrumar recursos?

EDUARDO SERRA: O programa é nacional. A gente tem a intenção de propor um novo pacto federativo, uma nova matriz tributária, que se possa taxar as grandes fortunas. E rever a questão da dívida. Com a reestatização, teremos os lucros dessas empresas à disposição do estado e poderemos gerar outras receitas.

O GLOBO: Sem o PCB na Presidência, parte do programa do senhor está prejudicado...

EDUARDO SERRA: Não, porque essa luta é contínua. Não precisa ter a Presidência. Tem que ter a sociedade engajada nessa luta. Por isso nossa campanha é para além das eleições. Ganhando ou perdendo. Se isso vira uma onda de pressão política e de pressão social, as coisas vão acabar acontecendo.

O GLOBO: O senhor acabaria com as UPAs?

EDUARDO SERRA: Eu transformaria. Há que haver unidades de emergência espalhadas pela cidade, sim. Mas não com equipamento alugado e exame terceirizado em empresa privada. Eles militarizaram a ação da UPA.Um sistema integrado, que possa permitir o Médico de Família, a saúde universalizada, sem proibir nenhuma clínica privada de funcionar, é uma proposta extremamente justa e não é só dos países socialistas.

O GLOBO: Qual seria sua política para ICMS?

EDUARDO SERRA: Alteraríamos. A palavra é redistribuir. Alguém perde e alguém ganha. Quem perde? As grandes empresas. A Siderúrgica do Atlântico, por exemplo, que vai aumentar em cerca de 50% o índice de emissão de partículas sólidas deu de compensação à prefeitura R$ 30 milhões. O prejuízo para o estado é enorme. Então eu aumentaria, incidindo ICMS sobre grandes empresas, sobre propriedades no campo. Diminuindo a incidência sobre microempresas, porque essas precisam de apoio, essas geram muito emprego.

O GLOBO: Como um candidato anticapitalista, com 2% das intenções de voto, capta recursos para a campanha eleitoral?

EDUARDO SERRA: A gente capta poucos recursos porque os capitalistas não dão recursos para nós. Os socialistas dão, mas são de pouca renda. Mas o tipo de campanha que nós fazemos também não exige muito recurso. Mesmo que tivéssemos muito, não pagaríamos pessoas para segurar bandeira, não faríamos empastelamento de ruas. Nós trabalhamos com voluntários.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/09/13/eduardo-serra-candidato-do-pcb-ao-governo-defende-royalties-para-estados-mais-pobres-aumento-de-icms-para-grandes-empresas-917625585.asp

Resposta à nota de Plínio de Arruda Sampaio


Comissão Política Nacional do PCB

A Comissão Política Nacional do PCB vem a público declarar-se contra a reivindicação do candidato Plínio de Arruda Sampaio no sentido de que seja representado por outro membro do PSOL no debate dos candidatos a Presidente pelos partidos de esquerda, via internet, que será realizado neste dia 21 de setembro, às 21 horas, com promoção e mediação do jornal Brasil de Fato, ao qual o próprio presidenciável do PSOL, recentemente, reivindicou publicamente espaço para a sua candidatura, mesmo depois de o jornal lhe ter dedicado uma página, como o fez para os demais candidatos de esquerda

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a Comissão Organizadora do debate, de que fazem parte representantes do jornal Brasil de Fato e dos partidos que, de imediato, aceitaram participar do debate (PCB, PCO e PSTU), tomou todos os cuidados para buscar garantir a presença do candidato do PSOL: a proposta do debate e do dia para a sua realização foram informados com bastante antecedência, assim como foram verificadas as datas dos debates nacionais de televisão a que Plínio foi convidado e os demais candidatos de esquerda não. Constatou-se que, no dia 21, não haverá debate na TV. Infelizmente, nenhum representante do PSOL, apesar de convidado, apareceu na sede do Brasil de Fato nas diversas reuniões que já se realizaram para organizar o debate entre os candidatos socialistas.

Entretanto, o candidato do PSOL anuncia, em nota encaminhada ao Brasil de Fato, que, no dia do debate entre os presidenciáveis de esquerda, optou por ir a um debate promovido pelo Instituto Ethos, com os presidenciáveis dos outros partidos, de centro e de direita. O instituto é ligado ao empresariado, e tem a pretensão de promover a “ética” no interior do capitalismo. Este evento será durante o dia e em São Paulo, mesmo local do debate na internet, que ocorrerá às 21h. O candidato do PSOL ainda alega compromissos de campanha na véspera e no dia seguinte ao dia 21, como se os outros candidatos também não os tivessem.

