quinta-feira, 25 de outubro de 2012

TRABALHADOR NÃO VOTA EM PATRÃO! – Posição do PCB no segundo turno de Guarulhos


 
O Comitê Municipal de Guarulhos do Partido Comunista Brasileiro – PCB, levando em conta as recomendações do Comitê Central do Partido, vem a público esclarecer sua posição sobre o segundo turno das eleições em Guarulhos.

1.                 Não identificamos em nenhuma das candidaturas colocadas para o segundo turno de Guarulhos uma alternativa que ao menos acene com a possibilidade de construção do poder popular em nossa cidade, posição defendida por nosso partido em todo Brasil. Ambas as candidaturas representam setores do bloco conservador de Guarulhos, e não possuem nenhum interesse em defender projetos que atendam os interesses dos trabalhadores, como Tarifa zero nos ônibus, uma Saúde pública de qualidade, o incentivo à cultura popular, ou uma educação pública satisfatória.

2.                 Acreditamos que esses setores políticos aglutinados de um lado pela candidatura de Carlos Roberto (PSDB) que representa os interesses da burguesia mais reacionária da cidade, e por outro lado a candidatura de Sebastião Almeida (PT) sob a aliança com vários partidos empresariais e de aluguel,  não recuarão em seus projetos conservadores, nem avançarão para o atendimento dos interesses da classe trabalhadora de Guarulhos, apresentando apenas mudanças pontuais no atual projeto dominante. Sua diferença reside no fato de o PSDB apenas reprimir os trabalhadores e os que lutam por mudanças, representar a burguesia industrial e a classe média conservadora, com um viés autoritário, demagógico e neoliberal, enquanto a candidatura petista representa a continuidade de um projeto das classes burguesas dominantes, com perfil populista, preocupado em enganar e amansar os trabalhadores cooptando seus movimentos.


3.                 Reforçamos assim nossa perspectiva de que as mudanças necessárias só ocorrerão a partir da criação e manutenção de uma Frente Anticapitalista, de forma permanente e orgânica, com participação ativa e construtora de diversos movimentos sociais na cidade de Guarulhos: sindicatos, movimento estudantil, movimentos pela democratização da cultura, movimentos por moradia, além de organizações que atuem pela construção de uma nova ordem social, política e econômica alicerçada na democracia popular, na solidariedade da classe trabalhadora e na busca pelo socialismo.

5.                 Diante disso, indicamos que o PCB-Guarulhos não apoiará nenhuma das candidaturas que disputam o segundo turno das eleições para Guarulhos e indicará VOTO NULO na cidade.

Comitê Municipal do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB Guarulhos/SP

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nota política do PCB-SP sobre o segundo turno em São Paulo


A Comissão Política Regional do PCB de São Paulo, levando em conta as recomendações do Comitê Central do Partido, decide orientar a militância na cidade de São Paulo no sentido do voto nulo, pelas seguintes razões:

1) Os dois projetos em disputa representam a velha política, utilizam os mesmo métodos eleitorais, a mesma esperteza, as mesmas jogadas de marketing e as alianças espúrias. Serra representa a voz das trevas, junta em torno de si o que há de mais reacionário na política brasileira, enquanto Haddad, que se apresenta como o novo, fez aliança com Maluf, que também representa o que há de mais degradado na sociedade brasileira. Os dois partidos líderes da disputa em São Paulo governam para o capital: o PSDB se encarrega de fazer o trabalho sujo, como as privatizações, alinhamento automático com a política dos Estados Unidos, arrocho salarial, etc. enquanto o PT faz o trabalho mais sofisticado, com respaldo nas organizações de massa que ainda controla, como a reforma da previdência, o fortalecimento dos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, a transferência de recursos do Tesouro para os especuladores por conta da dívida interna.

2) Nós entendemos que a sociedade brasileira deve ultrapassar essa cultura deletéria de votar no menos ruim, como se isso fosse melhorar a vida do povo. O voto útil, que já foi prejudicial à Frente de Esquerda no primeiro turno, é um instrumento deseducativo, rebaixa a política e tende a consolidar projetos que já perderam há muito tempo o compromisso com as transformações sociais. Como as massas não completaram ainda sua experiência com o PT, continuam acreditando que esta organização ainda pode mudar algo a seu favor. Portanto, votar útil  no segundo turno é consolidar essa mistificação da política.

3) As forças de esquerda devem manter a coerência e buscar um caminho alternativo, esclarecendo a população sobre o real significado dos dois projetos, construindo junto às organizações sociais – sindicatos, movimento estudantil, movimentos sociais – uma grande frente de esquerda para além das eleições, com capacidade de colocar os trabalhadores e a população em geral em movimento, nos movimentos anti-imperialistas e anticapitalistas, de forma a abrir espaço para a construção do poder popular em todas as organizações da sociedade e da institucionalidade.


São Paulo 14 de outubro de 2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"O bicho" Poesia de Camilo



Noites escuras e prédios negros
Detritos, lixos jogados no chão
Dormem em papelões
Nas esquinas e faróis vendem-se
Corpos e mentes ao sistema

A aurora se levante, mas o dia continua cinza
Sons estridentes e ruídos insuportáveis
Maquinas estáticas se movem e rodam
Num baile macabro.

