terça-feira, 31 de julho de 2012

INFORME POLÍTICO: VI CONGRESSO NACIONAL DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA


UJC 85 ANOS - NOSSOS SONHOS JAMAIS ENVELHECEM!
Julho de 2012.
A história dos comunistas brasileiros regressa, depois de 90 anos, à cidade de Niterói, através de um jovem e vigoroso instrumento político de 85 anos, a União da Juventude Comunista. Contrariando as inúmeras teorias da pós-modernidade e de partes das “novas” esquerdas, a juventude do PCB regressou a Niterói para discutir, estudar e organizar o seu VI Congresso com a mesma necessidade e princípios que nortearam os fundadores de 1922 e 1927: a liquidação revolucionária do capitalismo.
Nascemos em 1927, fomos a primeira organização juvenil de esquerda em nosso país. Experiência sempre balizada pelos anseios e lutas de nossa classe e as opções estratégicas do Partido Comunista Brasileiro, com erros e acertos, vitórias e derrotas.
Nós, os jovens comunistas brasileiros, reunidos em Niterói entre os dias 12 e 15 de julho de 2012, no VI Congresso Nacional da União da Juventude Comunista – Brasil, avaliamos que o modo de produção capitalista é o principal inimigo da juventude e da humanidade e que sua continuidade representa uma ameaça para a espécie humana, o que nos dá a única alternativa possível: lutar por uma sociedade socialista em uma luta que se legitima por estar contra a destruição da humanidade, ocasionada pela barbárie do capital. Socialismo enquanto um processo transitório para a emancipação dos trabalhadores na sociedade comunista. Uma das principais demonstrações dos limites históricos do capitalismo é a atual crise mundial, que revelou de maneira profunda e didática os limites estruturais desse sistema. Enquanto os governos capitalistas injetam trilhões para salvar banqueiros e especuladores, os trabalhadores, e a maior parte da juventude, pagam com o desemprego, a retirada de direitos sociais básicos conquistados e o aprofundamento das desigualdades.
A hegemonia imperialista continua realizando uma grande ofensiva para tentar recuperar as taxas de lucros e conter os avanços dos processos de luta popular pelo mundo. Promovem guerras contra os povos, como no Iraque, na Líbia, no Afeganistão e, mais recentemente, na Síria; armam Israel para ameaçar a população da região e expulsar os palestinos de suas terras. Solidarizamos-nos com a luta dos trabalhadores gregos, espanhóis, portugueses, e outros, contra os efeitos da crise do capital e de seus governos.
Na América Latina, desenvolvem uma política de isolamento e sabotagem a governos progressistas na região, como Venezuela, Equador, Bolívia, além do permanente bloqueio, ameaças e mentiras contra Cuba socialista.
Acompanhamos, em nosso continente, dois importantes eventos e resistências antiimperialistas: o processo da reeleição de Hugo Chávez na Venezuela e a solidariedade a todas as formas de luta do povo colombiano, com destaque para o ascenso do movimento político e social Marcha Patriótica. A eleição de Chávez, com todas as limitações, representa a possibilidade de maiores transformações na sociedade venezuelana e a sustentação a outros processos antiimperialistas no continente. O movimento Marcha Patriótica se notabiliza hoje como o maior movimento de massas na América Latina, um aglutinador de todas as organizações do povo colombiano que anseiam pela paz com justiça social naquele país. Este movimento já vem sendo fortemente reprimido pelo Estado narco-terrorista colombiano e o seu braço paramilitar.
A UJC continuará, no Brasil, com sua consequente solidariedade aos povos em suas lutas contra o capital e o imperialismo, independente das suas formas de luta e circunstâncias.
Solidarizamos-nos com a resistência do povo paraguaio ao golpe, denunciamos a negligência do governo brasileiro ao povo paraguaio. Os setores golpistas e as empresas, como a Monsanto, Odebrecht, latifundiários, o governo estadunidense e a mídia internacional burguesa colaboram com a ditadura vigente, mantendo os interesses do capital. Nesse sentido, a UJC chama atenção para a necessidade de organizar comitês locais em solidariedade à luta do povo paraguaio, dando força aos atos e debates públicos, dos quais a UJC já participa, na perspectiva de fortalecer a rede de apoio da luta contra o golpismo imperialista no continente.
