quarta-feira, 20 de junho de 2012

Balanço do movimento de greve da UNIFESP


 
1.       O cenário nacional nas universidades federais é de profunda crise, as contradições das políticas do REUNI impulsionaram os docentes a deflagrar um movimento nacional de greve que conquistou unidade entre estudantes e agora técnicos administrativos, paralisando mais de 50 federais pelo país. Antes mesmo da greve dos docentes, o movimento estudantil já estava em luta em algumas universidades como UFSM, UFF, UFSJ, UNIFESP, demonstrando a combatividade dos estudantes em oposição à politicas de precarização e mercantilização do projeto educacional petista.

2.       O movimento estudantil na UNIFESP deliberou greve geral estudantil em todos os campi, contando inclusive com a adesão dos estudantes de medicina e Osasco, demonstrando a força do movimento de greve nas federais. A UJC tem atuado de forma incisiva no comando de greve do campus São Paulo, defendendo a sua composição formada pelas entidades de base; a paralisação de todas as atividades acadêmicas até o atendimento da pauta de reivindicação deliberada pela base estudantil; paridade nos conselhos deliberativos da UNIFESP e na congregação dos campi; contra a criminalização do movimento estudantil e a repressão policial na universidade.

3.       Os estudantes do campus Guarulhos estão em greve desde o dia 22 de março construindo um amplo e intenso processo de lutas que passou por vitórias e derrotas políticas. O movimento vem se formando com diversos problemas que devem ser identificados para que haja um alinhamento correto que o direcione à vitória decisiva.

4.        A UJC entende como vitórias do movimento: o ato do dia 20 de maio em frente à reitoria, recepcionado pela tropa de choque; a marcha das vadias, em oposição ao machismo; a participação do comando de greve de Guarulhos na marcha nacional pela educação em Brasília; a representatividade das assembleias de campus, com a participação em média de mil e quinhentas pessoas; a adesão de professores e técnicos administrativos, embora tenha acontecido depois da deliberação do ANDES e FASUBRA; duas ocupações, sendo a primeira apenas da diretoria acadêmica e a segunda de todo o campus, incluído o restaurante universitário – que foi gerido pelos estudantes por onze dias.  A primeira ocupação não teve a amplitude da segunda, inclusive não foi deliberada em assembleia geral, e não durou nem três dias. Ao contrário, a segunda foi deliberada pela base em assembleia geral, durou treze dias, trouxe discussões estratégicas para o movimento estudantil como a universidade popular; abriu espaços de inserção e participação da comunidade na universidade, com cineclubes e oficinas; trouxe visibilidade para o movimento – cobertura da imprensa, audiência publica na ALESP – o que pressionou a reitoria a participar de uma audiência publica no campus, e chamou a atenção do MEC para as condições precárias do campus.

5.       As derrotas sofridas pelo movimento foram duras e estão ligadas tanto a gestão da UNIFESP, quanto a equívocos do movimento. A reitoria e a diretoria acadêmica mostram aversão ao diálogo e se valem de diversas ferramentas de coerção para resolver a profunda crise institucional em que a UNIFESP está afundada. Na tentativa de barrar o movimento, o setor mais conservador dos professores, através da congregação, ameaçou os estudantes com pedidos de abertura de sindicâncias para punir os grevistas; a reitoria se valeu de uma intimação judicial que determinava o pagamento do valor de trinta mil reais por dia se o comando de greve de Guarulhos tomasse a atitude de ocupar a reitoria da Unifesp; para dar fim à segunda ocupação, a tropa de choque invadiu o campus e prendeu 46 estudantes; após o ato do dia 14 de junho a PM volta a entrar no campus e prende 26 estudantes, acusados de diversos crimes – esse caso tem a particularidade de escancarar a política repressora da gestão da UNIFESP e também as concepções errôneas do próprio movimento, que devem ser identificadas e retificadas.

6.       Essas concepções errôneas causam diversos problemas para o direcionamento adequado do movimento, começando pela composição do comando de greve, que nega qualquer tipo de representação ao se organizar exclusivamente em plenárias abertas, isso caracteriza um democratismo liberal e pequeno-burguês, que retira o dinamismo deliberativo do comando de greve. O movimento só tem a perder se for pautado em ações paralelistas e espontaneistas, que inconscientemente, ou não, fazem o jogo da direita e fortalecem a diretoria acadêmica, além de descolar o comando da base com suas concepções isoladas, apressadas e esquerdistas. Há também setores atrasados que têm como norteamento politicas conciliadoras e legalistas, tais são as concepções que a UJC terá que se opor no processo de greve em Guarulhos.


7.       A marcha pela educação em Brasília deu um passo importante na articulação do movimento nacional de greve: a formação do comando nacional. Mas, esse processo tem alguns problemas a serem identificados, o maior deles é a ausência de comandos de greve estaduais ligados ao nacional, o que acarreta no descolamento dessa ferramenta da base real das lutas nas universidades. Esse problema tem sua causa em concepções equivocadas de alguns setores do movimento estudantil.

8.       Nesse sentido, a UJC entende que o movimento de greve na UNIFESP deve se pautar em alguns eixos políticos:
                . Articulação entre os comandos de greve de campus através de um comando de greve intercampi;
                . Formação de um comando de estadual de greve, a fim de construir unidade de ação com outras federais em São Paulo;
                . Reformulação da composição do comando de greve em Guarulhos, com eleição de representantes em assembleias de curso;
                . Fortalecimento das entidades de base, a fim de construir organicidade do movimento para além da greve;
                . Resgate da pauta de reivindicações deliberada pela base como norte do movimento de greve;
                . “Fora Marcos Cézar!”, renuncia do diretor acadêmico de Guarulhos como contraposição as politicas repressoras de uso do aparato policial como forma de resolução para problemas políticos e pela paridade nos conselhos deliberativos da instituição e congregação do campus.
                

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