Portas e portões se abrem
Fileiras e fileiras de corpos
Vão e vem vendendo-se nos prédios esfumaçantes
O bicho não pode parar de consumir.

A noite retorna, as trevas surgem mais cinzas
A mesma solidão e porcos gritando
Batendo, Cuspindo e vomitando
O mostro sistema ataca e consome.

Camilo.




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ser militante do PCB após o resultado das eleições



imagemCrédito: PCB
Hugo Bras*
Não ganho salário, nem mesmo o aceitaria,
Estou na rua e luto por ideologia!
Tenho tarefas e reuniões todos os dias.
Vou para assembleias, atos e congressos,
Vou para sindicatos, universidades e portas de fábrica,
Vou para o campo, vou para a cidade.
Já tive que me despedir dos amigos, das namoradas e da família,
Já perdi camaradas que lado a lado comigo lutaram
Já fui preso e fui torturado!
É camarada, Não é mole não, Não é mole não.
Já até mesmo encomendaram minha morte.
Quando me deram por vencido,
Resisti e hoje me reapresento firme e forte!
Não venci essa eleição,
Sinto-me abatido,
Levanto minha cabeça e volto para minha rotina.
Quando me questionam se valeu a pena,
Eu respondo:
Nossa revolução não será feita de quatro em quatro anos ou mesmo de dois em dois anos,
Nossa revolução eu construo no dia a dia,
Pois somente de uma coisa eu tenho certeza,
Que nossos sonhos são grandes demais para a urna da burguesia!
*Hugo Bras, 19 anos, estudante da UFRJ, militante da UJC-RJ

FAZENDEIROS ATACAM ACAMPAMENTO DO MST EM PARAUAPEBAS



imagemCrédito: 100p
Na noite de ontem, dezenas de fazendeiros e pistoleiros, fortemente armados, atacaram o acampamento Frei Henri, do MST no município de Curionópolis. Muitos tiros de armas de fogo foram disparados na direção do acampamento e alguns barracos construídos no meio das roças nas proximidades do acampamento foram incendiados. A ação violenta dos fazendeiros e pistoleiros causou pânico entre as famílias no meio da noite.
O acampamento Frei Henri está localizado em terra pública federal na margem da rodovia que liga Curionópolis a Parauapebas. São 280 famílias que residem no local há 3 anos. A área onde as famílias se encontram estava ocupada ilegalmente por um fazendeiro de Parauapebas. No início da ocupação, o pecuarista ainda tentou regularizar o imóvel em nome de sua filha, mas, o programa Terra Legal negou o pedido devido ela já ser proprietária de outro imóvel em uma área de Assentamento no município.
No início da ocupação, a então juíza da Vara Agrária deferiu medida liminar em favor do fazendeiro autorizando o despejo das famílias. No entanto, tão logo o programa Terra Legal informou que o imóvel está em terra pública federal e que o mesmo não pode ser regularizado em nome da filha do fazendeiro, os advogados da CPT, que assessoram juridicamente as famílias ingressaram com pedido de revogação da liminar perante a Vara Agrária e perante o Tribunal de Justiça do Estado. Os pedidos não foram ainda decididos.
Devido à ação violenta dos fazendeiros e ameaça de ataque ao acampamento, as famílias interditaram, desde a noite de ontem, a rodovia que liga Curionópolis a Parauapebas.
Frente à situação o MST exige: que os policiais da Delegacia de Conflitos Agrários investigue a ação violenta dos fazendeiros e pistoleiros, apreendam as armas em poder do grupo criminoso e efetue a prisão dos responsáveis; Que o INCRA ingresse urgentemente com ação de retomada da terra pública federal e libere a área para que as famílias possam morar e produzir em paz; Que o Ministério Público Federal investigue o fazendeiro pela prática do crime de ocupação ilegal de terra pública.
Por fim, o MST alerta às autoridades, que fará a defesa das famílias ali residentes, não se responsabilizando pelo que poderá acontecer caso haja invasão do acampamento por parte de fazendeiros e pistoleiros.
Marabá, 10 de outubro de 2012
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá

Venezuela: Uma vitória do povo e da revolução



imagemCrédito: PCB
Venezuela: Uma vitória do povo e da revolução
(Nota Política do PCB)
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) manifesta sua alegria revolucionária e envia as mais calorosas felicitações ao comandante Hugo Chávez e a todos os militantes que contribuíram para esta vitória histórica do povo venezuelano nas últimas eleições do dia 7 de outubro. Estas eleições significaram uma derrota estratégica da direita no País, do imperialismo e dos meios de comunicação ocidentais que mantiveram uma campanha permanente de mentiras e desinformações em relação ao processo revolucionário da Venezuela e ao presidente Chávez.
A grande jornada  de 7 de outubro é também uma vitória de todos os povos da América Latina e de todos aqueles comprometidos com as causas progressistas em todo o mundo. Por mais que os Estados Unidos tenham mobilizado seu aparelho de inteligência e gasto milhões de dólares na tentativa de desestabilizar o governo bolivariano, o povo venezuelano e, especialmente os trabalhadores, deram mais uma vez uma demonstração de firmeza e determinação no rumo da construção de uma sociedade mais próspera e justa.
Desde o Brasil, o PCB espera que, a partir dessa grande vitória popular, o processo revolucionário bolivariano seja aprofundado com medidas mais firmes na direção do socialismo, com os trabalhadores passando a ter um papel cada vez mais protagonista, de forma que a revolução se consolide definitivamente.
Queremos ainda saudar a participação do Partido Comunista da Venezuela e sua aguerrida militância neste processo eleitoral, cujo resultado foi o aporte de mais de 460 mil votos, uma contribuição importante para a vitória eleitoral. Mais uma vez o Galo Rojo demonstrou sua capacidade de luta e compromisso com o processo revolucionário.
Viva o povo venezuelano!
Viva os trabalhadores!
Rio de Janeiro outubro de 2012
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM INTEGRANTES DAS FARC-EP NA MESA DE DIÁLOGO COM O GOVERNO COLOMBIANO



