
VERDE-NEGRO(Manuel Bandeira)
dever
de ver
tudo verde
tudo negro
verde-negro
muito verde
muito negro
ver de dia
ver de noite
verde noite
negro dia
verde-negro
verdes vós
verem eles
virem eles
virdes vós
verem todos
tudo negro
tudo verde
verde-negro

Líbia verde
Renato Queiroz Alves
O grito uníssono se propaga(nda) de forma múltipla
A reprodução múltipla do mascaramento do massacre
A grande rata precisa reproduzir sua existência
A ratazana de dentro se confunde com a ratazana de fora
Os papeis se invertem
Quem devia estar no esgoto
Sai por aí a matar e agredir
As ratazanas foram alimentadas
Com lixo e podridão
Glutonas ratazanas
Se tornaram reflexo apodrecido do que consomem
São lixo e podridão
Mas cresceram ao serem alimentadas
Com o lixo e a podridão que sai das tetas da ratona
Cresceram e se multiplicaram
E tomaram a casa
E mataram os donos
E chutaram o cachorro
E levaram embora o suprimento
Como se fossem presentes, regalos
Lindos presentes para a ratona
Pra ratona se fartar
Pra ratona se alimentar
Devorar a seiva criativa do ser
Eliminar o ser
Te se(r)parar do ser
E assim a ratona fica forte
Pra produzir em suas entranhas
O lixo e a podridão que sai das tetas da ratona
E alimentar as ratazanas de dentro
Que já são de fora também
E todo mundo gosta disso, enquanto vomita.

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