Os efeitos da crise no Brasil começam a se acelerar: cortes orçamentários em serviços sociais básicos, privatização de recursos naturais e estratégicos de nossa economia, precarização e flexibilização de direitos sociais, são algumas medidas que o governo Dilma vem adotando nesta conjuntura que está em plena sintonia com os interesses da burguesia brasileira. Entendemos que o capitalismo brasileiro é parte do processo de acumulação mundial e integrante do sistema de poder imperialista no mundo, ressaltando que as classes dominantes Brasileiras estão entrelaçadas ao capital internacional. As contradições inter-burguesas se voltam, fundamentalmente, na disputa de espaços dentro da ordem do capital imperialista, ainda que se mantenha subordinada a esta.
Do ponto de vista político e institucional, o Brasil possui um  amadurecimento tipicamente burguês em pleno funcionamento: existe um ordenamento jurídico estabelecido, reconhecido e legitimado, instituições consolidadas no Executivo, Legislativo e Judiciário. Consolidação fundamentada através do fortalecimento do caráter burguês enraizado na sociedade civil brasileira, mediante um processo de dominação burguesa nos meios de comunicação, educação, organizações culturais. Também é importante ressaltar o processo de cooptação e amoldamento de diversas organizações e entidades do campo popular à ordem dominante em nosso país.
No entanto, acreditamos que o atual cenário de crise e ataques aos direitos básicos da juventude e dos trabalhadores tendem a expor, de maneira mais clara, as contradições de classe na sociedade brasileira.
No último período, mesmo que dispersos, cresceram os movimentos de luta por educação e saúde públicas e de qualidade, também movimentos grevistas de categorias ligadas diretamente ligadas à precarização das condições de trabalho, tais como os setores ligados aos serviços públicos e à construção civil, onde expõem as contradições de classe do atual modelo de desenvolvimento capitalista no Brasil, elementos que tendem a acirrar a luta de classes em nosso país, emergindo a necessidade de se constituir o Bloco Revolucionário do Proletariado enquanto um processo de aglutinação das lutas anticapitalistas e antiimperialistas em contraposição ao bloco burguês e seus aliados, dentro da perspectiva do socialismo-comunismo.
Para nós, Jovens Comunistas, a forma capitalista é antagônica à vida humana. Para sobreviver, o capital ameaça a vida, portanto, para manter a nossa vida devemos superar o capital. Não há mais espaço para conciliação, muito menos nos propormos a ser mais uma organização que idealiza a humanização do capitalismo. Afirmamos, com toda certeza, que é chegada a hora de criar as condições para a revolução socialista!
É esta estratégia que norteia as ações cotidianas da UJC, com as devidas mediações, em suas frentes de atuação: Jovens Trabalhadores, Movimento Estudantil, Cultura, além do seu formato de organização e questões transversais. Neste cenário, compreendemos a grande importância de avançarmos na organização da frente de jovens trabalhadores. Em um momento histórico de amoldamento de instrumentos historicamente vinculados aos trabalhadores e desorganização da classe, os eixos de formação e fortalecimento ideológico dos jovens trabalhadores são fundamentais para a articulação com o cotidiano de precarização, super exploração e desemprego e com a necessidade de luta contra o capitalismo. São necessárias campanhas temáticas pela sindicalização dos jovens trabalhadores, contra a flexibilização dos direitos trabalhistas e a precarização dos estagiários; outro fator importante é a integração desta frente, e suas demandas específicas, com a Unidade Classista e a política sindical desempenhada por esta corrente ligada ao PCB.
No movimento estudantil, seguiremos com a tarefa de reconstrução do movimento estudantil pela base. Esta reconstrução não se dará pela mera disputa dos aparelhos e cargos das organizações estudantis, tais como UNE, UBES e demais. Participaremos dos espaços e fóruns da UNE enquanto um espaço de denúncia do atual alinhamento da entidade ao consenso burguês da sociedade brasileira, divulgando a necessidade de luta por uma Universidade Popular alinhado a outro projeto de sociedade pautada pelos trabalhadores.
O falso dilema colocado pelas tendências dominantes, que polariza o movimento estudantil entre as entidades nacionais hoje existentes, nomeadamente UNE e ANEL, imobiliza grande parte do movimento em torno de disputas burocratizadas, fazendo com que as ações do movimento sejam levadas por essas entidades com o único objetivo de acumular forças para disputar o aparelho e não para a construção de um projeto de educação e de sociedade.
É necessária a incisiva atuação dos comunistas nas entidades de base, nas escolas e universidades, executivas e federações de curso, para que o movimento estudantil retome sua ação protagonista na luta por uma educação pública emancipadora e popular, capaz de produzir conhecimento a serviço da classe trabalhadora e contribuir para consolidação da contra hegemonia proletária.