imagemCrédito: PCB
IMPRENSA POPULAR:
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM INTEGRANTES DAS FARC-EP NA MESA DE DIÁLOGO COM O GOVERNO COLOMBIANO
“O triunfo de um povo é o triunfo de todos”
O jornal Imprensa Popular entrevistou com exclusividade em Havana, capital de Cuba, os representantes da Equipe de Diálogo das FARC-EP Marco León Calarcá, Hermes Aguilar e Ricardo Teles, que participam dos diálogos de paz entre a insurgência e o governo colombiano. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista:
IMPRENSA POPULAR - Camaradas, é uma honra para nós do Partido Comunista Brasileiro e do jornal Imprensa Popular poder realizar essa entrevista com a Equipe de Diálogo das FARC-EP neste momento tão transcendental para a história da Colômbia e para os rumos da América Latina. Na sua opinião, o que devem fazer os internacionalistas brasileiros para colaborar na busca da almejada paz com justiça social na Colômbia?
Marco - Primeiramente, enviamos as saudações das FARC ao povo brasileiro através do Partido Comunista Brasileiro. Pensamos que a solidariedade é inerente à paz. Neste momento estamos claros de que o processo e a possibilidade de construir os caminhos para a paz são um triunfo do movimento popular - do qual fazemos parte. Assim como conseguimos abrir a porta, necessitamos ajuda para mantê-la aberta e avançar.
E não somente dos internacionalistas brasileiros, mas de todos os povos do mundo, porque inclusive pensamos que temos a necessidade de paz em todo o mundo. A paz é um direito essencial, e a única possibilidade de avançar na construção de sociedades dignas que merecem os povos, que merecemos nós, também. Porque é conhecido o nível de exploração dos povos, que é um nível de exploração ao que se somam a repressão, a violência, os assassinatos, a impunidade. Isso configura uma imagem do que foi a história da Colômbia, e é uma história que se repete. Lá os ventos de mudança são também os ventos de transformação da Nossa América. Por essa razão e importância, eu não concordo em que o processo poderia ser mais rápido, mais lento, que deva se ceder ante tal ou qual coisa.
É inquestionável que existem em nossa América algumas mudanças, algumas expectativas de que em realidade alguns governos estariam representando os interesses da população. Mas, ainda existem países onde esses ventos de mudança não sopram, enfrentam barreiras que os detêm.
E há ventos e ventos, que respondem a qualquer mudança de tempo ou posição. E os acordos com freqüência são os que explicam qualquer tipo de facilidade para essas mudanças. Não obstante acabam por ser arrumados de acordo com a história do mundo e a conjuntura atual.
IP - Qual deveria ser a postura do Brasil e da Unasul nesse momento?
Hermes - Sem dúvida, o Brasil, pelas suas dimensões e grau de desenvolvimento é muito representativo na América Latina. Pode-se dizer que em um futuro não muito distante, as decisões do Brasil serão determinantes, pois novos elementos geoestratégicos estão aparecendo no ambiente político do Continente. Através, tanto do MERCOSUL quanto da UNASUL se estão estabelecendo novas relações entre governos, povos e exércitos dos países que os integram, relações que nada têm a ver com a prepotente e dominadora doutrina Monroe que diz “América para os americanos”. Hoje tudo passa pelo Brasil. Ademais, devemos levar em conta outros organismos que têm a ver com esse processo de integração, como a CELAC, na qual se integram Cuba e toda América Latina. Esse processo começa a formar um forte movimento em nosso Continente.
Na Colômbia há, infelizmente, uma das “democracias” mais atrasadas, por não ter modificado em nada sua forma de funcionar. Nunca houve uma possibilidade de abertura, sequer na democracia burguesa.
E vejam bem.... já os EUA não conseguem impor sua dominação como antes. Basta lembrar a amarga experiência de ter que ver com seus próprios olhos a derrota contundente de seu projeto conhecido como ALCA. Mas, não deixa de tentar recuperar o terreno perdido, mediante a estratégia do "não mas sim". Quem não lembra do golpe de Estado na Venezuela?
No Haiti, lembrem uma tragédia terrível para invadir seu território com milhares de soldados, quando o que necessita o povo desse país são médicos (as), enfermeiros (as), água, comida, barracas, remédios, hospitais de campanha, ambulâncias, etc, etc, etc. Algo tem por trás dessa invasão.
Depois, a bola da vez foi Honduras: golpe de Estado. E seguindo nessa linha, temos mais recentemente o golpe de Estado no Paraguai. Por outra parte, continuam a instalar Bases Militares em nosso Continente. Há países que aceitam ceder território; outros, com atitude digna e soberana, lhe dizem: não. E não podemos esquecer que por ai anda a Quarta Frota. Fazendo o que?
Os EUA ficam nervosos quando observam o espírito soberano e de independência que têm a integração e a complementariedade de nossos países, assim como a consciência política e a luta anti-imperialista dos seus povos. E mais, ainda, estão muito preocupados, pois sabem das grandes possibilidades que América Latina unida tem para fazer excelentes planos de desenvolvimento a serem incluídos na agenda geoestratégica mundial, já que conta com as maiores reservas de recursos naturais determinantes para a sobrevivência da Humanidade. E, em todo isso, o Brasil tem uma grande missão a cumprir.
IP - E como, de fato, você  avalia a atuação do Brasil e da UNASUL nesse episódio específico de diálogos para a paz na Colômbia e ao longo dos últimos anos?
Ricardo - Aproveito a oportunidade de estar falando com os camaradas do Partido Comunista Brasileiro para enviar uma calorosa, ampla e generosa saudação aos revolucionários e ao povo do Brasil. Sentimos o calor e a solidariedade dos brasileiros através de todos esses anos de intensa luta na Colômbia, incluindo os dez últimos anos de uma guerra que foi incrementada pelo senhor Uribe Velez.
