sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Depois de muita luta, René Gonzalez, um dos cinco cubanos antiterroristas presos nos EUA, é libertado


Ainda faltam 4, e muitos outros!
Após 13 anos de prisão injusta, foi libertado na última sexta-feira (07) nos Estados Unidos o cubano René González. Mas o império ainda mantém sob cárcere os outros quatro heróis, presos políticos sob a falsa acusação de espionagem. González, que deixou a prisão federal de Marianna, no norte da Flórida, terá de permanecer nos EUA por três anos, sob regime de liberdade supervisionada. Seu pedido de retorno à ilha foi negado em fevereiro por uma juíza, Joan Lenard.
A libertação dele deve servir de reforço e estímulo a todos aqueles que lutam contra a opressão. Não podemos esmorecer na denúncia de Guantánamo, dos outros quatro presos políticos cubanos, dos milhares de palestinos nas masmorras israelenses. A luta continua!




Mensagem de René González
ao povo de Cuba
(Versões estenográficas do Conselho de Estado)
ESTAS palavras são para meu povo, a quem as devo desde o dia em que saí do cárcere e que não puderam ser enviadas pelas circunstâncias que existiam, pois havia necessidade de termos uma viagem segura, antes de que pudéssemos fazê-las chegar.
É difícil, realmente, dirigir-se, mediante a filmagem de uma câmera, a um povo que se quer tanto e do qual a gente sente que faz parte, porém necessitava comunicar-me com vocês e dizer-lhes quanta gratidão sentimos por tudo aquilo que fizeram, explicar-lhes que nos temos sentido muito acompanhados pelas milhares de mensagens, as cartas das crianças, de todos os coletivos de trabalho e de estudo que, de Cuba, nos têm enviado suas mensagens, o apoio que nunca nos faltou e que nos alimentou nestes anos de injustiça, que já são demasiados.
Para mim, este momento de felicidade que compartilhamos é, simplesmente, um parêntese em uma história de abusos na qual, ainda, não houve um mínimo de justiça. O fato de que eu esteja agora, fora do cárcere apenas significa que se esgotou a enxurrada de abusos à que tinha sido submetido; mas ainda temos quatro irmãos aos que temos que resgatar e que necessitamos que estejam junto a nós, com seus familiares; que estejam entre vocês, dando o melhor deles e não nesses lugares em que estão, onde se levantam, acordam cada manhã, vão a um refeitório no qual não devem comer, andam entre pessoas que não devem andar e, realmente, necessitamos continuar esta luta para levá-los a eles adiante.
Para mim, isto é somente uma trincheira, um lugar novo no qual vou continuar lutando para que se faça justiça e os Cinco possamos retornar junto a vocês.
Quero mandar uma saudação especial aos familiares dos outros quatro irmãos, que realmente me comoveram devido a sua alegria. Realmente, comove-me imenso quando falo pelo telefone com uma pessoa que sabe que tem seu filho preso, seu esposo preso e recebe a liberdade minha como se fosse a liberdade de um dos seus. A mim, realmente, isso me comove e me compromete, e temos que continuar travando esta luta, porque eles não merecem estar onde estão.
A todo meu povo, a todos os que nestes anos nos têm acompanhado no mundo todo, que foram milhares, através dos quais temos podido, aos poucos, ir rompendo este bloqueio informativo, ir rompendo o silêncio que as megacorporações da imprensa mantiveram neste caso, lhes transmito, de parte dos Cinco, meu mais profundo agradecimento, meu compromisso de continuar representando vocês como merecem, que, afinal, é o que estamos fazendo os Cinco, porque não somos somente Cinco, somos um povo todo que soube resistir durante 50 anos, e graças a isso é que nós ainda estamos resistindo, porque nos inspiramos em vocês, porque sabemos que os representamos e nunca vamos a falhar e sempre estaremos à altura que vocês merecem.
Um abraço para todos.
Os Cinco queremos vocês onde quer que estivermos. 




"PRONTO para continuar lutando até morrer"
 Foram as primeiras palavras que expressou René González depois de abraçar e beijar as filhas, Ivette e Irmita, que filmaram o emotivo encontro, na saída da penitenciária de Marianna, na Flórida, na madrugada da passada sexta-feira 7 de outubro, em que também estiveram Cándido e Roberto, pai e irmão do herói.

Com a filha mais velha, Irmita. Com a filha mais velha, Irmita.

René fala por telefone com a esposa Olga, que não teve licença dos EUA para viajar de Havana e estar junto a ele.René fala por telefone com a esposa Olga,
 que não teve licença dos EUA para viajar
de Havana e estar junto a ele.