A atitude de Plínio de Arruda Sampaio revela uma profunda subestimação pelos demais partidos de esquerda e por seus candidatos a Presidente. Uma atitude que contribui para o isolamento em que a burguesia pretende jogar os partidos revolucionários, como o PCB, o PCO e o PSTU, colocando-os como residuais, desimportantes, "nanicos".

Para o PCB, o debate do dia 21, entre os candidatos da esquerda, é o mais importante evento de toda esta campanha eleitoral rebaixada, manipulada, midiatizada. É muito mais do que um debate; é um gesto histórico da esquerda socialista brasileira para deixar claro que a luta continua para muito além das eleições; é um gesto de unidade, que cria condições para uma verdadeira frente permanente anticapitalista e não meras coligações eleitorais para as quais nos procuram nos anos pares.

A ida ao debate do candidato a Presidente pelo PSOL valorizaria o evento e seria um gesto de solidariedade aos partidos políticos e organizações socialistas, excluídos pela grande mídia e pela burguesia.

Por isso, o PCB não aceita a sua substituição no debate e pede a reflexão de Plínio e do PSOL, para que revejam a escolha por um evento que provavelmente versará sobre a possibilidade de moralizar o capitalismo, com candidatos da ordem (já que PCB, PCO e PSTU jamais serão convidados pelo Instituto Ethos), em detrimento do debate que busca valorizar a unidade de ação das esquerdas no movimento político e nas lutas de massas no Brasil.

Rio, 15 de setembro de 2010

Comissão Política Nacional do PCB

VEJA ABAIXO A NOTA DE PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO:


Nota de Plínio sobre debate do jornal Brasil de Fato

O candidato do PSOL à Presidência da República, Plínio Arruda Sampaio, respondeu a matéria do jornal Folha de São Paulo que acusava o PSOL de "esnobar" debate entre os candidatos de esquerda promovido pelo jornal Brasil de Fato. Abaixo reproduzimos a nota na íntegra.

Esta Folha publicou nota (Eleições 2010, p.9, 12/9) cujo título distorce o que foi informado pela candidatura ao afirmar que "Plínio esnoba debate da esquerda".

Conforme relata o texto, a assessoria da campanha informou que não poderia comparecer ao debate promovido pelo jornal "Brasil de Fato" no próximo dia 21 porque estarei em agendas previamente marcadas. O evento que reunirá as candidaturas da esquerda apresentadas nesta eleição acontece um dia após o debate entre presidenciáveis realizado pelas emissoras afiliadas ao SBT na região Nordeste do país, que será transmitido a partir do Recife. No mesmo dia 21, estou convidado a participar de um encontro entre presidenciáveis promovido pelo Instituto Ethos, em São Paulo, onde também tenho atividades agendadas anteriormente à iniciativa do "Brasil de Fato" no dia 22. E no dia 23 participo do debate promovido pela CNBB, em Brasília. Como fica evidente, diferentemente do que foi publicado por esta Folha, em nenhum momento "esnobei" o encontro promovido no dia 21 por um jornal com o qual tenho as melhores relações. Minha candidatura inclusive estará representada à mesa do debate, caso haja acordo dos demais participantes, por decisão da coordenação de nossa campanha, que considera a iniciativa um importante evento para abrir espaço aos candidatos de esquerda, omitidos cotidianamente pelos monopólios da comunicação no país. PLÍNIO ARRUDA SAMPAIO, candidato à Presidência pelo PSOL (São Paulo, SP)

sábado, 11 de setembro de 2010

FIDEL NEGA DECLARAÇÃO DE JORNALISTA AMERICANO‏


HAVANA — O líder cubano Fidel Castro assegurou nesta sexta-feira que sua declaração de que o modelo cubano já não funciona nem mesmo para os cubanos foi mal interpretada pelo jornalista americano da revista The Atlantic, que o entrevistou em Havana.