Nesse processo, recebemos a solidariedade efetiva e o calor do povo brasileiro, principalmente quando no Brasil Olivério Medina, um dos nossos dirigentes, foi detido. Foi o povo brasileiro quem impediu que fosse extraditado, sendo que os comunistas e revolucionários brasileiros tiveram um papel determinante, impedindo que nosso companheiro hoje estivesse na prisão pagando por delitos que não cometeu. Agora, sobre a UNASUL e os outros organismos que estão surgindo, é uma nova forma de fazer diplomacia na América Latina. Os EUA já não podem fazer em nosso Continente o que tradicionalmente vinham fazendo. Os organismos fundados como fantoches, a exemplo da OEA, estão nesse momento ultrapassados, e na nova diplomacia vão ganhando mais força os povos que começam a se despertar para o processo de unidade latino-americana e caribenha.
Nesse sentido a UNASUL, a ALBA, a CELAC vão jogar um papel decisivo para impedir que os EUA sigam dominando nossos países como vinham fazendo.
Existe uma questão que não é conhecida, mas nessa aproximação entre as FARC e o governo colombiano, generosamente o governo do Brasil ofereceu seu território para que se iniciassem os diálogos discretos e secretos entre as duas partes. Também, na recente crise entre Colômbia e Venezuela o governo brasileiro, assim como o cubano, teve papel determinante para evitar uma guerra. Dessa forma, acreditamos que a UNASUL tem um papel fundamental nesse momento de inicio dos diálogos.
Num futuro próximo é possível esperar que a UNASUL e o Brasil venham a fazer parte da mesa de diálogo para acompanhar o processo.
Além disso, o Brasil poderia participar de um grupo de países amigos pela paz na Colômbia, porque esse processo não afeta somente o território colombiano, é um assunto regional. O Brasil tem um papel importante para a paz no Continente.
IP - Que garantias são necessárias para que não venha a se repetir o que ocorreu com a União Patriótica e o assassinato de milhares de lutadores no passado?
Marco - A garantia necessária, a única condição indispensável para que não ocorra o que aconteceu com a União Patriótica é a vontade política da classe dominante colombiana, que abandone o esquema da doutrina da Segurança Nacional que, para a vergonha do país, é a única nação que a segue aplicando agora com o nome de Segurança Democrática, porque não existe a possibilidade real de conter os assassinos do povo.
O que existe é a pressão popular, existe a defesa popular, mas então cairemos no mesmo: para defender o caminho da paz temos que nos armar para acabar com esses grupos paramilitares que funcionam a mando das forças oficiais. Então, é um problema de vontade política, para que de verdade se olhe para o futuro da pátria construído em conjunto com as forças populares.
Do contrário seria, então, levar ao fracasso qualquer tentativa de paz. É que nós como insurgência, as FARC, somos resultado e consequência dessa violência oficial. Nós não fazemos a guerra porque gostamos da guerra, já que para nós a guerra não é um fim. Desde 1964, em um dos primeiros documentos que publicaram os marquetalianos - como chamamos os nossos fundadores - com o título de Programa Agrário dos Guerrilheiros, que afirma que somos revolucionários e buscamos a transformação pela via democrática e de massas. Mas essa porta nos foi fechada violentamente. No entanto, como somos revolucionários e temos um objetivo, tivemos que buscar outra forma de luta, a luta armada.
Mas nós desde nossa origem temos mantido erguida a bandeira da paz, que sempre foi nossa vontade - assim como é agora -, que sempre foi nossa convicção. Já o outro lado até agora não teve convicção. Esperamos que agora, com condições diferentes (me referia anteriormente aos ares de mudança no continente, à movimentação social que existe em Colômbia) para forçar a oligarquia a modificar seu método de fazer política, porque nos acusam de violentos, mas são eles que desde a época da independência utilizam o assassinato como arma política.
Em 1830 assassinaram o Marechal Antonio José de Sucre e se recordamos a história sempre recorreram à violência para tratar de calar o povo, para tratar de impedir as mudanças. Então, desse ponto de vista, existe uma força popular que veremos se consegue convencê-los a não utilizar a violência, porque se recorrem à violência então não poderemos construir a paz, já que até agora as condições que nos obrigam a estar armados não mudaram, pelo contrário, se agravam. Nós queremos solucionar essas condições e que a violência não seja aplicada contra o nosso povo, porque temos claro que a violência reacionária sempre terá como resposta a violência revolucionária.
IP - O governo Santos teria como cumprir essas garantias necessárias para o processo de paz?
Hermes - Vamos sentar à mesa para tratar dessas questões. Nos encontros exploratórios que foram feitos durante 6 meses as duas partes se sentaram à mesa para construir uma agenda de diálogos sobre o problema nacional. Isso quer dizer que haverá uma batalha, não no campo de guerra, mas em uma mesa em que o movimento guerrilheiro estará na defesa de todo povo colombiano, colocando os temas necessários para que a violência não siga. Iremos tratar nos diálogos com o governo das causas da violência e buscar caminhos para solucioná-las.
Se o governo somente tiver como objetivo submeter o movimento a uma desmobilização não iremos avançar: a única garantia para que se conquiste a paz na Colômbia é o combate às causas da violência, dando condições dignas de vida para o povo. Hoje a Colômbia é um dos países mais desiguais do planeta, com a maioria do povo vivendo na pobreza e a oligarquia nadando em enormes riquezas. Nos momentos anteriores ao diálogo o paramilitarismo chegou ao seu auge, tendo ligações diretas com políticos, latifundiários, empresários e militares, sempre tendo como pano de fundo o narcotráfico.
Cerca de 80% dos políticos colombianos têm ligação com a narcopolítica, assim como muitos oficiais das Forças Armadas, alguns tendo inclusive sido condenados nos EUA por ter ligação com o narcotráfico. Se o governo tentar repetir o que ocorreu anteriormente seria um desastre para o país, como já foi demonstrado no passado.
