
1.
O cenário nacional nas universidades federais é
de profunda crise, as contradições das políticas do REUNI impulsionaram os
docentes a deflagrar um movimento nacional de greve que conquistou unidade
entre estudantes e agora técnicos administrativos, paralisando mais de 50
federais pelo país. Antes mesmo da greve dos docentes, o movimento estudantil
já estava em luta em algumas universidades como UFSM, UFF, UFSJ, UNIFESP,
demonstrando a combatividade dos estudantes em oposição à politicas de
precarização e mercantilização do projeto educacional petista.
2.
O movimento estudantil na UNIFESP deliberou
greve geral estudantil em todos os campi, contando inclusive com a adesão dos
estudantes de medicina e Osasco, demonstrando a força do movimento de greve nas
federais. A UJC tem atuado de forma incisiva no comando de greve do campus São
Paulo, defendendo a sua composição formada pelas entidades de base; a
paralisação de todas as atividades acadêmicas até o atendimento da pauta de
reivindicação deliberada pela base estudantil; paridade nos conselhos
deliberativos da UNIFESP e na congregação dos campi; contra a criminalização do
movimento estudantil e a repressão policial na universidade.
3.
Os estudantes do campus Guarulhos estão em greve
desde o dia 22 de março construindo um amplo e intenso processo de lutas que
passou por vitórias e derrotas políticas. O movimento vem se formando com
diversos problemas que devem ser identificados para que haja um alinhamento
correto que o direcione à vitória decisiva.
4.
A UJC
entende como vitórias do movimento: o ato do dia 20 de maio em frente à
reitoria, recepcionado pela tropa de choque; a marcha das vadias, em oposição
ao machismo; a participação do comando de greve de Guarulhos na marcha nacional
pela educação em Brasília; a representatividade das assembleias de campus, com
a participação em média de mil e quinhentas pessoas; a adesão de professores e
técnicos administrativos, embora tenha acontecido depois da deliberação do
ANDES e FASUBRA; duas ocupações, sendo a primeira apenas da diretoria acadêmica
e a segunda de todo o campus, incluído o restaurante universitário – que foi
gerido pelos estudantes por onze dias. A
primeira ocupação não teve a amplitude da segunda, inclusive não foi deliberada
em assembleia geral, e não durou nem três dias. Ao contrário, a segunda foi
deliberada pela base em assembleia geral, durou treze dias, trouxe discussões
estratégicas para o movimento estudantil como a universidade popular; abriu
espaços de inserção e participação da comunidade na universidade, com
cineclubes e oficinas; trouxe visibilidade para o movimento – cobertura da
imprensa, audiência publica na ALESP – o que pressionou a reitoria a participar
de uma audiência publica no campus, e chamou a atenção do MEC para as condições
precárias do campus.
5.
As derrotas sofridas pelo movimento foram duras
e estão ligadas tanto a gestão da UNIFESP, quanto a equívocos do movimento. A
reitoria e a diretoria acadêmica mostram aversão ao diálogo e se valem de
diversas ferramentas de coerção para resolver a profunda crise institucional em
que a UNIFESP está afundada. Na tentativa de barrar o movimento, o setor mais
conservador dos professores, através da congregação, ameaçou os estudantes com
pedidos de abertura de sindicâncias para punir os grevistas; a reitoria se
valeu de uma intimação judicial que determinava o pagamento do valor de trinta
mil reais por dia se o comando de greve de Guarulhos tomasse a atitude de
ocupar a reitoria da Unifesp; para dar fim à segunda ocupação, a tropa de
choque invadiu o campus e prendeu 46 estudantes; após o ato do dia 14 de junho
a PM volta a entrar no campus e prende 26 estudantes, acusados de diversos
crimes – esse caso tem a particularidade de escancarar a política repressora da
gestão da UNIFESP e também as concepções errôneas do próprio movimento, que
devem ser identificadas e retificadas.
6.
Essas concepções errôneas causam diversos
problemas para o direcionamento adequado do movimento, começando pela
composição do comando de greve, que nega qualquer tipo de representação ao se
organizar exclusivamente em plenárias abertas, isso caracteriza um democratismo
liberal e pequeno-burguês, que retira o dinamismo deliberativo do comando de
greve. O movimento só tem a perder se for pautado em ações paralelistas e
espontaneistas, que inconscientemente, ou não, fazem o jogo da direita e
fortalecem a diretoria acadêmica, além de descolar o comando da base com suas
concepções isoladas, apressadas e esquerdistas. Há também setores atrasados que
têm como norteamento politicas conciliadoras e legalistas, tais são as
concepções que a UJC terá que se opor no processo de greve em Guarulhos.
7.
A marcha pela educação em Brasília deu um passo
importante na articulação do movimento nacional de greve: a formação do comando
nacional. Mas, esse processo tem alguns problemas a serem identificados, o
maior deles é a ausência de comandos de greve estaduais ligados ao nacional, o
que acarreta no descolamento dessa ferramenta da base real das lutas nas
universidades. Esse problema tem sua causa em concepções equivocadas de alguns
setores do movimento estudantil.
8.
Nesse sentido, a UJC entende que o movimento de
greve na UNIFESP deve se pautar em alguns eixos políticos:
. Articulação
entre os comandos de greve de campus através de um comando de greve intercampi;
.
Formação de um comando de estadual de greve, a fim de construir unidade de ação
com outras federais em São Paulo;
.
Reformulação da composição do comando de greve em Guarulhos, com eleição de
representantes em assembleias de curso;
.
Fortalecimento das entidades de base, a fim de construir organicidade do
movimento para além da greve;
.
Resgate da pauta de reivindicações deliberada pela base como norte do movimento
de greve;
. “Fora
Marcos Cézar!”, renuncia do diretor acadêmico de Guarulhos como contraposição
as politicas repressoras de uso do aparato policial como forma de resolução
para problemas políticos e pela paridade nos conselhos deliberativos da
instituição e congregação do campus.
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