quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Conferência de imprensa das FARC em Havana: Deem uma oportunidade à paz na Colômbia (+Vídeos e Fotos)



imagemCrédito: Cubadebate*
06 SETEMBRO 2012
Os representantes da imprensa colombiana e estrangeira que cobrem com a devida objetividade oprocesso de diálogo entre a guerrilha e o governo, que começou no dia 08 de outubro em Oslo, naNoruega. Anunciam a decisão de incorporar à mesa de diálogo Simón Trinidad, atualmente presonos EUA. Confirmam enfaticamente o fim dos sequestros e negam ter retenções desse carácter.Asseguram que não há o menor resquício de divisão nas forças insurgentes em relação com asnegociações de paz.
“Deem uma oportunidade à paz na Colômbia”, disse Ricardo Téllez. Apelava à imprensacolombiana e estrangeira que, respondendo à convocatória da guerrilha mais antiga da América,se apresentou no dia 06 de setembro às 10 da manhã na sala do Palácio de Convenções deHavana, capital de um dos três países -junto a Venezuela e Noruega- que facilitaram o árduocaminho até a Mesa de Diálogo.
Parafraseando John Lennon, o guerrilheiro demandava “informar com a devida objetividade”, em ”um esforço desde dentro e desde fora” para que não fracasse a Mesa.
Sob o título “A paz é a mais nobre bandeira do povo colombiano”, a conferência abriu com a Declaração Política, em um vídeo gravado de Timoleón Jiménez, Chefe do Estado Maior Centraldas FARC-EP. Segundo o documento, se passaram “seis meses de francos intercâmbios paraculminar o índice de temas sobre o que versaram as conversações de paz”. Justo um mês maistarde, no próximo dia 8 de outubro, se abrirá a Mesa em Oslo, Noruega, segundo confirmouMauricio Jaramillo.
Em síntese, o documento expressa que “a desejada solução política pela qual clamam milhões de colombianos nas quatro esquinas do país, regressa a primeira ordem da vida nacional”, define “a saída política da confrontação” como a bandeira do povo colombiano e invoca a ativa participação da nação neste novo processo “que deve culminar com uma nova Colômbia, justa e democrática”.
No que definiu como um “primeiro passo para a reconciliação” e respondendo a quem o viu como um ato de “rendição e entrega”, a Declaração aclara que “se equivocam por completo quem tenta ler debilidade em nosso incansável acionar pela paz. Nosso otimismo é grande e aponta para que toda a nação se ponha de pé para impedir que se feche esta porta”.
Os representantes da FARC-EP, também pediram aos jornalistas para não entrar em suposições nem especulações, logo que um deles indagara o que passaria se na situação de guerra vigente, perdesse a vida o Chefe do Estado Maior. “Estamos em uma guerra, conscientes da necessidade de terminá-la”. E ainda que logo informaram que não pediram uma zona de cessar fogo no encontro exploratório, insistiram que: “estamos aqui para falar de paz, não de guerra.”
Ao dar os nomes de Iván Márquez, membro do Secretariado, e de Jesus Santrich, membro do Estado Maior Central, como negociadores, também deram sua opinião sobre a integração da representação do governo, reconhecendo que “há um esforço por dar-lhe nível” e que as nomeações se apegam ao acordo, assim como a possibilidade de ampliar a lista com militares da ativa.
O anúncio de que Simón Trinidad é um dos membros da Mesa por parte das FARC, gerou mais de uma interrogação acerca de como participaria, tomando em consideração que logo após ser extraditado para os Estados Unidos, permanece preso nesse país. Calarcá o definiu como “um símbolo da dignidade dos lutadores populares”, “condenado por ser das FARC” e que “estará na Mesa de Diálogo, independentemente dos transtornos que isso possa causar”.