A guerra forjada pelo governo e pelo paramilitarismo tem sido muito cruel para o povo colombiano, que sofre com os assassinatos e desaparições de sindicalistas, camponeses, estudantes, líderes comunitários, além dos que morrem em combate por uma solução política às injustiças. O governo não tem alternativa senão a de iniciar o diálogo com a insurgência e com o povo, porque a outra via apenas aprofundará a crise. Além do mais, existe uma crise de partidos e um movimento que vem diariamente se fortalecendo, chamado Marcha Patriótica, que pode garantir a sustentação desse novo processo.
A Marcha Patriótica tem modificado profundamente o cotidiano nacional e objetiva conquistar direitos que beneficiem o povo. Este processo de diálogo deve necessariamente estar acompanhado pelo povo e suas organizações, pois é o único capaz de obrigar o Estado a fazer as mudanças urgentes. É somente o povo organizado que pode conquistar as transformações necessárias em benefício da maioria.
IP - E como está hoje a mobilização popular para pressionar o governo e exigir conquistas nos diversos aspectos relacionados com a paz?
Hermes - Neste momento existe uma grande força dos setores populares e do movimento revolucionário. Nós das FARC não somos apenas guerrilheiros. Desenvolvemos um trabalho político clandestino em diversos setores da sociedade colombiana, desde o Partido Comunista Clandestino, junto ao movimento operário, juvenil, camponês, comunitário, cultural, etc. Em cada brecha na sociedade colombiana existem revolucionários trabalhando e aportando para o processo.
Hoje vemos marchas na Colômbia que não se viam desde 1948, construídas por mais de 2 mil organizações camponesas, afrodescendentes, indígenas, sindicais, estudantis, culturais e artísticas, que chegaram a mobilizar cerca de 2 milhões de colombianos e colombianas: o movimento Marcha Patriótica. O movimento vem se organizando em nível nacional, em cada região da Colômbia, realizando marchas e mobilizações nacionais, regionais e locais, o que mostra seu intenso processo de consolidação como força política.
A juventude também tem feito um belo trabalho. Recentemente os estudantes enfrentaram uma lei que avançaria na privatização da educação superior e venceram o governo. É um momento importante, em que o povo tem mostrado às classes dominantes a sua imensa força.
IP - Para finalizar, que mensagem gostariam de enviar aos militantes do PCB e, em especial, à juventude comunista no Brasil e a outros internacionalistas?
Ricardo - Certamente por sorte vocês, por sua juventude, não haviam nascido quando aconteceu o golpe de Estado e a ditadura pavorosa que o Brasil sofreu e que logo se espalhou por todo o continente. Aí a juventude brasileira deu uma cota muito grande de sangue enfrentando a ditadura.
Atualmente a juventude brasileira também enfrenta grandes batalhas para melhorar as condições de vida de seu povo. Certamente vocês não vivem uma guerra aberta de caráter militar contra o Estado, mas existem outras formas de luta, de organização popular, desde que o Estado burguês permite esse tipo de organização sem o risco de serem assassinados. É justa a participação em qualquer atividade de tipo legal, ocupando as contradições dos grandes ou pequenos espaços existentes no estado burguês.
A juventude colombiana, ao contrário, nos últimos 60 anos nunca pôde ter um dia de paz ou de sossego, e por isso milhares de jovens se viram obrigados a empunhar as armas. Jovens que nesse momento poderiam estar na universidade, no colégio, na escola, preparando-se para as batalhas do futuro.
Nós, de longe, observamos a juventude brasileira, que se manifesta através de seu folclore, da arte, do esporte; temos visto seus cantores, seus estudantes, seus artistas. Uma juventude que tem muita criatividade, que deve aproveitar muito o tempo para o estudo, para sua formação, e colocar todo isso a serviço de seu povo, evitar a postura de caráter egoísta, o individualismo, e os valores que se perderam devido às políticas neoliberais.
Acredito que a Juventude Comunista deve ser e é exemplo de dignidade, de valores que a sociedade e o mundo necessitam hoje mais do que nunca. Nenhum de nós queremos que nenhum jovem do mundo passe por situações degradantes e acredito que a juventude está sendo chamada a construir um mundo mais digno, um mundo melhor, com trabalho, com educação, com saúde, com pleno desenvolvimento físico e espiritual do ser humano.
Esta é a nossa mensagem dos guerrilheiros colombianos para os militantes do PCB e para a juventude comunista e, através de vocês, a todo o povo brasileiro, em especial a toda a juventude trabalhadora, homens e mulheres.
Marco - Para finalizar, gostaria de dizer que é necessária a solidariedade na luta dos povos, porque o triunfo de um povo é o triunfo de todos, e a derrota de um é a derrota de todos. Assim, é importante esse processo de organização. Que em nossa voz, em nossas respostas, vá o espírito da Guerrilherada Fariana, desses milhares de guerrilheiros e guerrilheiras que continuamos lutando pela paz e cumprindo com nossa tarefa de avançar nossa revolução em benefício de todos os povos do mundo.
Hermes - Eu gostaria de saudar o militantes do PCB e da UJC, e a todos os amigos que nos tem apoiado todos esses anos, com essa solidariedade comunista, combativa, que todos devemos ter. Nós, guerrilheiros, sempre estamos atentos para que a luta no Brasil, a luta de qualquer país seja nossa luta. Essa experiência que estamos adquirindo com a mesa de diálogo e outras experiências que possam surgir, queremos compartilhar com outros países, como Brasil, com os companheiros que ousam e que combatem a cada dia procurando melhorar o país.
E no nosso coração fica a palavra de ordem:
Contra o imperialismo, pela pátria; contra a oligarquia, pelo povo: somos as FARC - Exército do Povo, até a vitória final!.
Entrevista exclusiva ao Imprensa Popular

