terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um sonho de Bolívar verá a luz





  
Imagen activaHavana (Prensa Latina) A Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC), sonho do Libertador Simón Bolívar, será fundada em Caracas durante uma cúpula constitutiva nos próximos dias 2 e 3 de dezembro.

  Ao encontro devem comparecer 33 chefes de Estado e Governo da região, todos quais já confirmaram sua presença na capital de Venezuela para a cerimônia, segundo anunciou o presidente Hugo Chávez Frias.

As primeiras a anunciar sua participação foram as presidentas do Brasil, Dilma Rousseff, e da Argentina, Cristina Fernández, além dos mandatários da Nicarágua, Equador, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Guatemala e outros.

Esta será a culminação de um processo de unidade e integração que teve seu ponto de partida em 1824 com a convocação de Bolívar ao Congresso do Panamá, com a intenção de criar uma federação das repúblicas recém-independentes.

A ideia original foi elaborada pelo símbolo patriota venezuelano Francisco de Miranda (1750-1816), quem propunha a criação de uma única nação à qual se nomearia Grã Colômbia.

Bolívar definiu esta intenção na Carta da Jamaica, escrita em 1815, e qualificou de ideia grandiosa a intenção de fundar na América Latinaem "uma só nação com um único vínculo que una suas partes entre si e com o todo".

A CELAC será, neste sentido, a herdeira deste propósito, já que agrupará os países do continente em uma entidade própria sem os Estados Unidos e o Canadá, a diferença do que ocorre na Organização de Estados Americanos (OEA).

Aos países latino-americanos de fala hispânica e ao Brasil se unirão no mês próximo os estados banhados pelo mar do Caribe, que obtiveram há poucas décadas sua independência e compartilham com seus vizinhos continentais os mesmos projetos e interesses.

Ainda que não se trate neste momento de fundar uma nação, a Comunidade que virá à luz é um passo a mais em um processo de integração que se acelerou nos anos recentes com uma forte ênfase na independência.

A criação desta entidade foi lembrada pelos governantes da região na cúpula de Praia del Carmen, México, em 23 de fevereiro de 2010, como uma continuação do Grupo do Rio e a da Cúpula da América Latina e do Caribe.

Outro antecedente foi a criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) por parte de Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai em 26 de março de 1991, ao qual depois se associaram outras nações.

No entanto, em 14 de dezembro de 2004 nasceu a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), formada por Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua, Dominica, San Vicente e as Granadinas, Antiga e Barbuda e Venezuela, com um programa integrador de novo tipo.

Outro passo na mesma direção deram os 12 países que formaram a União de Nações Sul-americanas (Unasur) ao assinar em Brasília o tratado constitutivo em 23 de maio de 2008.

O novo foro é considerado como uma peça fundamental na arquitetura da integração regional.

Com seus 550 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) global de uns seis bilhões de dólares, os integrantes da CELAC terão um peso importante no conjunto de nações.

Mas para conseguí-lo não bastará a solidez econômica, senão uma maneira própria de enfocar os assuntos latino-americanos e caribenhos, sem pressões extrangeiras.

O presidente equatoriano, Rafael Correa, disse recentemente que proporá em Caracas mudanças ao sistema interamericano, em referência aos Estados Unidos e a OEA.

Sublinhou que é incrível ter que ir a Washington para discutir assuntos latino-americanos quando os próprios Estados Unidos não reconhecem a Convenção Interamericana de Direitos Humanos.

A aspiração do Equador é a de desenvolver a Celac como um foro para a resolução de conflitos regionais, que substitua à OEA, por sua clara inclinação a favor de países hegemônicos, agregou.

Por sua vez, o chanceler uruguaio, Luis Almagro, declarou à Prensa Latina que a CELAC permitirá construir a união a partir do acordo de políticas em todos os âmbitos de ação.

O Uruguai espera que a entidade seja um passo fundamental e importantíssimo na construção de um espaço de integração da América Latina e do Caribe, disse.

Hugo Chávez expressou também que esta cúpula vai ser um fato histórico, pois os governantes "debaterão em Caracas sem os Estados Unidos, o Canadá ou a União Européia, sobre o presente e o futuro deste grande continente da utopia e da esperança".

*Jornalista da Redação de Serviços Especiais da Prensa Latina.

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