terça-feira, 3 de maio de 2011

Granma - As relações da família Bin Laden e o imperialismo


O sobrenome Bin Laden foi demonizado, foi até agora o "bicho-papão" do século 21. Só sua menção causou pavor na sociedade norte-americana, usou-se para fomentar a "síndrome do medo" e justificar as ações mais retrógradas e antidemocráticas nos Estados Unidos.
Mas a família Bin Laden teve e tem muitos mais vínculos com os Estados Unidos dos supostos.
Entre 1981 e 1988, pelo menos 15 indivíduos de diversas nacionalidades, entre eles o próprio diretor da CIA, William Casey, morreram em circunstâncias pouco usuais: acidentes aéreos, explosões, raros vírus que derivaram em câncer fulminante; infartos repentinos ou, simplesmente, foram assassinados. Oito mais sofreram atentados e um, o ex-conselheiro de Segurança Nacional Robert McFarlane, tentou se suicidar.
Todos eles tinham em comum ter estado estreitamente ligados ao Irã-Contra, que comprometia a administração de Ronald Reagan e a seu então vice-presidente, George Bush pai, num grande escândalo político, pois agiram com absoluta violação da lei que impedia a assistência financeira à "contra" nicaraguense e, especialmente, a venda de armas ao Irã, inimigo declarado dos Estados Unidos.
Para Washington, os contras nicaraguenses, como depois os mujahidines do Afeganistão, eram "combatentes pela liberdade".
Um desses personagens, que morreu estranhamente, vinculado a esses acontecimentos, foi o xeque Salem bin Laden, ao espatifar-se seu avião no Texas, em 1988. Diz-se que pouco depois de fechar uns negócios petroleiros nos quais tinha interesses a família Bush.
Várias publicações de há 20 anos e outras depois assinalavam que, de acordo com o piloto estadunidense do avião, o xeque Salem tinha participado, em outubro de 1980, duma reunião secreta entre agentes da CIA e emissários iranianos em Paris. Ali, teria sido concordada a libertação dos reféns da embaixada estadunidense em Teerã para depois da posse de Ronald Reagan, uma jogada que influiu na perda da reeleição de James Carter.
Nada de tudo isto foi provado, mas o procurador do caso especulou com a possibilidade de que Salem tivesse sido eliminado por ser "um testemunha embaraçoso", enquanto alguns especialistas assegurassem, no fim de 1990, que os planos de voo do avião foram durante muito tempo o bojo dum grande número de investigações, cujas conclusões nunca foram divulgadas.
NEGÓCIOS FAMÍLIA BUSH-FAMÍLIA BIN LADEN
O jornalista norte-americano Jerry Urban, do Houston Chronicle, na edição de 4 de junho de 1992, escreveu um artigo intitulado "Tudo fica em família".
De acordo com as investigações de Urban, o Bureau Federal de Investigações (FBI) e uma entidade governamental dedicada ao controle de crimes financeiros, estiveram naquele tempo revendo acusações de que o empresário James R. Bath tinha transferido para Houston certas quantias de dinheiro de investidores sauditas, que queriam influenciar na política dos Estados Unidos, sob as administrações de Ronald Reagan e George Bush, pai.
"Em declarações juradas, Bath disse que ele representou quatro proeminentes sauditas como consignatário e que ele usaria seu nome nos investimentos. Em pagamento, Bath declarou que receberia lucros nos negócios", dizia o comentarista.
O Houston Chronicle assegurou naquele artigo que "os documentos fiscais e os recordes financeiros pessoais mostravam que o empresário Bath pessoalmente tinha lucros em Arbusto'79 Ltd, e Arbusto'80 Ltd, sociedades limitadas controladas por George W. Bush, o filho maior do então presidente Bush".
"'Bush'— sublinhou o material jornalístico —, significa arbusto em português".
O jornalista Jerry Urban também salientou que "segundo um convênio de fideicomisso de 1976, preparado pouco depois de que Bush pai fosse designado diretor da Agência Central de Inteligência, o xeque saudita Salem bin Laden designou Bath como seu representante de negócios em Houston e há evidências de que o empresário recebeu uma grande fatia das companhias que eram donas e operavam o aeroporto Golfo de Houston (Houston Gulf Airport), após as negociações de venda à família Bin Laden, em 1977".
OUTROS NEGÓCIOS E VÍNCULOS CONSPIRADORES
O xeque Salem bin Laden era, como irmão mais velho, o chefe de família, constituída por uma numerosa prole (alguns dizem que eram 54 e outros que 57 os filhos que teve o xeque Mohammed bin Laden com 30 esposas de diversas nacionalidades árabes) e que herdaram a Bin Laden Construction Group, uma corporação que ele criou nos anos 50 em Yeddah, à beira do Mar Vermelho.
Quando o xeque Salem bin Laden tomou o controle dos negócios, não somente consolidou as empresas de construção, mas também fez investimentos na fabricação e na distribuição de armamentos e em bancos com sedes na Suíça e filiais em todo o Oriente Médio. Tinha o apoio total do então rei Abdul Aziz e sua família.