domingo, 7 de outubro de 2012

Passa mais uma eleição; a exploração e a luta de classes continuam!



imagemCrédito: PCB
Ivan Pinheiro
Hoje é um dia que a mídia hegemônica euforicamente saudará  como uma “festa da democracia”, mais um espetáculo para iludir o povo com a impressão de que ele decide o seu destino, escolhendo representantes.
Os opressores, que fazem política cotidianamente, valorizam as eleições para passar aos oprimidos a impressão de que política é poder votar livremente num candidato, na maioria das vezes um opressor! Daqui a dois anos, chegará novamente a “hora da política”.
Este teatro - farsa, drama e comédia - não tem nada de democrático. Democracia é igualdade de condições para se travar qualquer disputa. A desigualdade está nas fortunas gastas nas campanhas, no financiamento de empresas, na corrupção, na manipulação midiática, na maquiagem demagógica de candidatos.
Os verdadeiros temas políticos e ideológicos são colocados em segundo plano, imperando a demagogia e o debate técnico sobre como resolver problemas em geral insolúveis no capitalismo.
Mas os comunistas não renunciam a lutar em qualquer terreno. Mesmo conhecendo suas desvantagens, enfrentam a burguesia em seu próprio campo, desmascarando-a, denunciando o sistema político, econômico e social.
O PCB mais uma vez enfrentou este desafio; mais uma vez, milhares de verdadeiros militantes comunistas foram às ruas, aos bairros, às escolas e aos trabalhadores, levando a mensagem do socialismo, denunciando o capitalismo, o imperialismo.
Os nossos resultados políticos foram positivos; os resultados eleitorais serão modestos, pois o PCB se recusa a participar de coligações com partidos da ordem, que poderiam nos assegurar mandatos, mas que custariam caro à nossa coerência política, ao nosso projeto de ruptura com o capital.
O PCB avançou também em seu processo de reconstrução revolucionária. Nas eleições burguesas os militantes se revelam, para o bem ou para o mal. A regra foi a militância aguerrida, a disciplina consciente, a defesa da linha política do Partido. As direções do PCB não vacilaram em anular coligações espúrias, retirar candidaturas, dissolver instâncias partidárias, expulsar os que se degeneraram. O Partido sai depurado dessas eleições.
Assim mesmo, contra a nossa vontade, ainda disputarão essas eleições alguns candidatos que, apesar de impugnados e expulsos pelo PCB, conseguiram manter a candidatura por força de decisões judiciais. Não são candidatos do PCB, mas de juízes e grupos oligárquicos locais. São produtos residuais de filiações indiscriminadas feitas antes de nossa decisão de só admitir militantes (e não apenas filiados) por recrutamento (e não por filiação). Servem de lição para redobrarmos nossa vigilância revolucionária.
Mas as eleições passam e a luta continua. Não será através delas que construiremos o socialismo, nem diminuiremos a exploração capitalista.
Vêm aí o Congresso da Unidade Classista, as lutas contra as reformas regressivas dos direitos trabalhistas e previdenciários, o trabalho entre a juventude, as mulheres, os trabalhadores e o proletariado em geral; vem aí o cotidiano da luta de classes, o exercício do internacionalismo proletário, a construção do Partido, os debates do XV Congresso.
E não podemos deixar de nos dirigir aos aliados da Frente de Esquerda, com os quais lutamos nesta batalha eleitoral. Não queremos mais meras coligações eleitorais. O PCB espera que a generosa demonstração de unidade que deu nessas eleições contribua para a construção de uma frente permanente, para a luta cotidiana contra o capital e o imperialismo, na perspectiva do socialismo.
Ivan Pinheiro
Secretário Geral do PCB
7 de outubro de 2012 – 11:00 h