Com o pai, Cándido, e a caçula Ivette.Com o pai, Cándido, e a caçula Ivette.
O programa Mesa Redonda, da Televisão Cubana, transmitiu o vídeo, que foi reproduzido também no site Cubadebate.
"Meu amor, meu tesouro. Como vai você? (...) dizem elas que estou muito bonito. Aqui está sua primogênita filmando-me. Estão muito lindas as duas", contou pelo telefone a sua esposa, Olga Salanueva — que não obteve licença dos Estados Unidos para viajar e estar ao lado de René.
Acrescentou que na véspera da saída do cárcere fui confinado ao "buraco" (a cela de punição) pelas autoridades carcerárias: "Passei no buraco o resto da noite, dormi bem e acordaram-me. Pulei como uma mola. Tudo muito rápido; desde que abriram o buraco até que saí: dez minutos", disse.
Poder ver-se a René cantando El Mayor, a cançaõ de Silvio Rodríguez, enquanto vai com suas filhas, seu pai e seu irmão no carro que o leva ao lugar onde residirá na Flórida, para cumprir a nova punição imposta pela juíza Joan Lenard.
Em 11 de outubro, o herói cubano apresentou-se, junto a seu advogado Philip Horowitz, perante o oficial de provatória da Corte Federal da Flórida, dando início assim, formalmente, a seu regime de liberdade supervisionada. 



















Declaração do Parlamento cubano denuncia nova injustiça contra René González e insta à solidariedade com os Cinco
NO passado 7 de outubro, foi liberado da penitenciária Marianna, ao norte da Flórida, Estados Unidos, o lutador antiterrorista cubano René González Sehwerert, após ter completado 13 longos anos de injusta prisão.
Desde seu encerro, em setembro de 1998, René González Sehwerert junto a seus companheiros Gerardo Hernández Nordelo, Ramón Labañino Salazar, Antonio Guerrero Rodríguez, e Fernando González Llort sofreram cruéis e degradantes condições de encerro e suportaram todo o tipo de pressões e abusos, incluída a separação das famílias. Todo o ódio de que foram vítimas não conseguiu quebrar suas convicções e com singular estoicismo e admirável inteireza mantiveram sempre uma conduta exemplar como reclusos.
Essa digna e brava atitude de nossos cinco companheiros, ao não abrirem mão de seus princípios, sob nenhuma circunstância, junto às motivações de revanche política que caracterizaram os processos judiciais nos que foram condenados, foi o que levou a juíza Joan Lenard a impor uma nova e injustificada punição a René, ao negar, no passado 16 de setembro, uma moção para que, ao sair da prisão, pudesse retornar a Cuba, ao seio de sua família e de seu povo.
A decisão da juíza, que reitera o requisito especial e adicional de proibir-lhe, após a saída do cárcere, "associar-se a/ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou frequentam indivíduos ou grupos tais como terroristas...", incluído na sentença que lhe foi imposta, a pedido expresso do governo, é a prova inapelável de que os terroristas anticubanos continuam desfrutando de total impunidade e do apoio das autoridades norte-americanas.
Durante mais de 50 anos, as sucessivas administrações desse país ampararam o terrorismo contra Cuba e deram proteção a indivíduos e organizações terroristas em seu próprio território. Ali vivem em completa normalidade, com acesso priorizado à mídia e com total impunidade, para organizar e promover o terrorismo contra nosso país, os responsáveis por tanta morte e dor. Só o reconhecimento desta realidade por parte da juíza e do governo ratifica o Estado de Necessidade que obrigou a penetrar os grupos terroristas e demonstra que as severas sanções dos Cinco estiveram dirigidas a proteger os verdadeiros terroristas que, como Luis Posada Carriles, vivem tranquilamente na Flórida.
Não há dúvida de que o governo dos Estados Unidos conhece perfeitamente que o fato de que René tenha que residir em território desse país constitui uma séria ameaça para sua vida e integridade física. As autoridades norte-americanas serão responsáveis pelo que possa ocorrer.
A causa dos Cinco é cada vez mais conhecida no mundo. Milhares de homens e mulheres de todas as latitudes e todas as camadas sociais se somaram à luta por sua libertação, incluindo inúmeros parlamentares e órgãos legislativos. A todos e todas agradecemos, em nome dos Cinco e de suas famílias, vítimas também de tanta injustiça, o apoio para conseguir sua libertação.
Não foi, e não é, contudo, um caminho fácil, devido a que se opõem o revanchismo, o ódio e a obcecação que primaram sempre nos Estados Unidos em relação com Cuba por não ter podido submeter nosso povo. Opõe-se, também, a ferrenha censura deste caso na mídia, que só vezes contadas fez alusão a esta injustiça.
Acreditamos firmemente que a solidariedade pode com tudo e que as causas justas hão-de triunfar sobre a mentira e a injustiça. Por isso, instamos todos os parlamentos e membros destes, às forças e grupos políticos e sociais comprometidos com a verdade e a justiça, a todos os homens e mulheres dignos do planeta, a que exerçam toda sua influência para que o presidente Obama faça o que tem que fazer: permitir o retorno imediato de René ao seio de sua família e colocar em liberdade seus quatro companheiros de luta e cativeiro.
Tornemos possível, entre todos, que se faça justiça.
Comissão das Relações Internacionais
Assembleia Nacional do Poder Popular
Havana, 11 de outubro de 2011 

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