terça-feira, 28 de julho de 2009

Outubro: Sergei Eisenstein

O filme "Outubro"
O filme "Outubro" de Serguei Eisenstein foi feito em 1927 para comemorar o 10 aniversário da Revolução Bolchevique à pedido do Comitê Central Soviético (da URSS). Participaram deste filme operários, soldados e marinheiros que estavam na revolução. O roteiro foi escrito entre novembro de 1926 e março de 1927, as filmagens ocorreram entre abril e setembro de 1927 em Leningrado, e em outubro em Moscou. Terminada a montagem em janeiro de 1928, "Outubro" teve uma pré-estréia neste mesmo mês em Leningrado e exibições públicas a partir de março.

O grande tema e o personagem individualizado deste filme é a própria Revolução de Outubro . "Outubro" procurou mostrar dados históricos através de simbolismo e de metáforas; e onde através de um raciocínio intelectual procura prender a atenção do espectador; o espectador vai sendo cooptado pela imagem e passa a refletir o significado desta.

No filme de Eisenstein, o ritmo não é um jogo paralelo, há contradições internas, que criando conflitos, provoca a emoção. Exemplo é a cena da abertura da ponte que separa os bairros operários do centro da cidade. A cena é longa, demora para a ponte ficar aberta; e esta cena cria tensão: o cavalo demora para cair no rio .

Segundo Ismail Xavier , Eisenstein procura redefinir conceitos como percepção, forma e conteúdo, de modo a superar a leitura burguesa destes conceitos e propor uma síntese dialética entre a linguagem das imagens e a linguagem da lógica, reunidas na linguagem da cine-dialética (edificação do cinema como lugar específico da fusão entre o sentir e o pensar), como já citado.

Ele procura atingir uma montagem de imagens como forma de escrita pictórica, procurando expor e articular conceitos. Uma cena que reflete a forma como Eisenstein trabalha este conceito é a cena onde aparecem deuses do mundo inteiro, contrastando com imagens da estátua de Napoleão Bonaparte, insígnias militares (medalhas): Religião e Poder. Eisenstein trabalha com o conceito e a simbolização da divindade e também com o conceito de parte-todo .

Outras características merecem serem destacadas: como o tratamento dado às massas: as passeatas tornam-se sujeitos da ação, quebrando, dessa forma, com o preceito da individualidade. Algumas cenas, através da montagem, repete-se várias vezes e sob vários ângulos, exemplo: cena do Ministro da Marinha e do Exército subindo as escadas do Palácio de Inverno.

Finalizando, podemos observar que pelas cenas dos relógios, além do mostrador principal, também tinha uma coroa de pequenos mostradores em redor do maior. Em cada um desses mostradores havia o nome de uma cidade: Londres, Nova York, Paris e Xangai. Cada um mostrava uma hora, em contraste com a hora de Petrogrado, Eisenstein procurou através desta montagem trabalhar com o momento histórico da vitória e instauração do poder soviético com a concepção de tempo. A hora da revolução emergiu através de uma variedade de horas locais, como que fundindo todos os povos na percepção do momento da vitória. Houve uma hora histórica única.

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