"Sei o que expressei sem amargura nem preocupação. Divirto-me agora ao ver como ele interpretou ao pé da letra, depois de consultar Julia Sweig, repórter que o acompanhou e elaborou a teoria que expus", explicou.

"A realidade é que minha resposta significava exatamente o contrário do que os dois jornalistas americanos interpretaram", acrescentu o ex-presidente durante a apresentação da segunda parte de seu livro autobiográfico.

"O modelo cubano nem sequer funciona para nós", teria declarado Fidel a Goldberg, segundo a tradução para o inglês publicada na quarta-feira no sitehttp://www.theatlantic.com.

Entrevistado ao longo de vários dias pelo jornalista americano, Fidel Castro adotou um tom de incomum de arrependimento sobre fatos do passado, revela a entrevista, que está sendo publicada desde a segunda-feira passada.

Castro, 84 anos, disse a Goldberg estar arrependido por ter pedido em 1962 ao líder soviético Nikita Kruschev, durante a crise dos mísseis, que atacasse os Estados Unidos com armas nucleares caso fosse preciso.

O ex-presidente cubano voltou recentemente à vida pública, particularmente para alertar sobre o risco de uma guerra nuclear no Oriente Médio devido à queda de braço entre Israel e Irã.

Na mesma entrevista, Fidel criticou a retórica antissemita usada pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad: "Não acredito que alguém tenha sido mais difamado que os judeus. Diria que muito mais do que os muçulmanos. Foram mais difamados que os muçulmanos porque são acusados e caluniados por tudo. Ninguém culpa os muçulmanos de nada".

Goldberg foi convidado pelo próprio Fidel, que se interessou por um artigo seu sobre as tensões entre Irã e Israel.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fidel desqualifica interpretação tendenciosa de jornalista estadunidense


Havana, 10 set (Prensa Latina)
O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, desqualificou hoje algumas interpretações publicadas a partir de sua entrevista concedida ao jornalista estadunidense Jeffrey Goldberg, da revista The Atlantic.

Durante a apresentação de seu último livro "A contraofensiva estratégica" no Aula Magna da Universidade de Havana, o dirigente revolucionário comentou que Goldberg lhe perguntou se ele achava que o modelo cubano era algo que ainda valia a pena exportar.

"É evidente que essa pergunta levava implícita a teoria de que Cuba exportava a Revolução. Respondo-lhe "O modelo cubano já não funciona nem sequer para nós." Expressei sem amargura nem preocupação", disse Fidel Castro, de acordo com a Televisão Cubana.

Mas o real -indicou- é que minha resposta significava exatamente o contrário do que Goldberg e a analista Julia Sweig, que o acompanhava, interpretaram sobre o modelo cubano.

"Minha ideia, como todo mundo conhece, é que o sistema capitalista já não serve nem para os Estados Unidos nem para o mundo, ao que conduz de crise em crise, que são a cada vez mais graves, globais e repetidas, das quais não pode escapar. Como poderia servir semelhante sistema para um país socialista como Cuba", assinalou Fidel Castro.

Ao referir ao tema da Crise dos Mísseis o primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba expressou "é verdadeiro, que me abordou o tema e me fez a pergunta.

Textualmente, como ele o expõe em uma primeira parte de sua reportagem, suas palavras foram: "Perguntei-lhe: Em verdadeiro momento parecia lógico que você recomendasse aos soviéticos que bombardeassem aos Estados Unidos. O que você recomendou ainda lhe parece lógico nestes momentos? Fidel respondeu: Após ter visto o que tenho visto, e não valia a pena no absoluto."

Eu lhe tinha explicado bem, e consta por escrito, o conteúdo da mensagem "...se Estados Unidos invadia a Cuba, país com armas nucleares russas, nessas circunstâncias não devia se deixar dar o primeiro golpe, como o que miraram à URSS quando em 22 de junho de 1941, o exército alemão e todas as forças da Europa atacaram à URSS."

Pode observar-se -esclarece Fidel Castro- que dessa breve alusão ao tema, na segunda parte da entrega ao público dessa notícia, o leitor não poderia percatarse de que "se Estados Unidos invadisse Cuba, país com armas nucleares russas", nesse caso eu recomendava impedir que o inimigo mirasse o primeiro golpe, nem também no da profunda ironia de minha resposta "...de ter sabido o que agora sei...", em óbvia referência à traição cometida por um presidente da Rússia que, saturado de substância etílica, entregou a Estados Unidos os mais importantes segredos militares daquele país.

