quinta-feira, 3 de março de 2011

Os jornais e os trabalhadores

Humildemente, o nome desse texto se inspira no título do artigo do marxista italiano, fundador do PCI, "Os jornais e os operários". Não usei o mesmo nome, mas a temática é a mesma. Naquela situação, em 1916, em sua juventude, portanto ainda no PSI, em sua corrente marxista, em plena produção intelectual, a época era de propaganda dos jornais burgueses. Estes tentavam mais e mais se tornar atrativos para as massas, para reproduzir seu capital, claro.
Gramsci define o jornal, como meio de comunicação, da seguinte forma :

"A mercadoria é aquela folha de quatro ou seis páginas que todas as manhãs ou todas as tardes vai injetar no espírito do leitor os modos de sentir e de julgar os fatos da atualidade política que mais convém aos produtores e vendedores de papel impresso."
                                                                                                               Antonio Gramsci,1916

Ora, a intenção desse breve artigo não é julgar a conjuntura em que Gramsci vivia, mas de identificar essa frase tão verdadeira com a realidade de Guarulhos. Afinal, a sociedade burguesa, dividida em classes, tem o jornal como uma mercadoria de caráter diferenciado. Em primeiro lugar, trata-se de um fenômeno da produção social alienada, que se reinsere no meio através da classe dominante, que lhe injeta o valor de troca, este por sua vez, sobressai o valor de uso. Portanto, o jornal é uma mercadoria que trará lucro para o capitalista proprietário.


Um segundo aspecto seria o caráter ideológico dessa mercadoria, pois o que se está vendendo, como diz Gramsci, são formas de julgar a política, a economia, a cultura e, a partir desses julgamentos macrossociais, o caderno de cotidiano faz o julgamento moral dos acontecimentos corriqueiros que são flagrados.
Ou seja, o jornal é um elemento duplo na sociedade burguesa, um instrumento de alienação econômica, como produto social alienado e reinserido de forma fetichizada, e como forma de alienação ideológica, pois essa mercadoria contém uma série de avaliações de conjuntura de caráter burguês, que injeta ideologia e deixa de lado o ponto de vista do proletariado, como diria Lukács.
Ato boicotado pela Folha Metropolitana. Por que será?
Quando vemos o caso da luta pelo transporte público em Guarulhos, mais especificamente nas manifestações de Abril de 2009 no Pimentas, em dezembro de 2009 na audiência pública dos patrões, em dezembro de 2009 no aniversário da cidade e em março de 2011 no centro, presenciamos repressão policial, inclusive com saldo de presos e feridos, em nenhum dos casos a repressão foi denunciada pelos jornais, nem mesmo na última, em que entidades e partidos como os sindicatos dos professores - SINPRO e APEOESP -, o DCE da Unifesp, o PCB e a CSP - CONLUTAS se pronunciaram a respeito em repúdio. O que isso   prova ? Claro, que a burguesia se vale de repressão policial do Estado para manter seus interesses, mas também, que os meios de comunicação estão a seu serviço e que o conteúdo oferecido pelos jornais se guiará pela vontade e os interesses políticos e econômicos da burguesia.
Por isso, os melhores conselhos que se pode dar acerca desses jornais é critiquem, desconfiem e, parafraseando o camarada Antonio Gramsci : Boicotem ! boicotem ! boicotem !.
 Vídeo do momento da prisão de um manifestante, fato ignorado pela imprensa burguesa de Guarulhos.

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