Várias publicações comentaram naqueles dias sobre os negócios dos Bin laden e destacaram que a companhia deles era uma das mais importantes do reino saudita, com haveres estimados em mais de US$5 bilhões, e que o xeque Mohammed se enriqueceu graças a importantes projetos de ampliação dos locais santos do Islam, Meca e Medina (oeste), que lhe foram confiados no palácio real saudita.
Nesse momento, treze de seus filhos ocupavam um lugar no conselho de administração do grupo, entre os quais os mais conhecidos eram Bakr, Hassan, Yeslam e Yehia. Assegura-se que Osama seria o único filho de mãe saudita.
Ao morrer Salem, Bakr o sucedeu à frente do grupo e conseguiu que as atividades vazassem as fronteiras da Arábia Saudita, cobrindo vários países árabes e dando emprego a milhares de pessoas.
Vários meios de imprensa assinalaram que para essa época o conglomerado era tão grande que decidiram dividi-lo em "grupo sírio", "grupo libanês", "grupo jordaniano" e o "grupo egípcio".
Este último era o mais desenvolvido com 40 mil empregados, embora vários dos Bin Laden controlassem os negócios globais da Europa liderados por Yeslam, com escritórios em Genebra e Paris.
Os analistas coincidiam em assinalar antes de 11 de setembro de 2001 que a "ovelha negra" da família, batizado como Osama ben Muhammad ben Awad bin Laden, preparou-se também para os negócios estudando engenharia na Universidade do rei Abdul Aziz, em Yeddah.
Mas quando se formou em 1979, recusou o controle duma empresa construtora local e foi lutar com os muhaidines do Afeganistão que resistiam à invasão soviética e nessa missão se estreitaram os vínculos entre os Bin Laden e a Agência Central de Inteligência.
Os Estados Unidos tinham dado apoio em material bélico de alta tecnologia e instrução militar à guerrilha afegã e aos combatentes islâmicos procedentes do Oriente Médio e do norte da África que se enfrentavam aos soviéticos. Mas ambos os grupos não eram capazes de coordenar suas ações por diferenças ideológicas e velhas pugnas tribais.
Um consultor das Nações Unidas naquela época, Mac Liman, salientou que essa foi a contribuição de Osama bin Laden como intermediário da CIA, que conseguiu aglutiná-los e acelerar a criação dum front comum, ao tempo que se converteu, com o apoio da CIA e dos serviços secretos da Arábia Saudita, no tesoureiro da operação "Afeganistão".
Em 1988, formou o que se conhece como a rede terrorista "Al Qaeda". Depois da guerra contra os russos, retornou à Arábia Saudita e descobriu que era uma celebridade. O governo de Riad começou a isolá-lo e sua estrela começou a apagar-se lentamente. Mas tudo mudou com a guerra do Golfo Pérsico e teve que abandonar toda conexão com seus irmãos, após ser expulso da Arábia Saudita por apoiar dissidentes ao rei Fahd.
Contudo, depois de alguns meses de desassossego, o Bin Laden Group recompôs sua relação com a realeza saudita e obteve contratos multimilionários.
O Bin Laden Group tinha empresas-mães que apareciam em todos os contratos, sob nomes tais como Ditco, Saud ben Birdgis, Al Mouraiban ou Kara e escritórios em todas as capitais do Oriente Médio, de Dubai a Ammã, e um centro operacional em Genebra, com filiais em Paris e Madri.
Analistas internacionais sublinharam que Bin Laden mudou com a guerra do Golfo Pérsico e o envolvimento de seu país. Despojado de sua nacionalidade saudita, acusado de ser financista do terrorismo islâmico, Osama bin Laden apareceu com uma ruptura em seus estreitos vínculos com a CIA e declarou guerra santa (Jihad) contra os Estados Unidos. Seu nome ressurgiu misteriosamente nos últimos anos, cada vez que houve tensão na sociedade estadunidense, resultando num fato conveniente para a classe política.
Mas os negócios são negócios. Nem ainda as atividades de Osama prejudicaram as relações dos Bin Laden e a superpotência, mediante diversas conexões de grupos internacionais vinculados ao capital financeiro.
Terrorismo, negócios, conspiração, tudo é misturado na história desta família e das autoridades norte-americanas. Será que algum dia se conhecerá a verdade absoluta, inclusive o que aconteceu realmente em 11 de setembro?
Por agora, não há que esquentar muito a cabeça. Tal como me respondeu com filosofia popular um vizinho, quando lhe expliquei todos estes laços familiares: ...a realidade supera a imaginação mais fecunda e agora, que se diz é morto, ainda mais.
Mais uma vez há uma coisa bem clara, e é a dupla moral. Promessas, esforços ingentes até matar o terrorista de Al Qaeda e entretanto, nos próprios Estados Unidos, em Miami, foi sepultado com toda pompa outro terrorista a quem a justiça norte-americana proclamou como o inimigo público no.1: Orlando Bosch, e outro tão tenebroso como o saudita, goza de impunidade: Luis Posada Carriles.
 

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