O
capitalismo hoje é completo, sua superação não pode acontecer por meio de
reformas , mas apenas através de uma radical transformação revolucionária
política e social. Suas relações tendem a reprimir toda organização da classe
trabalhadora. A precarização dos serviços públicos essenciais à população, a
privatização de todos os setores da sociedade, a intensificação do corpo coercitivo
do Estado, toda a opressão contra os trabalhadores tem sido a base da
formulação das diversas pautas dos movimentos de emancipação da classe
trabalhadora, sendo os estudantes importantíssimos nesse processo.

O projeto do
REUNI, implementado no governo Lula, avança a passos largos e deve ser
amplamente combatido. O REUNI é um projeto de sucateamento das universidades
federais que tem como interesse a ampliação de vagas sustentada pela
argumentação da democratização do ensino, porém não é levada em consideração a
estrutura das universidades, a qualidade de ensino, a logística, o corpo
docente, e todas as condições necessárias para a excelência acadêmica. Como
reflexo dessa política de precarização, diversas greves foram deflagradas ao
longo desses anos, desde a paralisação dos funcionários administrativos, greves
de estudantes e professores, manifestações contra o REUNI, a vitoriosa ocupação
da reitoria em Santa Maria (RS) e outras universidades, as greves de 2010 e
2012 na UNIFESP, incluindo as ocupações da reitoria e da diretoria acadêmica do
campus Guarulhos, tudo isso demonstra o grau de insatisfação em relação a essas
políticas.
A UJC
entende que o movimento estudantil universitário tem caráter diversificado, ou
seja, tem em suas bases expressões plurais e heterogêneas. Cabe aqui identificá-las,
para propor nossa visão da conjuntura.

Nas bases
governistas encontramos as forças que norteiam sua política na desmobilização
da juventude. As práticas de aparelhamento, cada vez mais vigentes entre esses
setores, têm contribuído com a falta de inserção dos estudantes nas lutas operárias,
privando-os dos debates classistas, e assim transformam o movimento estudantil
em um movimento de garrafa, parado. Além disso, tais setores se apóiam nos
partidos da ordem através de um escancarado conchavo com o modelo burguês de
universidade, cuja demanda é voltada para o mercado, tanto na produção
intelectual quanto na formação de professores.
Há também no
movimento estudantil nacional, esquerdistas infantis que fragmentam o movimento
sob o discurso pseudo-revolucionário ortodoxo. Não entendem que o movimento
estudantil e a juventude tem que exercer um papel de auxilio ideológico,
cultural e político fundamental na luta dos trabalhadores, mas que no
proletariado é que está a força transformadora da sociedade. “ É necessária a
eliminação das concepções errôneas” já firmara Mao ao criticar certas posições
dentro do partido comunista chinês, e obviamente que tais concepções devem ser
combatidas em sua raiz. Pois bem, suas práticas divisionistas sustentadas na
ortodoxia caem na desmobilização geral dos estudantes. Suas práticas de
denuncismo e boicote, que caluniam as organizações combativas, tendem a visões
movimentistas, sem estratégia definida, ou seja , baseiam sua organização
através da auto-expressão estéril e o reformismo radical isolado das bases
reais do movimento.

Além desses
setores, devemos colocar também os setores mais atrasados desse todo, os
reacionários e pós-modernos. Entendendo a disputa ideológica no seio do ME, as
forças de esquerda devem combater as concepções direitistas do movimento, concepções
que apoiam a exploração capitalista, os massacres militares imperialistas, as
chacinas de operários, as demissões em massa, concepções que se apoiam no
discurso individualista, e colocam como prioridade para o movimento a conquista
do diploma, propõem“ formas alternativas de luta, que não a greve”, propõem uma
metafísica política conivente com a precarização, mercantilização e até mesmo a
privatização das universidades . Esses setores representam uma ideia-força que
– se não for combatida pela esquerda – terá a adesão dos “analfabetos
políticos”, como frisou belamente Brecht. Os “indiferentes”, odiados pelo
camarada Antonio Gramsci, surgem, como numa pequena intentona, proferindo
opiniões apoiadas no senso-comum, que tombam vezes após vezes como numa guerra
real.
É nesse
contexto que a UJC rompe com algumas ilusões: Primeiramente, a UNE não é mais
um fórum em que os comunistas devem depositar seus esforços, a entidade -
aparelhada por setores governistas - não corresponde às demandas do movimento
estudantil, pois faz o jogo burguês da cooptação, estagna a luta estudantil, é
submissa as vontades do governo burguês dos grandes monopólios e bancos, ou
seja, é capacho das políticas de precarização da educação e privatização do
ensino, como o REUNI.
Em contrapartida, os esquerdistas criam um
paralelismo burocrático infantil, já diria Lênin, ao criar a ANEL, outra tentativa
de aparelhamento das instâncias de representatividade. Não cabe aos jovens
comunistas da UJC retomar uma entidade morta ou cair nos vícios divisionistas
de uma entidade que nasce velha. Mas, na verdade, nosso foco é a reconstrução
da estrutura do ME nacional pela base.

Por isso
entendemos que a proposta de luta estratégica pela universidade popular é a
mais coerente e democrática, pois vai além da formação intelectual crítica,
alinhando-se com as demandas proletárias ao propor a destruição das antigas
relações hierárquicas de poder na universidade e modificar a estrutura de
representatividade dos estudantes.
Nesse
sentido, devemos superar o modelo aparelhista do movimento estudantil
universitário. A UJC entende que a formação de conselhos de entidades de base (CEB)
em cada campus é passo tático firme rumo à universidade popular, pois constituirá
um novo modelo para o DCE, em que conselhos de base elejam delegados para um
conselho executivo de representantes do DCE (CR-DCE).
Na ótica da União da Juventude
Comunista e do Movimento Universidade Popular, a universidade tem um papel
central na formação e na produção de conhecimento. Deve, portanto, cumprir um
relevante papel social, sendo a essência da universidade um espaço de ampla
fluidez de idéias. A formação acadêmica e profissional não deve ser
simplesmente para a reprodução ideológica do modelo econômico, político e
social dominante, oferecendo nada além de subsídios ao mercado, mas deve, sim,
ser instrumento de formação e fomento de agentes transformadores da atual realidade, contribuindo
assim para a emancipação do pensamento humano. Ou seja, nossa luta vai além da
universidade pública, gratuita e de qualidade. Por isso, defendemos que as
demandas do ensino, da pesquisa e da extensão devem ser ditadas pelos
interesses políticos e econômicos do Proletariado.
Ousar Lutar, Ousar Vencer!
Pela Universidade Popular!
União da Juventude Comunista
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