PCB EXPULSA PUBLICAMENTE SEU CANDIDATO A PREFEITO EM RECIFE



imagemCrédito: PCB
Sr. Roberto Numeriano:
(7 de outubro de 2012 – 17:00 horas)
Durante sua campanha à prefeitura do Recife, pelo PCB, tivemos suficientes motivos para retirar sua candidatura e substituí-lo por outro camarada, como admite a lei.
Não o fizemos apenas para não prejudicar as importantes campanhas a vereador dos nossos camaradas Délio e Elvira, mas também em respeito ao PSOL, com o qual estamos coligados em Recife, onde tem grande possibilidade de eleger um vereador, fato que o PCB valoriza. Se optássemos pela retirada de sua candidatura, certamente adviria uma crise política na campanha da Frente de Esquerda na cidade, com repercussão nacional.
Há uma semana, a Comissão Política Nacional do PCB exigiu-lhe esclarecimentos sobre a divulgação na internet, de sua parte, de propaganda de Sérgio Leite, candidato do PT a prefeito de Paulista (PE), afrontando decisão de todas as instâncias de direção do Partido (CC, CR e CM) no sentido da retirada do PCB da coligação em torno do candidato do PT nessa cidade.
Na última sexta-feira, em debate promovido pela Rede Globo com os candidatos a prefeito de Recife, você  terminou suas declarações finais pedindo voto para um candidato a vereador em Paulista, expulso do PCB pelas citadas instâncias partidárias, exatamente por não retirar sua candidatura na coligação com aquele candidato a prefeito e por manter sua campanha graças a recurso na justiça eleitoral e não em nome do PCB.

A sua atitude neste debate é uma verdadeira traição ao PCB, que promoveu sua candidatura no pressuposto de que soubesse honrar a história do Partido e sua coerência política.
Diante do reiterado desrespeito às decisões partidárias e, agora, de uma afronta pública e premeditada ao Partido, a Comissão Política Nacional do PCB, através do presente comunicado, instaura um processo disciplinar contra Roberto Numeriano, considerando-o expulso do Partido e consequentemente desautorizando-o a falar em nome do PCB. Se for de seu interesse, poderá o punido se valer do direito de defesa, previsto na legislação eleitoral, junto ao Comitê Central do Partido, sem efeito suspensivo, conforme nosso Estatuto.
7 de outubro de 2012 (17:00 horas)
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional

Comício de encerramento da campanha de Hugo Chávez para a Presidência da Republica Bolivariana da Venezuela



Impressionantes fotos do grande comício de encerramento da campanha de Hugo Chávez para a Presidência da Republica Bolivariana da Venezuela, realizado em Caracas e sob forte chuva.
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Sete avenidas e muitas ruas transversais totalmente tomadas por povo (mais de 10 km)