Continuo pensando -destacou o líder da Revolução cubana- que Goldberg é um grande jornalista, capaz de expor com amenidade e maestria seus pontos de vista, que obrigam a debater. Não inventa frases, as transfere e as interpreta.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

20 anos sem o cavaleiro da esperança

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Anita L. Prestes

Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, faleceu em 7 de março de 1990, aos 92 anos de idade. Desde muito jovem, Prestes revelou indignação com as injustiças sociais e a miséria de nosso povo, mostrando-se preocupado com a busca de soluções efetivas para a situação deplorável em que se encontrava a população brasileira, principalmente os trabalhadores do campo, com os quais tivera contato durante a Marcha da Coluna (1924-27), que ficaria conhecida como a Coluna Prestes. Muito antes de tornar-se comunista, Prestes já era um revolucionário. Sua adesão aos ideais comunistas e ao movimento comunista apenas veio comprovar e confirmar sua vocação revolucionária, seu compromisso definitivo com a luta pela emancipação econômica, social e política do povo brasileiro. Como revolucionário Prestes foi um patriota - um homem que dedicou toda sua vida à luta por um Brasil melhor, por um Brasil onde não mais existissem a fome, a miséria, o analfabetismo, as doenças, a terrível mortalidade infantil e as demais chagas que sabidamente continuam ainda hoje a infelicitar nosso país.

A descoberta da teoria marxista e a consequente adesão ao comunismo representaram, para Prestes, o encontro com uma perspectiva, que lhe pareceu factível, de realização dos anseios revolucionários por ele até então alimentados, principalmente durante a Marcha da Coluna. A luta à qual resolvera dedicar sua vida encontrava, dessa forma, um embasamento teórico e um instrumento para ser levada adiante - o Partido Comunista. O Cavaleiro da Esperança, uma vez convencido da justeza dos novos ideais que abraçara, tornava-se também um comunista convicto e disposto a enfrentar toda sorte de sacrifícios na luta pelos objetivos traçados.

No processo de aproximação ao PCB, Prestes rompeu de público com seus antigos companheiros - os jovens militares rebeldes conhecidos como os “tenentes” -, posicionando-se abertamente a favor do programa da “revolução agrária e antiimperialista” defendido pelos comunistas brasileiros. Seu Manifesto de Maio de 1930 consagra o início de uma nova fase na vida do Cavaleiro da Esperança. A partir daquele momento, Prestes deixava definitivamente para trás os antigos compromissos com o liberalismo dos “tenentes” e enveredava pela via da luta pelos ideais comunistas que passariam a nortear toda sua vida.

Pela primeira vez na história do Brasil, uma liderança de grande projeção nacional, a personalidade de maior destaque no movimento tenentista, - na qual apostavam suas cartas as elites oligárquicas oposicionistas, na expectativa de que o Cavaleiro da Esperança pusesse seu cabedal político a serviço dos seus objetivos, aceitando participar do poder para melhor servi-las -, recusa tal poder, rompendo com os políticos das es dominantes para juntar-se aos explorados e oprimidos, para colocar-se do lado oposto da grande trincheira aberta pelo conflito entre as es dominantes e as dominadas, entre exploradores e explorados. Prestes tomava o partido dos oprimidos, abandonando as hostes das elites comprometidas com os donos do poder, não vacilando jamais diante dos grandes sacrifícios que tal opção lhe acarretaria.

Tratava-se de um fato inédito, jamais visto no Brasil. Luiz Carlos Prestes, capitão do Exército, que se tornara general da Coluna Invicta, que fora reconhecido como liderança máxima das forças oposicionistas ao esquema de poder vigente no Brasil até 1930, talhado, portanto, para transformar-se no líder da “revolução” das elites oligárquicas, numa liderança política confiável dessas elites, usava seu prestígio para indicar ao povo brasileiro um outro caminho – o caminho da luta pela reforma agrária radical e pela emancipação nacional do domínio imperialista, o caminho da revolução social e da luta pelo socialismo.

