quarta-feira, 14 de abril de 2010

Estado fascista colombiano


Existem 7.500 presos políticos na Colômbia. São completamente invisíveis para a mídia... São sindicalistas, estudantes, professores, camponeses, ecologistas, todos do povo. Foram encarcerados, em sua maioria, graças a grosseiras montagens judiciais e condenados por “terrorismo” e “rebelião”...

A quantidade de presos políticos na Colômbia é escandalosa e suas condições de vida são inumanas, já que o Estado colombiano é um dos principais torturadores do mundo (OMCT). Porém, a desvalorização midiática destes milhares de presos políticos vem domesticando, inclusive, as mentes de pessoas de “esquerda”, que não os reclamam devidamente...

Assistimos a uma supervalorização dos 20 militares presos de guerra, detidos pelas FARC. Nas grandes mídias e, inclusive, em parte dos meios alternativos de comunicação, é dado a eles uma maior cobertura. Contudo, não se fala quase nada (ou nada) dos presos e presas políticas dos cárceres do Estado colombiano.

Nessas prisões, existem uns 500 presos guerrilheiros e os demais, umas 7000 pessoas, presas por seu pensamento crítico e seu trabalho social.

Se os 20 presos de guerra que as FARC detém são chamados de “sequestrados”, então, obviamente, por justiça, também deveriam ser chamados de “sequestrados” os 500 guerrilheiros presos do Estado... Ou, se a ambos grupos chamam de prisioneiros de guerra, então, em todo caso, o grupo de 7000 pessoas presas por vontade do Estado, com o intuito de calar suas vozes (estudantes, professores, sindicalistas, lideranças do movimento de mulheres, etc...), deve ser chamado de sequestrados. Muitas pessoas estão presas por conta de montagens judiciais. Temos que dar a máxima visibilidade aos presos políticos. (1)

O caso da Colômbia e sua realidade de ditadura camuflada, mediante o silêncio cúmplice da mídia, se norteia pela brutalidade do genocídio e do silêncio aplicado. O terrorismo de Estado na Colômbia desapareceu com mais de 50.000 pessoas, sendo esse trabalho feito por seus militares e seu braço paramilitar. Assim, o Estado vem ofertando terras vazias, inabitadas (cujos habitantes foram assassinados ou expulsos) às multinacionais e aos agro-industriais.

O silêncio acerca desta cifra colossal de presos e presas políticas é outra prova do mascaramento midiático sobre a situação na Colômbia. O Estado busca “humanizar” alguns e “desumanizar” outros. Para a propaganda da mídia de massa, só parecem ser humanos os 20 soldados sob custódia da guerrilha. Já os 7.500 presos políticos não parecem “ser humanos”... O trato dispensado a eles é como se não merecessem ser assim chamados e reclamados...

Além disso, os presos políticos são duramente golpeados. Sofrem não somente a tortura exercida pelo INPEC (autoridade carcerária), mas também a tortura, o desaparecimento e assassinato de seus familiares. O serviço é perpetrado pelo Estado e pelos paramilitares, no caso dos presos políticos não aceitarem se converter em informantes do Estado. (3) e (4)

Existem muitos casos de desaparecimento e assassinatos de familiares dos presos. O mundo deve se inteirar deste bárbaro crime estatal...

CARLOS IVÁN PEÑA ORJUELA vem sendo subjugado e pressionado por funcionários da polícia judicial da SIJIN para que testemunhe contra camponeses inocentes da região de Magdalena Medio. Ante sua negativa, a polícia desapareceu e assassinou seu irmão caçula, prendeu sua companheira e também ameaça assassinar seu filho de 6 anos. (4)

Entre os casos de tortura, cabe lembrar aqui o ocorrido com Diomedes Meneses. Ele foi brutalmente torturado pelo Estado colombiano. Com uma faca, os militares colombianos arrancaram um olho. Depois, o deixaram em cadeira de rodas. E agora, a instituição carcerária permanece o torturando: deixa a gangrena devorar uma das pernas, negando assistência médica enquanto seu corpo apodrece literalmente, devorando sua vida (5)

Devemos recordar também o caso de todas as mães solteiras, chefes de família, que não possuem familiares que acolham seus filhos. Dessa maneira,os mesmos são levados para orfanatos. Essas mães estão presas por conta de suas ideias e pensamentos críticos... É o caso de Liliany Obando. Obando é socióloga e pesquisadora, presa política do regime colombiano, acusada arbitrariamente em razão do trabalho que desenvolvia em defesa dos direitos dos trabalhadores agricultores. Prisioneira política de consciência, vítima de uma montagem jurídica. Foi castigada por sua opinião crítica... Liliany Obando sofre pressões e abusos por parte da autoridade carcerária, para que cesse as denúncias. Além disso, não foi concedida a ela a prisão domiciliar durante os julgamentos preliminares, direito constitucional assegurado a todas as mães chefes de família (6).

Como disse um preso político numa carta aberta ao mundo:

“Nós devemos suportar que nossas famílias não possam nos reivindicar, levantar suas vozes por nossa liberdade (devido ao terror estatal e ao silêncio midiático que reagem sobre elas); mas as famílias daqueles que estão sob a custódia de nossas organizações podem manifestar-se”.

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