quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Entrevista da UJC com militante da Marcha Patriótica



Durante a greve da Unifesp de 2012, uma das atividades mais marcantes foi a entrevista feita com a estudante Manuela, militante da Marcha Patriótica na Colômbia. Ela é uma entre os 700 refugiados no Brasil, obrigados a fugirem de lá, por conta da repressão, das prisões e assassinatos que acontecem cotidianamente por lá.
À convite da UJC, ela foi até o campus Guarulhos e expôs um pouco da conjuntura e das perspectivas de luta por paz com justiça social.
Hoje, a Marcha Patriótica é composta por mais de 2000 organizações, desde estudantis, sindical, popular e campesino. Manuela nos recomendou um filme que expõe a situação do conflito militar e social na Colômbia, chamado Retratos de um mar de mentiras.

UJC – Há a perspectiva de a Marcha Patriótica se organizar no campo eleitoral?

Manuela- Não, neste momento a luta não tem condições de estar nesse campo, devido à extrema repressão do governo. A luta atual é de resistência.

UJC- Qual é a relação da Marcha Patriótica com as FARC-EP?

Manuela- Não há relação orgânica de nenhum tipo. Há convergências ideológicas em relação à correta postura anti-imperialista da guerrilha, por exemplo.

UJC- A palavra de ordem “Paz com justiça social” é síntese da compreensão de que o conflito tem razões estruturais. Nesse sentido, é correto dizer que a Marcha Patriótica é revolucionária, socialista, anticapitalista?

Manuela- A Marcha Patriótica é um movimento explicitamente anti-imperialista e anticapitalista. Mas, a convergência de que a demanda da solução do conflito é urgente torna o movimento mais amplo e obriga o aspecto revolucionário a ficar implícito. Isso acontece até por questões de segurança.

UJC- Nos fale um pouco do Pólo Democrático Alternativo.

Manuela- É um Partido político de esquerda, que tem um posicionamento contrário à formação da Marcha Patriótica. O Pólo tem um caráter bastante institucionalista e vem questionando, de forma equivocada, a legitimidade financeira de um movimento que conta com mais de 2000 organizações em seu interior. No entanto, a Marcha Patriótica não é sectária e se une nas lutas que convergem cm o Pólo Democrático Alternativo, que não são poucas.

UJC- Como está a organização da Agenda Colômbia em outros países?

Manuela- Onde há mais atividade e organização é na Argentina  em alguns países da Europa, também, em menor medida no Equador, Venezuela, México, Brasil e Chile.

UJC- A Marcha Patriótica tem mais influência em quais setores da sociedade?

Manuela- Há bastante no movimento sindical, estudantil e campesino, mas hoje estamos melhor no estudantil e campesino.

UJC- Qual é a caracterização da Marcha Patriótica em relação aos governos progressistas da América Latina?

Manuela- Apoiamos os processos democráticos e antiimperialistas que acontecem hoje nos países que compõem a ALBA. Sabemos que Uribe dirige a oposição venezuelana e lutamos contra isso com denúncias e mobilização.

UJC- E Cuba?

Manuela- Defendemos a revolução cubana, suas conquistas e seu apoio internacionalista aos processos de mudança e aos povos de todo mundo. A erradicação do analfabetismo na Venezuela e na Bolívia, além da missão de solidariedade cubana no Haiti, são exemplos de resistência e humanismo do povo cubano.

UJC- Qual é o papel do imperialismo na inteligência da segurança colombiana, considerando as bases norte-americanas instaladas por lá.

Manuela- O imperialismo financia, fornece armas, treina tropas, ensina tortura, enfim, controla hierarquicamente nossa soberania.

UJC- Qual é a situação da poetisa Angye Gaona?

Manuela- Está em liberdade condicional, impedida de sair do país. Apesar disso, seu livro foi lançado no Brasil através da solidariedade dos companheiros da Flaskô.

UJC-  A UJC agradece sua visita e nos dispomos a construir a Agenda Colômbia no Brasil.

Manuela- Agradeço o convite e vamos à luta!

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