Interrogados sobre as garantias que tem os guerrilheiros de que se cumprirão os acordos após a possível desmobilização e desarme dessa força, a resposta foi que “a garantia é a vontade política do governo… O governo declarou que está com disposição de fazer mudanças estruturais e nós temos a vontade política para alcançá-los…”
Sequestro, narcotráfico, terra
A pergunta de um colega colombiano sobre um sequestrado que segundo os meios está em poder das FARC e pelo qual pedem somas milionárias, Ricardo Téllez disse que na Colômbia sequestram forças de Segurança, paramilitares e delinquentes comuns e todos os sequestros se imputam às FARC, e chegaram a dizer que havia 2.900 sequestrados e em uma contagem força por força da guerrilha se confirmou que isso não era verdade.
Sobre a mais recente acusação disse que se tratava de francoatiradores do processo e enfatizou “podemos garantir neste momento que nenhuma frente nossa está fazendo isso. Não é política das FARC desde a diretriz de Alfonso Cano”.
Sobre o tema do narcotráfico, Calarcá disse que essa era “a bandeira política dos Estados Unidos e seus aliados contra os que as eles se opõe. Recordou que desde 1993 na proposta de diálogo das FARC está o tema para sua discussão e que durante os diálogos de San Vicente del Caguán, eles propiciaram um debate internacional a respeito.
“O narcotráfico é um negócio inerente a um capitalismo decomposto, como o que se construiu naColômbia” e reiterou a importância de resolver o problema da pobreza no campo e outros malesassociados para que os habitantes das zonas rurais possam viver dignamente sem necessidadede acudir aos chamados “ilícitos”.
Nesse ponto se retomou a necessidade da Reforma Agraria, que segundo Jaramillo é um tema muito difícil pelas características da Colômbia, onde se necessita, não uma, mas cinco reformas agrárias, tantas como regiões tem o país. “Investiguem”, sugeriu, porém alertou que “está situação é bastante complicada”.
POSIÇÕES FRENTE AO DIÁLOGO
Respondendo a perguntas de jornalistas colombianos sobre a posição das distintas frentes das FARC perante o acordo e sobre as declarações de adversários da guerrilha sobre a legitimidade do diálogo, Téllez foi enfático ao afirmar que “não há divisão a respeito do processo para a paz. Estamos totalmente unificados em torno desse processo”.
Por sua parte, Jaramillo se referiu a “personagens, francoatiradores do processo” que criaram desde seus gabinetes mecanismos de assassinos, paramilitares e agora apontassem como os da última palavra em democracia. “O país está à espera de que estes personagens sejam julgados, que sejam levados às Cortes e paguem pelos seus crimes…” disse e o comparou com Pinochet no Chile, Videla na Argentina, entre outros.
“Entendemos que a solução está em resolver as causas sociais e políticas da confrontação. Não háum plano específico das FARC, só que se possa chegar a viver em paz e que se façam as mudanças estruturais que se necessitam”, havia respondido Calarcá a uma pergunta sobre aspropostas que levariam a guerrilha às condições de incorporação à vida política do país.
Quanto ao tempo que poderia demorar um acordo para a paz, as FARC consideram que foi um erro do passado que não pode se repetir, especificar prazos e precisaram que há contato permanente com o governo de Santos, qualificando o momento como “uma nova etapa”.
“Temos dito que nos sentamos. Trataremos de agilizar tudo, se o governo crê que pode fazerreformas, pode agilizar. A vida é mais rica que qualquer cronograma. O importante é que se possair mostrando resultados positivos. Sobre eleições ou reeleições não queremos falar, nosconcentraremos na paz. Foi um erro do passado não dar a importância devida à paz e permitir quea guerra se reimpusera. Todas as experiências anteriores nos confirmaram que a paz é ocaminho…”, concluiu.
*O comandante das FARC, Mauricio Jaramillo, e outros integrantes da guerrilha colombiana, oferecem uma coletiva de imprensa em Havana. Foto: Ismael Francisco/Cubadebate.
Tradução: PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

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