A UJC priorizará a construção do movimento nacional de luta por uma Universidade e Educação Popular, fortalecendo a articulação entre estudantes, professores, trabalhadores da educação e movimentos da classe trabalhadora. Ressaltamos que a luta por uma universidade pública, gratuita e democrática é condição necessária, ainda que insuficiente, para a produção e socialização de conhecimento contra e para além da ordem do capital. Impreterivelmente, a luta por uma Universidade Popular, nos atuais marcos históricos, é uma luta anticapitalista, um projeto em disputa, vinculado às demandas concretas dos trabalhadores, se contrapondo ao projeto em curso de educação da burguesia e seus aliados.
Esta disputa se faz no cotidiano das lutas em defesa da educação pública, nas greves dos três segmentos da universidade, nas ocupações de reitorias, na luta contra as demissões de professores e pela reestatização das instituições privadas, nas intervenções dos movimentos culturais contra hegemônicos e principalmente na UNIDADE ORGÂNICA com as demandas e movimentos da classe trabalhadora.
Em resumo, concebemos este movimento como algo necessariamente além dos muros da universidade e do próprio movimento estudantil. Devemos fortalecer todos os instrumentos forjados nas lutas, em defesa da Universidade Popular, como o Grupo de Trabalho Nacional de Universidade Popular, desdobramento prático do grande sucesso qualitativo e quantitativo que foi o I Seminário Nacional de Universidade Popular.
Na Frente cultural, devemos estreitar laços com artistas e grupos culturais nas periferias, em bairros populares e onde ela apresente seu caráter anticapitalista. A arte, furto da produção humana, é também a arte que denuncia a desumanidade do capital e da ordem burguesa. A luta contra a mercantilização da arte e do conhecimento, resultante da constante industrialização cultural capitalista, é um eixo norteador da UJC nesta frente.
Devemos constituir, nos locais onde atuamos, Centros de Cultura que articulem todos que desejam a real democratização da produção e acesso à cultura. Procuraremos também estreitar laços com movimentos populares e qualquer forma de resistência dos trabalhadores em seus bairros e locais de trabalho, reafirmando o caráter organizativo e de luta em torno da cultura, de sua produção e reprodução social.
Nas condições de acirramento da luta de classes no Brasil, compreendemos que as lutas específicas são transversais e se chocam com a lógica do capital.
A luta das mulheres, dos negros, das comunidades quilombolas, índios, GLBTT, imigrantes e migrantes se chocam com a violência do mercado, seja nas desigualdades de rendimentos, no preconceito e discriminação ou no acesso a serviços elementares, porque o capital precisa transformar todas as necessidades materiais e simbólicas em mercadoria para manter a acumulação, ameaçando a vida e destruindo o meio ambiente.
É com estas diretrizes que devemos associar os movimentos específicos com as lutas gerais que iremos travar, no entanto, compreendemos a necessidade da juventude comunista avançar nos debates específicos e na sua política para estes movimentos, por isso, faremos um conjunto de seminários com estes temas e outros, como a questão das drogas na sociedade Brasileira. É com ousadia, firmeza, estudo e organização que somos a juventude na contramão do capital e de suas representações. Na contramão dos que apregoam o conformismo, conclamamos a rebeldia. Rebeldia, porque o mundo está velho demais para nossos sonhos, mesquinho demais para abrigar nossa alegria, triste demais para receber nossa paixão, acomodado demais para poder sonhar em conter nossa rebelião! Na contramão daqueles que deixaram de sonhar com a construção de um mundo novo e de um novo ser humano, nós da União da Juventude Comunista, UJC Brasil, aglutinamos jovens que entendam e que se coloquem na contramão do capital, da exploração, da alienação, jovens prontos para lutar não pelo trabalhador, mas com ele, construindo o mundo dos trabalhadores. São com estes princípios de prática e AÇÃO que aglutinamos e organizamos jovens que apoiem e que possam, conosco, lutar pela construção do socialismo na perspectiva do comunismo e afirmar que o velho não venceu.
A UJC, ao completar os seus 85 anos e realizar o seu VI Congresso Nacional e os jovens comunistas organizados na UJC comemoram, nas lutas da juventude brasileira, as diversas batalhas em décadas de luta pelo socialismo e, com consciência de suas responsabilidades históricas, erguem, bem alto, a bandeira do comunismo! Porque os nossos sonhos jamais envelhecem!
1° de Agosto de 2012 - União da Juventude Comunista, Brasil
Viva o Internacionalismo Proletário!
Viva a Revolução Socialista!
Fomos, somos e seremos comunistas!
Viva a União da Juventude Comunista!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!

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