Maurício e João, dois comunistas



imagemCrédito: PCB
Heitor Cesar e Paulo Schueler*
Nesta terça-feira, 2 de outubro, comemorou-se o centenário de nascimento de Maurício Grabois, completando um ciclo de lembranças iniciado com o também centenário de nascimento de João Amazonas (1º de janeiro de 1912) e os 90 anos de fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (25 de março) no corrente ano.
O PCB se orgulha de ter contado com a presença desses dois militantes comunistas entre nossos quadros até 1962. A trajetória de ambos como dirigentes do PCB, em destacadas tarefas organizativas, coincide inclusive com momento de grande penetração do Partido no seio da sociedade brasileira, num recorte histórico delimitado pela Conferência da Mantiqueira e a eleição da bancada comunista para a Assembléia Constituinte – para a qual tanto Mauricio quanto João foram eleitos deputados.
Saudamos a memória de Grabois, assim como a de Amazonas, mesmo que os dois não estivessem em nossas fileiras nos seus momentos finais. Afinal de contas, o primeiro morreu como verdadeiro e inequívoco combatente do povo brasileiro, tombando diante das forças repressivas da ditadura empresarial-militar. O segundo, falecido em 2002, lutou até seu último dia contra a política neoliberal do governo FHC. Portanto, não passou pela decepção de ver o PT e seus aliados governarem o Brasil com os mesmos fundamentos de política econômica e fiscal, reformas regressivas, privatizações. o Brasil sob a mesma orientação política.
Os personagens e a cisão de 1962
Como dirigentes com destacadas tarefas no PCB, Mauricio e João foram co-responsáveis por nossos maiores acertos – as campanhas O Petróleo é Nosso, Contra a Carestia, Contra a Proliferação de Armas Atômicas, contra o envio de tropas brasileiras à península coreana, dentre outras – quanto por nossos equívocos – como no sectarismo da linha política do PCB expressa nos dois “manifestos de agosto” (1950 e 1953) – até sua saída, em 1962.
A saída dos dois, portanto, não poderia – como não foi – por questões menores. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), assim como o próprio movimento comunista internacional, sofreu diversas cisões durante seus 90 anos. Muitas marcadas por divergências táticas, e algumas até por estratégicas.
Na esteira dos debates iniciados após a divulgação do relatório Krushev, em 18 de fevereiro de 1962, Grabois, Amazonas e um conjunto de ex-militantes do PCB funda um novo partido, o PCdoB, que procurava manter como eixo programático o stalinismo (se colocando na oposição às críticas feitas por Nikita Kruschev durante o XX Congresso do PCUS), alinhando-se ao maoísmo,e depois com a vertente albanesa de construção do socialismo.
Era um momento onde as cisões e organizações se pautavam em debates densos, divergências sérias e projetos políticos revolucionários, os dois optaram por construir no Brasil outro partido para comunistas - mesmo que equivocados, sinceros comunistas.
Na nossa avaliação, o grande equívoco dos camaradas que abandonaram o PCB em 1962 foi transpor mecanicamente a realidade chinesa para a brasileira. Apesar de todo o heroísmo e abnegação, foi um caro erro considerar que, já nos anos 60, a revolução viria do campo para a cidade, num país em que o capitalismo já apresentava claras evidências de desenvolvimento e em que a classe operária já era o sujeito revolucionário principal.
Não renegaram o marxismo, não perderam de vista a construção do socialismo. Ao contrário de outros personagens da história do PCB, como Agildo Barata e Roberto Freire, saíram do Partido mas não saíram do lado dos trabalhadores na luta de classes. Por isso merecem nosso respeito.
*Heitor Cesar e Paulo Schueler são membros do Comitê Central do PCB

Homenagem aos parlamentares do PCB cassados no Rio



imagemCrédito: lh3
O PCB e a UJC homenagearam nesta quarta-feira, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, os camaradas eleitos vereadores em 19 de janeiro de 1947. Tendo a maior bancada da casa, o PCB teve seus mandatos cassados pouco tempo depois, pois o partido foi posto na ilegalidade.
Vereadores do PCB eleitos no pleito:
- Apparício Torelly (Barão de Itararé)
- Pedro Braga,
- Agildo Barata,
- Octávio Brandão,
- Manoel Lopes Coelho Filho,
- Antônio Luciano Bacellar Couto,
- Manoel Venâncio Campos da Paz,
- Arcelina Rodrigues Mochel,
- Arlindo Antônio de Pinho,
- João Massena Melo,
- Ari Rodrigues da Costa,
- Aluízio Neiva Filho,
- Antônio Soares de Oliveira,
- Amarílio de Oliveira Vasconcelos,
- Hermes de Caíres,
- Iguatemy Ramos da Silva,
- Odila Michel Shimidt, e
- Joaquim José do Rego

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Morre hoje Eric Hobsbawm, intelectual da revolução socialista


Camaradas,

faleceu, nesta segunda, um dos mais brilhantes historiadores marxistas do século XX e do começo do século XXI. O pesquisador que tinha como objeto empírico a presença dos trabalhadores, dos revolucionários e comunistas nas suas batalhas pela revolução socialista. Hobsbawm foi seminal na batalha das ideias, não contemporizando com a ideologia burguesa e seus aportes acadêmicos. Hobsbawm também deu uma enorme contribuição ao entendimento da música quando estudou o Jazz, e seu artigo sobre a extraórdinaria Billie Holiday é comovente. Figura ímpar dos tempos atuais, morre o historiador das revoluções e do marxismo. O mundo perde uma importante arma da crítica e os trabalhadores, um intelectual orgânico.
 
Abraços,
 
Milton Pinheiro. 

Hobsbawn, no Brasil, recebe o jornal Imprensa Popular, Órgão do Partidão.

PM MATA JOVEM DA COMUNIDADE CAITITU




Ontem, dia 30 de setembro, às 7h30 da manhã, Cássio Luan, de 21 anos de idade, morador da favela da rua Caititu em Itaquera, funcionário de um escritório de advocacia, foi morto pela Polícia Militar em uma situação para lá de suspeita na rua Guaraxaim na comunidade. Cássio pertencia a uma família de participantes do coletivo Comunidades Unidas - que luta contra despejos e remoções em Itaquera-, era uma pessoa extremamente calma, arrimo de sua mãe e irmão da Paula e cunhado do Clodoaldo militantes do coletivo.


 Junto com Cássio estava outro rapaz que foi preso, mas já se encontra em liberdade... Alega a PM que Cássio fugiu e em fuga atirou nos policiais sendo baleado e vindo a falecer. Seu corpo está no IML de Artur Alvim e a família foi impedida de ver o corpo (o pai foi barrado!) e até o momento nenhum procedimento de autópsia foi realizado pelo instituto. A família e amigos estão chocados e estão se mobilizando para entrar com um advogado criminalista para que a verdade apareça.