Como foi sempre coerente consigo mesmo e com os ideais revolucionários a que dedicou sua vida, sem jamais se dobrar diante de interesses menores ou de caráter pessoal, Prestes despertou o ódio dos donos do poder, que se esforçariam por criar uma História Oficial deturpadora tanto de sua trajetória política quanto da história brasileira contemporânea.

Mesmo após seu falecimento, Prestes continua a incomodar os donos do poder, o que se verifica pelo fato de sua vida e suas atitudes não deixarem de serem atacadas e/ou deturpadas, com insistência aparentemente surpreendente, uma vez que se trata de uma liderança do passado, que não mais está disputando qualquer espaço político. Num país em que praticamente inexiste uma memória histórica, em que os donos do poder sempre tiveram força suficiente para impedir que essa memória histórica fosse cultivada, presenciamos um esforço sutil, mas constante, desenvolvido através de modernos e possantes meios de comunicação, de dificultar às novas gerações o conhecimento da vida e da luta de homens como Luiz Carlos Prestes, cujo passado pode servir de exemplo para os jovens de hoje.

Luiz Carlos Prestes dedicou 70 anos de sua vida à luta por um futuro de justiça social e liberdade para o povo brasileiro. O legado revolucionário de Luiz Carlos Prestes deve ser preservado e desenvolvido pelas novas gerações de brasileiros e de latino-americanos. Esta a razão por que hoje, no âmbito das comemorações do 90° aniversário da UFRJ, assinalamos a passagem de vinte anos do desaparecimento do Cavaleiro da Esperança homenageando sua memória.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Novo discurso de Fidel alerta sobre o caráter hostil do imperialismo e seus lacaios

O comandante-em-chefe Fidel Castro assegurou hoje, 2 de setembro, que é possível vencer na grande batalha por preservar o mundo duma contenda nuclear que resultaria em seu fim, e defender o direito de todos os seres humanos a viver.

A ponto de completar-se 65 anos de seu ingresso no ensino superior, o líder cubano retornou à Universidade de Havana, onde, como já ele disse outras vezes e reafirmou nesta manhã, tornou-se revolucionário e descobriu seu verdadeiro destino, e dali instou novamente a governos e povos a salvarem a paz, a vida e o futuro.

"O tempo de que dispõe a Humanidade para travar esta batalha é incrivelmente limitado", advertiu o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, referindo-se ao perigo real e iminente de outra guerra no Oriente Médio, cujas consequências para o mundo são imprevisíveis e podem ser catastróficas.

Envergando roupa verde-oliva, aos pés do monumento à Alma Máter e perante uma entusiástica multidão que lotou a histórica escada e suas proximidades, Fidel leu sua mensagem aos estudantes universitários de Cuba, que é também um apelo a lutar contra aqueles que impuseram ao mundo um sistema que ameaça hoje a sobrevivência mesma do planeta e da espécie humana.

"Estamos aqui para convencer, dissuadir e evitar uma guerra que fará finita a esperança, para demonstrar que o amor à vida é devoção de todos", afirmou por seu lado a presidenta da Federação Estudantil Universitária (FEU), de Cuba, Maydel Gómez Lago.

"Até o último minuto estaremos exigindo o direito à vida, não queremos morrer desta maneira absurda, queremos tornar realidade nossos sonhos", enfatizou a jovem. E apelando ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu-lhe fazer uso da faculdade que tem de impedir que em poucos dias a guerra seja o drama de todos.

Aos universitários do mundo inteiro instou a aderirem a esta luta e expressou: "Temos o direito de lutar por nosso futuro, temos o dever de construí-lo. Ainda estamos a tempo. Lutemos pela paz, a vida não perdoará que façamos menos".

O diretor da revista Alma Máter, voz dos universitários cubanos, Yoerky Sánchez Cuéllar, falou também, mas em versos, para exigir do inquilino da Casa Branca, não só que não puxe o gatilho, mas também a destruição de todas as armas nucleares.

"O senhor deve escutar Fidel, que não está sendo alarmista e tampouco catastrofista, mas que vê que este mundo pode sumir num segundo se a paz não for conquistada", refletiu em décimas o jovem, também deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular.

"Cá estamos, comandante cá está sua juventude que sente a gratidão de vê-lo tão saudável, de escutá-lo a cada instante, de ler suas Reflexões, de conhecer as razões pelas quais está preocupado e de tê-lo acompanhado nestas novas missões", concluiu.