terça-feira, 22 de maio de 2012

A necessidade de um alinhamento estratégico e tático para o movimento estudantil brasileiro.


O capitalismo hoje é completo, sua superação não pode acontecer por meio de reformas , mas apenas através de uma radical transformação revolucionária política e social. Suas relações tendem a reprimir toda organização da classe trabalhadora. A precarização dos serviços públicos essenciais à população, a privatização de todos os setores da sociedade, a intensificação do corpo coercitivo do Estado, toda a opressão contra os trabalhadores tem sido a base da formulação das diversas pautas dos movimentos de emancipação da classe trabalhadora, sendo os estudantes importantíssimos nesse processo.
O projeto do REUNI, implementado no governo Lula, avança a passos largos e deve ser amplamente combatido. O REUNI é um projeto de sucateamento das universidades federais que tem como interesse a ampliação de vagas sustentada pela argumentação da democratização do ensino, porém não é levada em consideração a estrutura das universidades, a qualidade de ensino, a logística, o corpo docente, e todas as condições necessárias para a excelência acadêmica. Como reflexo dessa política de precarização, diversas greves foram deflagradas ao longo desses anos, desde a paralisação dos funcionários administrativos, greves de estudantes e professores, manifestações contra o REUNI, a vitoriosa ocupação da reitoria em Santa Maria (RS) e outras universidades, as greves de 2010 e 2012 na UNIFESP, incluindo as ocupações da reitoria e da diretoria acadêmica do campus Guarulhos, tudo isso demonstra o grau de insatisfação em relação a essas políticas.    
A UJC entende que o movimento estudantil universitário tem caráter diversificado, ou seja, tem em suas bases expressões plurais e heterogêneas. Cabe aqui identificá-las, para propor nossa visão da conjuntura.
Nas bases governistas encontramos as forças que norteiam sua política na desmobilização da juventude. As práticas de aparelhamento, cada vez mais vigentes entre esses setores, têm contribuído com a falta de inserção dos estudantes nas lutas operárias, privando-os dos debates classistas, e assim transformam o movimento estudantil em um movimento de garrafa, parado. Além disso, tais setores se apóiam nos partidos da ordem através de um escancarado conchavo com o modelo burguês de universidade, cuja demanda é voltada para o mercado, tanto na produção intelectual quanto na formação de professores.
Há também no movimento estudantil nacional, esquerdistas infantis que fragmentam o movimento sob o discurso pseudo-revolucionário ortodoxo. Não entendem que o movimento estudantil e a juventude tem que exercer um papel de auxilio ideológico, cultural e político fundamental na luta dos trabalhadores, mas que no proletariado é que está a força transformadora da sociedade. “ É necessária a eliminação das concepções errôneas” já firmara Mao ao criticar certas posições dentro do partido comunista chinês, e obviamente que tais concepções devem ser combatidas em sua raiz. Pois bem, suas práticas divisionistas sustentadas na ortodoxia caem na desmobilização geral dos estudantes. Suas práticas de denuncismo e boicote, que caluniam as organizações combativas, tendem a visões movimentistas, sem estratégia definida, ou seja , baseiam sua organização através da auto-expressão estéril e o reformismo radical isolado das bases reais do movimento.
Além desses setores, devemos colocar também os setores mais atrasados desse todo, os reacionários e pós-modernos. Entendendo a disputa ideológica no seio do ME, as forças de esquerda devem combater as concepções direitistas do movimento, concepções que apoiam a exploração capitalista, os massacres militares imperialistas, as chacinas de operários, as demissões em massa, concepções que se apoiam no discurso individualista, e colocam como prioridade para o movimento a conquista do diploma, propõem“ formas alternativas de luta, que não a greve”, propõem uma metafísica política conivente com a precarização, mercantilização e até mesmo a privatização das universidades . Esses setores representam uma ideia-força que – se não for combatida pela esquerda – terá a adesão dos “analfabetos políticos”, como frisou belamente Brecht. Os “indiferentes”, odiados pelo camarada Antonio Gramsci, surgem, como numa pequena intentona, proferindo opiniões apoiadas no senso-comum, que tombam vezes após vezes como numa guerra real. 
É nesse contexto que a UJC rompe com algumas ilusões: Primeiramente, a UNE não é mais um fórum em que os comunistas devem depositar seus esforços, a entidade - aparelhada por setores governistas - não corresponde às demandas do movimento estudantil, pois faz o jogo burguês da cooptação, estagna a luta estudantil, é submissa as vontades do governo burguês dos grandes monopólios e bancos, ou seja, é capacho das políticas de precarização da educação e privatização do ensino, como o REUNI.
 Em contrapartida, os esquerdistas criam um paralelismo burocrático infantil, já diria Lênin, ao criar a ANEL, outra tentativa de aparelhamento das instâncias de representatividade. Não cabe aos jovens comunistas da UJC retomar uma entidade morta ou cair nos vícios divisionistas de uma entidade que nasce velha. Mas, na verdade, nosso foco é a reconstrução da estrutura do ME nacional pela base.
Por isso entendemos que a proposta de luta estratégica pela universidade popular é a mais coerente e democrática, pois vai além da formação intelectual crítica, alinhando-se com as demandas proletárias ao propor a destruição das antigas relações hierárquicas de poder na universidade e modificar a estrutura de representatividade dos estudantes.
Nesse sentido, devemos superar o modelo aparelhista do movimento estudantil universitário. A UJC entende que a formação de conselhos de entidades de base (CEB) em cada campus é passo tático firme rumo à universidade popular, pois constituirá um novo modelo para o DCE, em que conselhos de base elejam delegados para um conselho executivo de representantes do DCE (CR-DCE).
Na ótica da União da Juventude Comunista e do Movimento Universidade Popular, a universidade tem um papel central na formação e na produção de conhecimento. Deve, portanto, cumprir um relevante papel social, sendo a essência da universidade um espaço de ampla fluidez de idéias. A formação acadêmica e profissional não deve ser simplesmente para a reprodução ideológica do modelo econômico, político e social dominante, oferecendo nada além de subsídios ao mercado, mas deve, sim, ser instrumento de formação e fomento de agentes transformadores da atual realidade, contribuindo assim para a emancipação do pensamento humano. Ou seja, nossa luta vai além da universidade pública, gratuita e de qualidade. Por isso, defendemos que as demandas do ensino, da pesquisa e da extensão devem ser ditadas pelos interesses políticos e econômicos do Proletariado.
Ousar Lutar, Ousar Vencer!
Pela Universidade Popular!
União da Juventude Comunista

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